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terça-feira, 24 de abril de 2012

Carta de afastamento do PCR, de Manoel Coelho Raposo.

Manoel Coelho Raposo foi um poeta, escritor e pequeno comerciante cearense. Um comunista autêntico e consequente que faleceu em Fortaleza a 10 de novembro de 2009. Em junho de 2004 afastou-se definitivamente do PCR (Partido Comunista Revolucionário). O blog Grande Dazibao disponibiliza a Carta de Afastamento do Camarada Raposo, que revela as profundas insatisfações de um revolucionário com um Partido que, usando o nome de Stálin, esconde pretensões oportunistas (com aproximações teóricos e políticas com o Hoxhaísmo). Como o próprio Raposo afirma, o PCR atual trai suas origens revolucionárias centradas nos ensinamentos e na obra de Manoel Lisboa e Amaro Luís de Carvalho. Fica um alerta aos camaradas escrita pelo punho de um homem com grande fibra moral:

 CARTA DE AFASTAMENTO



Já fazem mais de 2 anos que existem divergências minhas com algumas questões que norteiam a linha programática do PCR, fundamentalmente com a prática do Partido que se distancia da conduta que deve prevalecer em um partido revolucionário. Entretanto, jamais descumpri com o centralismo-democrático, mesmo amargando o fato de ter que levar a prática certas resoluções tiradas sem minha participação ou voto. Jamais procurei companheiros para formar frações ou grupos, apesar de não ter tido a oportunidade de, com liberdade e tempo necessário, defender minhas idéias.

De maneira oposta, todo comportamento do PCR em relação a mim, é o de contrapor ações grosseiras e contra-revolucionárias às minhas modestas intervenções no cenário político. Contra isso tenho levantado a voz e procurado fazer ver ao Partido o erro político que pratica em relação às minhas divergências, pois adotaram um comportamento aético de disputas pessoais e golpes traiçoeiros, tão comuns no PCdoB, PT e em todos os partidos burgueses.

Teoria e Prática



Na fundamentação do materialismo histórico e dialético, Karl Marx dizia que para conhecer a essência de uma época, assim como a essência de um homem, devia-se estudar a prática social deste homem e não os conceitos que este se faz de si mesmo. Desta concepção materialista, Lênin sistematizou afirmando que a prática é o único critério da verdade. Da mesma maneira, para saber se um partido é ou não revolucionário é preciso analisar a sua prática e não os adjetivos que a si mesmo se imputa. Constar o nome revolucionário em um estatuto ou programa não transforma ninguém, nem nenhuma organização, em revolucionários. Para ser revolucionário é preciso ter uma linha revolucionária que se confirma na prática, pois a prática social é a base sobre a qual se erige uma linha política revolucionária. Um dos métodos mais antigos do oportunismo, é esconder por detrás de uma fraseologia de esquerda sua prática direitista e reformista. Enfim, agitar bandeiras vermelhas para atrair incautos, principalmente jovens, é confundi-los numa prática que, ao fim e ao cabo, é contrária às suas aspirações.
Esta é a conclusão inevitável da análise materialista que faço da prática do PCR. Sua direção procura, inutilmente, ocultar o oportunismo com palavras de ordem radicais de ?Viva a Revolução Socialista?. Falam em Revolução Socialista e apóiam os Pinheiros e Lulas nas eleições; falam que são a ?Vanguarda? e o ?Estado-Maior? do proletariado e tem uma relação promíscua de alianças com trotsquistas e revisionistas, atuando muitas vezes a reboque do PCdoB e do PT. Transformam a atuação no movimento de massas na briga sem princípios por cargos e estruturas. E aí vale tudo para se conseguir um diretorzinho da UNE, vale até mesmo estar na mesma chapa do PCdoB, MR-8 e PMDB! A defesa do camarada Stálin não passa de verniz para ocultar a velha prática, mas com o tempo, mesmo o verniz se desgasta e até no discurso o direitismo fica exposto, como ficou claro no entusiasmo da direção do PCR com a vