Páginas

quinta-feira, 28 de março de 2013

Resposta ao blog Odio de Clase: Hugo Chávez, fascista ou social-democrata?


Saudações vermelhas ao blog ODC.

Já faz algum tempo que o blog Odio de Clase tem tomado posturas corretas acerca dos desvios sofridos entre os comunistas de todo o mundo. Suas publicações, críticas e comunicados conjuntos com os comunistas de todo o mundo nos entusiasma. Entre as fileiras da nossa organização sempre sugerimos aos camaradas que prestassem atenção aos comunicados publicados pelos camaradas do ODC e de outras organizações solidárias para conosco. Inclusive gostaríamos de ressaltar que o trabalho realizado pelos camaradas da Espanha, dos blogs ODC e Dazibao Rojo (ainda que haja desentendimentos entre ODC e DR) nos inspirou em tomar a iniciativa de criar o blog Grande Dazibao, e utilizá-lo como ferramenta para difundir a toda-poderosa luz do Marxismo-Leninismo-Maoísmo no Brasil e poder dar início ao processo de reorganização político-militar dos comunistas no Brasil, rompendo um silêncio de quase 40 anos.

Ainda que não tenhamos deixado muito claro em postagens anteriores, sempre concordamos com a postura combativa tomada pelo blog ODC, porém um dos últimos artigos publicados a respeito de Hugo Chávez não está de acordo com a nossa opinião. Desde que surgiu em fins de 2011, o blog Grande Dazibao tem movido uma luta contra as ilusões difundidas pelos oportunistas de esquerda, de direita e toda a ralé revisionista. As ilusões com bolivarianismo, castrismo e eleitoralismo fizeram a cabeça de muita gente no Brasil, justamente porque durante muitos anos o Brasil careceu de uma organização comunista coerente, dotada de uma filosofia coerente, que buscasse entregar o poder às massas, e não que tentasse apenas humanizar o capitalismo e com isso criar uma máscara socialista. Para o imperialismo e seus lacaios mais vale um conciliador no poder do que um levante revolucionário, como havia na Venezuela dos anos 70.

Por isso mesmo rechaçamos os desvios foquistas tão difundidos pelos partidários do revisionismo cubano, rechaçamos a conciliação social-fascista ou corporativista difundida pelos trotskistas, bolivarianos e social-radicais, que no final das contas são farinha do mesmo saco (o saco dessa farinha é o Foro de São Paulo).

Pemita-nos que digamos por que pensamos o contrário do que foi publicado no ODC.

Será que o Partido Comunista do Equador agiu errado ao dizer que Hugo Chávez e seus amigos bolivarianos, “socialistas do século XXI” são fascistas? Ou são cordeirinhos social-democratas que só querem melhorar a vida do povo dentro dos limites da democracia burguesa? Há um ditado no Brasil que diz: “de boas intenções o inferno está cheio”.

Se Hugo Chávez, como um ícone do reformismo e do pacifismo não era fascista, isto significa de forma indireta, que seu compadres, Evo Morales e Rafael Correa também não são, mesmo que estejam a reprimir a ação dos comunistas junto aos governos fascistas do Peru e do Brasil.

Quais as contribuições de Hugo Chávez senão as de tentar frear o movimento revolucionário, trazendo à luz as teses revisionistas do pacifismo, tão difundidas pelos revisionistas soviéticos a partir de 1956?

A luta contra a concepção errônea de que o socialismo pode ser alcançado de maneira pacífica se estende desde os tempos do camarada Stalin. Camaradas, no começo da década de 70, quando Salvador Allende foi eleito presidente, os comunistas brasileiros, que na época estavam organizados em torno do PCdoB, três anos antes do golpe militar, já diziam que o governo de Allende ou acabaria limitado ou seria derrubado por um golpe de estado, isso foi publicado em um artigo do jornal A Classe Operária em 1970, três anos antes do golpe perpetrado em 11 de setembro de 1973.

A difusão de teses sobre o abandono da luta armada, do abandono dos princípios marxistas, leninistas, maoístas, e da tomada de poder através da eleição (revolução cidadã) são uma espada na mão dos reacionários, que buscam de todo o modo frear o avanço da luta revolucionária, principalmente no Terceiro Mundo, como vocês mesmos sempre buscaram enfatizar. Portanto, a difusão de concepções pacifistas, e entreguistas é combustível para que o imperialismo possa continuar a utilizar fantoches que se pintam de vermelho, azul ou amarelo. Isto não é coisa de organização progressista.

Claro que dizer isso não seria o suficiente para mostrar aos camaradas que (segundo Stalin) “o fascismo e a social-democracia são irmãos gêmeos”.

A afirmação feita pelo camarada Stalin no final dos anos 20 é correta, e podemos ver que a social-democracia e o fascismo se assemelham quando defendem o corporativismo, antiimperialismo de fachada, a conciliação entre classes, o nacionalismo burguês (não confunda com patriotismo revolucionário), a demagogia, a difamação e/ou perseguição aos comunistas. Mesmo assim se isso não é o suficiente para convencer os camaradas do ODC, apresentamos alguns vídeos onde Chávez visa desmoralizar aos comunistas, mesmo tendo apoio dos revisionistas do PCV, e outro vídeo onde repete a ladainha de Kropotkin, quando diz que Josef Stalin era “burocrata”.


O seguinte vídeo, apesar da péssima qualidade de som, no final aparece bem claro a voz de Chávez dizendo: “Vamonos con Trotski”. Camaradas, como vocês mesmos sabem, Trotski não era apenas um ratinho oportunista dentro do PCUS, senão um agente fascista. Sabe-se que ao longo dos anos 30, Trotski com o apoio de Bukharin, Kamenev, Zinoviev e outros cães arrependidos tentaram destruir a construção socialista na URSS, tudo isso com apoio dos fascistas da Alemanha, Espanha, Itália e do Japão, como ficou comprovado. Trotski e seu bando não passavam de agentes do fascismo, então, dizer “vamonos con Trotski”, pelo menos a partir do ponto de vista do blog Grande Dazibao, é o mesmo que dizer “Vamonos con Hitler, Mussolini, Hirohito y Franco”.


Chávez, como ele mesmo afirmava, não era um comunista, pois dizia que o marxismo-leninismo era um “dogma” (talvez porque tanto o PCV como o Partido Bandera Roja tenham castrado o marxismo-leninismo de sua capacidade revolucionária). Chávez como ele mesmo afirmava, era um social-democrata, mesmo assim, recebia elogios de revolucionários arrependidos como Daniel Ortega e Fidel Castro.


Os comunistas do Equador erraram ao dizer que Chávez era um fascista. O termo adequado neste caso seria “social-fascista”.

Recebam nossos calorosos cumprimentos, desde o Brasil até a Espanha.

terça-feira, 26 de março de 2013

O Partido Comunista do Brasil



Recorte da edição especial do jornal A Classe Operária, janeiro de 1977.


Nem mesmo o “grito de independência” de um herdeiro da família real portuguesa em 1822 e nem um golpe militar republicano desferido em novembro de 1889 foi capaz de tirar o Brasil do atraso econômico e social, muito pelo contrário, a “República dos Estados Unidos do Brasil” manteve as velhas relações semifeudais. No campo, os antigos “barões” mantiveram o seu status de poder, com seus bandos armados, explorando cruelmente a mão de obra barata dos escravos libertados em 1888, dos imigrantes europeus, e dos próprios brasileiros, que viviam em condições de servilismo.

Os grandes fazendeiros, conhecidos como “coronéis”, devido a um antigo título dado pelo império, permitindo que os fazendeiros tivessem seu próprio bando armado, eram donos de grandes lotes de terras, obtidos através de herança, roubo e compra de camponeses pobres e médios. Tudo isso ainda continua respaldado por uma lei decretada em 1850 onde deixa claro que as terras devem ser obtidas através de contratos de compra e venda, já que antes dessa lei a terra era gratuita. Mais de 160 anos se passaram e essa lei continua intocada, assim como a existência dos “coronéis” e seus bandos armados que respaldam o semi-feudalismo no campo.

Ainda que a igreja católica tenha desempenhado um papel fundamental na dominação das massas e na manutenção do velho poder, não impediu que surgissem movimentos armados liderados por religiosos como foi o caso do Arraial de Canudos que existiu entre 1893 e 1897 quando foi destruída por uma grande ofensiva do exército, jagunços e policiais. O mais interessante é que o Arraial de Canudos liderado pelo monge Antônio “Conselheiro”, mantinha um sistema muito semelhante ao comunismo primitivo.

Outro caso também ocorreu na divisa entre os estados de Santa Catarina e Paraná entre 1912 e 1916 em uma região contestada pelos dois estados (daí origina-se o nome de Guerra do Contestado). O conflito envolveu moradores da região que foram expulsos de suas terras após a chegada da empresa madeireira Lumber Corporation e funcionários demitidos da mesma empresa. O exército brasileiro junto com os guardas da Lumber Co logo trataram de colocar um fim ao movimento liderado pelo monge José Maria, que resistiu bravamente a ofensiva militar através da guerra de guerrilhas, impondo várias derrotas as tropas governistas. O movimento só foi derrotado quando o exército passou a utilizar aviões, invento então desconhecido pelos habitantes da região.

Guerrilheiros do Contestado em 1916.
Estes conflitos deixaram claro que a rebelião se justifica que o povo unido pode enfrentar qualquer coisa e que a estratégia de combate se dá através da guerra de guerrilhas através das áreas mais remotas.

Enquanto as zonas rurais estavam imersas em combates nas zonas urbanas Don final do século XIX surgiam as primeiras fábricas na época conhecidas como “arapuca”. Acidentes de trabalho, uso de mão de obra infantil, salários baixos e desiguais entre homens e mulheres, eram comuns entre o proletariado brasileiro da época. Sem contar que a maioria dos proletários vivia em cortiços, favelas, tudo na precariedade. Não chega a ser muito diferente do que é na atualidade, talvez até pior já que as zonas urbanas aumentaram muito nos últimos 100 anos.
O surgimento do proletariado, somado às péssimas condições vida nas zonas urbanas geraram as primeiras greves, paralisações, protestos e organizações de operários, organizações anarquistas e social-democratas radicais.

Muitas dessas organizações foram fundadas por imigrantes vindos da Europa. Inicialmente tiveram bastante adesão, porque em parte visavam a resolver alguns problemas do proletariado, mas eram organizações vacilantes. Por um lado o extremo liberalismo dos anarquistas e do outro a conciliação dos social-democratas. Com o passar do tempo, essas organizações não foram capazes de apresentar soluções coerentes aos problemas do povo, e consequentemente foram sendo esvaziadas ou reprimidas pela polícia.

O eco da revolução bolchevique

Em 1917 na Rússia estourou a revolução bolchevique, ali os operários e camponeses do velho império russo sob o comando do Partido Bolchevique e de Lenin iniciaram a luta contra o poder imperial e a construção de uma ditadura dos operários. Assim, foi constituída a primeira ditadura do proletariado, espalhando medo entre os exploradores e esperança entre os povos oprimidos.

Ainda em plena guerra civil, em 1919 foi formada a IIIª Internacional Comunista, que ajudou a ecoar o estrondo da revolução na Rússia czarista. Em pouco tempo partidos comunistas foram fundados em todo o mundo, e revoluções proletárias começaram a sacudir desde o leste da Europa até a Mongólia, onde a revolução também triunfou no começo dos anos 20. Finalmente os povos de todo o mundo puderam ver a luz da revolução, que os social-democratas e imperialistas tentaram apagar.

Os primeiros anos do PCB-SBIC

Durante essa onda revolucionária no mundo e as ações das organizações proletárias no Brasil, a mídia da época inclusive chegou a reportar sobre a formação de um partido comunista no Brasil em 1919, porém, a formação oficial de um partido comunista no Brasil só ocorreu três anos mais tarde.

Os fundadores do PCB-SBIC
Compreendendo os problemas do povo brasileiro nas zonas urbanas e nas zonas rurais, alguns intelectuais formaram em março de 1922 o PCB-SBIC (Partido Comunista do Brasil - Seção Brasileira da Internacional Comunista). O surgimento de um partido comunista no Brasil foi um salto importante para a organização dos operários e camponeses, que sempre foram duramente reprimidos pelos lacaios do imperialismo.

O partido ainda tinha alguns problemas ideológicos, que se apareceriam ao longo dos anos. Um dos primeiros problemas deste partido foi a sua tentativa em participar das eleições burguesas. Porém, o período de legalização do partido comunista durou pouco tempo, apenas 3 meses, de março a junho de 1922.
Em maio de 1925 o surgiu o jornal A Classe Operária, “jornal de trabalhadores, feito por trabalhadores para os trabalhadores”. Devido a repressão policial o jornal encerrou em outubro do mesmo ano. Porém, reapareceu gloriosamente em maio de 1928 e continuou sendo voz do PCB até ser encerrado novamente pela camarilha de prestes em 1954, reaparecendo somente após a cisão em 1962.

Segunda edição do jornal A Classe Operária
Ainda nos anos 20, mais precisamente em 1927, o PCB mantendo o desvio eleitoreiro vários quadros do PCB participaram do Bloco Operário Camponês, organização legalizada que participava das eleições.

Desde a morte de Lenin, Trotski e seus seguidores passaram a atuar na divisão e tentativa de destruição do Partido Comunista da União Soviética, ferindo princípios básicos dos comunistas, não se submetendo às decisões adotadas pela maioria e formando uma ala de oposição ao PCUS dentro do próprio PCUS. A conduta anti-leninista de Trotski e de seus seguidores resultou em sua expulsão do partidos comunista e seu exílio na Sibéria e depois na Noruega.

Em vários partidos comunistas haviam elementos pequeno-burgueses simpatizantes da ala reacionária criada por Trotski, conhecida como Oposição de Esquerda.
Dentro do PCB também houve essa luta, culminando na expulsão dos trotskistas em 1928.

O PCB como vanguarda da luta de classes

Nos anos seguintes o PCB clandestino procurou traçar uma linha correta, sempre buscando fortalecer e organizar a aliança operário-camponesa na luta pela construção da ditadura do proletariado. O partido sempre esteve a par das lutas trabalhistas que ocorriam no país, e logo teria a adesão de personagens históricos do país, alguns permanentes, outros temporários. Podemos citar aqui a histórica adesão em 1931 de Luís Carlos Prestes, histórico dirigente tenentista, e um dos dirigentes da famosa coluna Prestes, que enfrentou e enfraqueceu o governo oligarca. Infelizmente Prestes que por muitos anos gozou de prestígio entre as massas tornou-se revisionista. Outros personagens importantes da história do país que aderiram ao PCB foram os escritores Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, o arquiteto Oscar Niemeyer, e o pintor Cândido Portinari.

Em menos de 15 anos o Partido Comunista se levantaria como uma vanguarda da luta de classes no Brasil.

No ano de 1935 ocorreu o histórico VIIº Congresso da Internacional Comunista, onde o grande dirigente comunista búlgaro Georgi Dimitrov lançou as diretrizes da frente unida contra a ameaça fascista, que logo foram colocadas em prática por partidos comunistas de todo o mundo.

O Brasil naquele ano estava sob o jugo de um governo que dia após dia se aproximava do nazi-fascismo, permitia a infiltração de agentes do Partido Nacional-Socialista Alemão (NSDAP) no sul, recebia dinheiro da Italia e Alemanha, e ao longo de toda a década de 30 receberia poderoso armamento da Alemanha e Itália, inclusive maquinaria para a fabricação de fuzis, dando origem à fábrica de Itajubá, atual IMBEL.

Junto com os agentes alemães do NSDAP estava Plínio Salgado, desertor da Coluna Prestes e líder do Partido Integralista, um partido de orientação fascista, conhecidos como “galinhas verdes” por causa da cor do uniforme que usavam. Na verdade esse partido não passava de um aglomerado de paspalhões que aos poucos foi esvaziado quando seus membros perceberam o erro que cometeram e aderiram à ANL.

A ANL

No início de 1935 foi criada a Aliança Nacional Libertadora, tendo como presidente de honra o Sr Luís Carlos Prestes. Tendo estabelecido a frente popular, unindo forças contra o fascismo e o imperialismo, a Aliança Nacional Libertadora chegou a contar com mais de 1 milhão de membros, criando comitês em todo o país através do trabalho legalizado. A Aliança Nacional Libertadora tinha um programa muito claro resumido em 10 reivindicações muito bem formuladas e que representavam os anseios do povo brasileiro.

Não tardou muito para que o governo apoiado pelos nazi-fascistas fechasse a ANL, o que ocorreu em meados de 1935.

A ANL manteve o seu trabalho sob a clandestinidade e o PCB que apoiava firmemente a ANL decidiu que já estava na hora de fazer uma revolução, remover o governo fascista e colocar um governo revolucionário, popular e democrático, mas, como fazer essa revolução?

A revolução no Brasil deveria se basear no modelo de guerra popular prolongada, utilizado então pelo Partido Comunista da China. Havia um grande potencial revolucionário entre as massas de camponeses do Brasil. Porém, Luís Carlos Prestes preferiu não seguir os conselhos da Internacional Comunista e traçou uma linha errônea para a tomada do poder. Ele pensava que o prestígio adquirido durante a marcha da Coluna Prestes poderia influenciar os quartéis de todo o Brasil. Então, a revolução no Brasil deveria acontecer na forma de um levante ao estilo “bonapartista”. Estava claro que essa visão errônea não conseguiria levar muito longe o levante nacional-libertador. Então, no dia 23 de novembro de 1935 o 21º BC de Natal-RN iniciaria a luta pela construção do novo poder. Após duros combates Natal foi conquistada, tornando-se sede do governo popular, foi a primeira que vez que se tentou estabelecer o poder popular no Brasil. Nos dias seguintes o 29º BC levantou-se, mas sem sucesso, e no dia 27 chefiado pelo capitão Agildo Barata o 3º RI do Rio de Janeiro levantou-se. O 3º RI ficou conhecido como o “primeiro regimento do Exército Popular do Brasil”.

No mesmo dia o governo popular revolucionário de Natal havia sido derrotado após a invasão da cidade de Natal por tropas do governo fascista.

Os remanescentes do Exército Popular foram para as zonas rurais onde iniciaram uma guerra de guerrilhas que também acabou derrotada justamente porque naquela época os comunistas e os militares rebeldes não tinham experiência e nem sabiam da capacidade de se mobilizar uma guerra de guerrilhas seguindo o modelo de guerra popular prolongada.

Apesar do erro grotesco que culminou no desmantelamento da ANL, da prisão de quadros importantes, e da traição ao PC durante os interrogatórios, foi a primeira vez que se tentou estabelecer o poder popular no Brasil, as reivindicações da ANL mostraram estarem ligadas as necessidades do povo, e por isso o povo brasileiro apoiou a Aliança e o levante de 1935, porém, a partir do erro aprendeu-se que é através da revolução é que se constrói o poder popular e para que a revolução tenha êxito e se mantenha firme na luta deve-se conduzir através de uma guerra popular prolongada e uma guerra de guerrilhas, como fizeram os “monges” no final do século  XIX e início do século XX.

A quase destruição do PC no Brasil

Após a derrota do levante de 1935, seguiu-se um período de perseguição aos comunistas e aliancistas remanescentes. Milhares de pessoas foram presas e torturadas pelo governo de Getúlio Vargas. O número de prisioneiros políticos era tanto que navios cargueiros e fábricas abandonadas foram transformados em prisões, onde julgamentos arbitrários e torturas sempre ocorriam.
Luís Carlos Prestes acabou preso em 1936 junto com outros membros do PCB. Prestes ficou 10 anos jogado em um cárcere imundo e incomunicável até ser solto pela lei de anistia de 1945.

A repressão seguiu ferrenha nos anos seguintes tanto que em 1940 o partido recebeu outro golpe: vários membros importantes foram presos entre eles Pedro Pomar, e Maurício Grabois, que um ano mais tarde fugiram da prisão.

Os golpes que o PCB sofreu entre 1935 e 1940 fizeram com que o chefe da polícia fascista de Vargas, Filinto Muller declarasse que o partido comunista estava “extinto”. Porém, para matar a ideologia comunista deve-se matar todos os oprimidos da face da terra.

Em São Paulo no ano de 1943 foi organizada a Conferência Nacional de Organização Provisória (CNOP), conhecida também como conferência da Mantiqueira, onde o partido comunista pôde ser reorganizado a nível nacional. O partido voltaria com força durante as campanhas em favor da luta dos Aliados contra o nazi-fascismo durante a 2ª Guerra.

Fortalecimento do PCB e os desvios de direita

Com o golpe militar de Eurico Dutra em 1945 o governo fascista de Getúlio Vargas foi substituído por um governo liberal ao estilo norte-americano, essa época é conhecida nos livros de história burgueses como “redemocratização”.

O general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente e exerceu seu mandato de 1946 a 1950.

O PCB foi legalizado em 1945 e pode participar das eleições, até 1947 quando o governo de Eurico Dutra, seguindo a linha da paranóia anticomunista rompe relações com a URSS e manda caçar o mandato dos deputados eleitos pelo PCB. Muito mais do que a cassação, vários quadros do PCB foram presos, torturados e assassinados pela repressão “democrática”.

Quando Brownstein, líder do Partido Comunista dos Estados Unidos lançou as teses que dariam origem ao revisionismo contemporâneo, Luís Carlos Prestes recebeu a notícia com certo entusiasmo, considerando-as como “novidades”.

A partir de então, o PCB passaria por um processo contraditório, ora passaria a preparar núcleos de um exército popular, ora buscaria alianças com Getúlio Vargas, e Juscelino Kubitscheck para tentar recuperar o registro eleitoral.

A partir de 1948 o Partido Comunista atuaria fortemente nas zonas rurais, organizando os camponeses na luta pelas suas terras. Graças ao trabalho do PCB junto às massas foram organizados os primeiros sindicatos de trabalhadores rurais, e as futuras Ligas Camponesas.

Jornal da década de 50 mostra as duas forças no conflito: de um  lado as forças policiais a mando do governo e dos latifundiários, e de outro lado, os camponeses organizados sob a luz Marxista-Leninista.
Vale destacar o trabalho desempenhado pelo PCB na cidade de Porecatu, estado do Paraná, onde foram organizadas milícias camponesas e células do exército popular, que chegaram a entrar em combate com a polícia e com os bandos armados pelos fazendeiros locais. Apesar da luta camponesa ter obtido êxito em conquistar e legalizar a posse de terras, o Partido Comunista foi abandonando a luta armada no início dos anos 50. A partir de então a linha revisionista de Prestes passaria a buscar a aproximação com o governo burguês para tentar obter legalidade.

As coisas tornaram-se piores após a realização do XXº Congresso do PCUS onde delegações de diversos partidos comunistas assistiram perplexos às acusações infundadas que Kruschov lançou contra a figura de Stalin, a marxismo-leninismo. A subida da linha oportunista de Kruschov traria problemas ao socialismo na União Soviética e a todo o movimento revolucionário. A linha oportunista defendida pelos revisionistas soviéticos passaria a se manifestar na maioria dos partidos comunistas, originando dissidências.

No PCB não foi diferente. As notícias do desastroso congresso do PCUS chegaram aos ouvidos do Partido Comunista antes da volta da delegação brasileira que estava na URSS. No início o partido tentou desmentir as acusações, porém, quando a delegação brasileira que esteve na URSS confirmou as teses revisionistas que foram lançadas pela camarilha de Kruschov.

A primeira cisão kruschovista ocorreu em 1957, quando o ex-capitão Agildo Barata e um pequeno grupo saíram do Partido Comunista. Até esse momento, a cisão ocorrida foi esporádica. Porém, a tensão estava apenas começando.

Desde 1958 o PCB estava apresentando sérios desvios de direita, baseados nas teses oportunistas de Kruschov tendo Prestes à frente. Isso ficou claro durante a “declaração de março de 1958”, e durante o V Congresso do PCB, realizado em 1960, onde Prestes e sua camarilha tentaram difamar e remover os quadros marxistas-leninistas do comitê central.

Em 1961, desobedecendo ao estatuto do Partido, formulado durante o IVº Congresso (1954), a camarilha de Prestes para poder recuperar o registro eleitoral, cria um novo estatuto para o PCB que sequer cita o marxismo-leninismo e a ditadura do proletariado (muito parecido com o atual “programa socialista para o Brasil”, do PCdoB), modificam o nome do partido para Partido Comunista Brasileiro, passando a idea de que o Partido Comunista não é uma organização internacionalista.

O PCB e o PCdoB

Reunião do PCdoB reorganizado, em 1962.
A luta interna no PCB entre marxismo-leninismo VS revisionismo ocasionaria em um rompimento, onde os marxistas-leninistas reconstruiriam o Partido Comunista do Brasil como vanguarda da luta de classes e construção do Novo Poder.

Assim, em fevereiro de 1962 reaparece o Partido Comunista do Brasil (adotando a sigla PCdoB), resgatam o jornal A Classe Operária e a visão revolucionária.

No início o partido ainda tinha alguns problemas ideológicos que ainda o assemelhavam com o PCBrasileiro de Luís Carlos Prestes.  Ainda não estava clara a luta contra o revisionismo soviético, contra o cretinismo parlamentar e contra o reformismo cubano. Ao longo dos anos 60 algumas questões seriam resolvidas e a linha política do partido ia se tornando clara e justa, porém, novos problemas iam surgindo e o PCdoB ainda herdava alguns vícios do PCB de Prestes.

Rechaçando as críticas feitas por Kruschov, publicada no jornal A Classe Operária com o título “Respondendo a Kruschov” em 1963 o Partido Comunista do Brasil aos poucos resgatava a combatividade marxista-leninista.

Aproximando-se da China e da Albânia, que na época eram baluartes da revolução proletária mundial, o PCdoB envia sua primeira delegação para China em 1963. O presidente Mao Tsé Tung recebeu pessoalmente os membros do comitê central e ainda declarou: “Vocês, são a esperança do povo do Brasil”. O próprio Mao Tsé Tung compreendia que apenas um partido comunista militarizado sob a luz da filosofia revolucionária marxista-leninista poderia levar a esperança ao nosso povo.

Em 1964 o Partido Comunista do Brasil começou a enviar seus membros para a China, onde recebiam instrução política e militar na escola militar em Shanghai. Mais uma vez, o Partido Comunista rechaçava o oportunismo de direita pacifista e iniciaria o caminho para a construção poder popular revolucionário. Outras delegações do PCdoB seriam enviadas à China em 1965 e 1966.

O Partido Comunista do Brasil continuaria a crescer e receberia mais quadros destacados. Em 1965, Diógenes Arruda, membro do CC do PCB aderiu ao PCdoB. Em 1968 um grupo de comunistas dissidentes do PCB e do PCBR da Guanabara aderiram ao PCdoB. A Ação Popular Marxista-Leninista, grupo que inicialmente era formados por jovens católicos de esquerda,  enveredou para o caminho do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé Tung e integrou-se ao PCdoB a partir  de 1973.

Dissidências revolucionárias

Em 1966, a Revolução Cultural Proletária não só estava abalando a China como também o mundo todo, principalmente o movimento comunista internacional. O caráter universal da revolução cultural estava sintetizado na Carta dos 16 pontos publicada em agosto de 1966 pelo PCCh.

Lideranças burguesas estavam sendo afastadas de todos os partidos comunistas que estavam sob a luz do pensamento Mao Tsé Tung e frações revolucionárias surgiam dia após dia ao mesmo tempo em que se preparava ou se iniciava a guerra popular em todo mundo, desde as montanhas da Colômbia até os arrozais do Camboja.

Nessa época em que o proletariado de todo o mundo estava prestes a entrar em fase de ofensiva, foi realizado no Brasil o VIª Conferência Nacional do PCdoB.

Como infelizmente o Partido havia herdado vícios burocratas e reformistas do PCB de Prestes, quer dizer, o Partido não deu devida atenção nas questões ideológicas que surgiram naquela época então o PCdoB sofreu a perda de vários membros durante a conferência realizada em 1966. Os quadros que se afastaram do PCdoB formaram dois novos partidos revolucionários: o Partido Comunista Revolucionário no nordeste e o PCdoB-Ala Vermelha atuante na região sul e sudeste.

Com uma linha correta apresentada pela “Carta dos 12 pontos” e mais tarde sintetizada no documento “estatutos e programa”, o PCR sob o comando do jovem Manoel Lisboa e do veterano Amaro Luiz de Carvalho iniciou as atividades em fins de 1966, possuía o próprio periódico, revista, e nos anos seguintes iniciou o trabalho de preparação da guerra popular, que iniciaria no nordeste. O trabalho de preparação era difícil, porque havia dois grandes problemas: a forte repressão e o medo das populações locais. Porém, o trabalho difícil ia dando seus frutos e as células de um Exército Popular estavam sendo desenvolvidas. Outro grande marco foi a criação de um serviço popular de inteligência, e a utilização da propaganda armada e ações de expropriação nas zonas urbanas.

Manoel Lisboa, líder do PCR, maoísta e combativo.


Ao longo de toda a década de 70 o Partido Comunista Revolucionário sofreu sérios golpes, principalmente depois da morte de Manoel Lisboa em 1973. O partido enfraquecido ideologicamente integrou-se ao MR-8 em 1979 e ao PT.

O PCdoB-AV por sua vez, ao romper com o PCdoB, publicou um documento onde criticava as concepções errôneas do manifesto “União dos brasileiros para livrar o país da crise da ditadura e da ameaça necolonialista” aprovado pelo CC do PCdoB durante a VIª Conferência. Vale ressaltar que anos mais tarde João Amazonas teria se declarado responsável por esse documento junto com Maurício Grabois.

Entre 1968 e 1971 o PCdoB-AV fez ações de expropriação, propaganda e luta armada através do GEN (Grupo Especial Nacional), que era o braço armado do PCdoB-AV. Os desvios foquistas quase levaram o partido a extinção, até momento em que fizeram uma autocrítica a respeito das concepções errôneas em 1974.

Guiando-se cada vez mais pelo “pensamento Mao Tsé Tung”, o partido que desde 1967 publicava o jornal “Guerra Popular”, formou um grupo de estudos das obras de Mao Tsé Tung.

A maior parte de seus membros vivia em bairros pobres, onde estavam em contato direto com a classe operária, e o partido operava nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e Ceará.

Com a pesada repressão contra a maior parte dos quadros destacados, o PCdoB-AV aderiu ao PT em 1979, partindo para desvios eleitoreiros o partido foi sendo absorvido pelo oportunismo e desapareceu em meados dos anos 80.

O caminho da luta armada e a Guerra popular no Brasil


No dia primeiro de abril de 1964 os militares derrubaram o então presidente João Goulart e criaram um governo extremamente repressivo de caráter fascista e submisso aos interesses do imperialismo.

Enquanto o Partido Comunista do Brasil preparava a resistência e rechaçava o governo militar, o partido de Prestes cruzava os braços perante os golpistas orquestrados pela CIA, Prestes inclusive declarou que eles não ficariam muito tempo no poder. Enganou-se.

Prestes teve que se exilar na União Soviética em 1969, o mesmo ano em que tropas soviéticas invadiram o território chinês, e foram rechaçados pelas tropas do Exército Popular de Libertação, mais que uma derrota militar, foi uma derrota ideológica, onde o social-imperialismo de Brezhnev foi rechaçado pelo povo chinês em plena Revolução Cultural Proletária.

Em 1968, Pedro Pomar, que era um destacado membro do comitê central escreveu o grandioso documento “Guerra popular- o caminho da luta armada no Brasil”, onde deixava claro que o Brasil necessitava de uma revolução, com base na guerra popular prolongada, deveria iniciar no interior e partir do interior poderia estabelecer o cerco à cidades médias e grandes, a guerra teria um caráter prolongado e deveriam ser construídas bases de apoio. Foi um grande avanço para o Partido Comunista ter definido uma linha correta sobre a revolução no Brasil.

Uns três anos antes de Prestes fugir para “o colo de Brezhnev”, o PCdoB enviou quadros destacados para o norte e nordeste a fim de estudarem o terreno e constituírem bases de apoio e núcleos guerrilheiros. Infelizmente os camaradas da região nordeste seriam descobertos pelos fascistas. Então, entre 1966 e 1972 pelo menos 80 camaradas foram para o norte onde formaram as Forças Guerrilheiras do Araguaia (ForGA). As FORGA operavam com 3 destacamentos (destacamentos A,B e C), possuíam hino e bandeira. O hino e bandeira ou acabaram perdidos durante a guerra popular ou foram ocultados pela atual camarilha revisionista.

A guerra popular iniciou em 12 de abril de 1972 entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins, a região também é conhecida como “Bico do Papagaio”. Durante 2 anos os guerrilheiros resistiram bravamente às campanhas de cerco aniquilamento, que no total reuniram cerca de 25 mil soldados do exército fascista (o número aumentou quando outros 10 habitantes locais aderiram às FORGA).

Um dos destacamentos mais famosos foi o destacamento B, comandado por Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, um negrão de quase 2 metros de altura, campeão de boxe pelo Vasco da Gama, ex-oficial da reserva e um dos membros da delegação brasileira que fez o curso político-militar em Shanghai. Em torno de  Osvaldão que era bem conhecido pelos habitantes da região corriam certas histórias, como por exemplo, a de que ele podia se transformar em pedra, em árvore ou em animal. De qualquer forma, Osvaldão foi um grande comandante, responsável por romper o cerco de milhares de soldados em 25 de dezembro de 1973.

Camarada Antônio e sua esposa, camarada Dina, no Araguaia.

A guerrilha operou durante 2 anos, que serviram para mostrar os erros e os avanços da condução de uma guerra popular prolongada no Brasil, pode-se dizer que foram mais êxitos do que acertos. Em um relatório feito em 1976, o camarada Ângelo Arroyo, membro da Comissão Militar, destacou que a guerrilha tinha apoio de 90% da população local, porém, não apresentou os erros a fundo como fez Pedro Pomar. O camarada Pomar destacou que o principal problema da guerrilha do Araguaia foi o desvio foquista, destacando que a guerra popular é uma guerra de massas, e deve contar com a adesão das massas mesmo em seu período inicial. Porém, ambos destacavam a importância da continuação da guerra popular prolongada a aproximação com as massas e a correção de outros problemas menores que consistiam em melhorar o preparo dos guerrilheiros, aumentar a vigilância e capturar de armas automáticas.

Infelizmente os quadros revolucionários do Comitê Central do PCdoB acabaram covardemente assassinados em dezembro de 1976 quando se reuniam em uma casa no bairro da Lapa em São Paulo. Os militares no capturaram alguns quadros antes da reunião e durante a reunião fuzilaram os remanescentes. Naquele dia morreram Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond que morreu sob tortura.

Zhou En Lai e Pedro Pomar em 1972.

Do hoxhaísmo à social-democracia

Em dezembro de 1976 João Amazonas que era membro do Comitê Central estava na Albânia, e junto com Diógenes Arruda reorganizaram o PCdoB na Albânia, onde trataram de por um fim no debate que seguia a respeito da guerrilha do Araguaia.

A dupla dogmato-revisionista: Enver Hoxha e João Amazonas.

Em 1978 ocorreu a VIIª Conferência do PCdoB, que transformaria o PCdoB revolucionário em um partido oportunista, eleitoreiro e anti-maoísta. Nos anos seguintes ficaria bem claro o ecleticismo do PCdoB e sua servidão ao dogmato sectarismo de Enver Hoxha.

Aos poucos os quadros do PCdoB iam se afastando, em 1979 ocorreu uma ruptura no PCdoB que originou o Partido Revolucionário Comunista, que logo foi engolido pelos oportunistas do PT e converteu-se em uma mera ala trotskista em meados dos anos 80.

A última vez que o PCdoB voltaria a falar em luta armada foi em 1983, de modo reservado e pouco esclarecido. É claro que João Amazonas não falaria mais em luta armada, pois na década de 80 ele estava ocupado em “derrotar” o maoísmo, “salvar o PT da ameaça trotskista” e divulgar a Albânia como sendo “o farol do socialismo”.

Quando Enver Hoxha morreu, em 1985, seu cargo foi assumido por Ramiz Alia, que havia jurado perante o cadáver de Hoxha que manteria a Albânia no rumo do socialismo. Claro que Ramiz não cumpriu o prometido, e pouco tempo depois tratou de aplicar planos políticos e econômicos semelhantes aos de Gorbachov. O “socialismo” e o Partido do Trabalho da Albânia, não se mostraram tão firmes como Hoxha apresentava, e o pior, todo o trabalho feito pelo proletariado albanês foi desmantelado pela própria direção do PTA.

Assim, João Amazonas e seus seguidores, no maior ecleticismo, passaram da negação do pensamento Mao Tsé Tung para a negação do Hoxhaísmo no final dos anos 80 e o apoio inicial ao governo de José Sarney. O que mais espanta é que em 1989, quando Deng Xiaping e a casta de antimaoístas do PCCh estavam massacrando estudantes e operários na praça de Tian An Men, o PCdoB resolveu restabelecer laços com PCCh, revisionista e contra-revolucionário, igualzinho ao PCdoB aqui no Brasil.

Porém, é na década de 90 que o PCdoB tiraria sua máscara de comunista e assumiria a diretriz social-democrata atual mesmo depois da morte de João Amazonas em 2002.

Usurpando o grandioso título de “comunista”, o partido nada mais é do que um agrupamento de social-democratas e revolucionários arrependidos e traidores, como os demais partidos que aderiram ou simpatizam com o cretinismo parlamentar.

Amazonas e Lula no começo da década de 80
A página da web publicada pelo PCdoB, o vermelho.org que recebe alguns elogios por seu discurso “antiimperialista”, não passa de um discurso vazio, principalmente porque não consideram a China como país imperialista, e porque se apóiam em governos parlamentares, que agem dentro dos limites da democracia burguesa, que como se sabe, é a base para a continuação do semi-feudalismo e semi-colonialismo. Apesar de se dizerem leninistas, fogem dos princípios mais básicos desenvolvidos por Marx e Lenin. Esquecem ou escondem a verdade dita por Lenin, de que “o combate ao imperialismo sem o combate ao oportunismo não passa de fraseologia oca”. 

O jornal A Classe Operária, que outrora era luz perante as trevas da mídia burguesa, agora não passa de um mero folheto de propaganda do governo, onde mostra proletários e camponeses felizes com suas péssimas condições de vida porque recebem um auxílio mínimo do governo. O mais ridículo é a mentira contada de que a “economia está aquecida e a felicidade do povo está em alta”. Ora, ser ingênuo é até perdoável, mas os mentirosos são dignos de ódio.

Mais absurdo do que as campanhas e as mentiras ditas a mando do governo latifundiário, é o “programa socialista para o Brasil”, que não passa de um plano de conciliação entre classes, entrega do Brasil ao imperialismo, aliança com regimes social-fascistas da Bolívia e Equador, além do apoio ao exército fascista, que segundo eles, está “comprometido em defender a democracia”.

Chega a ser irônico que o mesmo partido que publicava livros de Enver Hoxha atacando o eurocomunismo, tenha se tornado um partido tão fascista e tão oportunista como os partidos de Thorez, Togliatti, e Carillo citados no livro de Enver Hoxha, “O eurocomunismo é anticomunismo”. E pensar que esse processo ocorreu debaixo da fuça do Partido do Trabalho da Albânia.

O PCdoB que tanto atacava o oportunismo do PCB e de Carlos Prestes, nos últimos tempos está retomando a figura de Prestes, sem críticas, como se nada tivesse acontecido, como se Prestes sempre tivesse se mantido como um “revolucionário”. Talvez essa retomada tenha se dado porque o PCdoB atual, os kruschovistas e toda a ralé de oportunistas estão “falando a mesma língua” agora. Língua sem letras, apenas números cifrões. 

João Amazonas e seus capangas não traíram apenas ao comunismo, traíram o proletariado brasileiro.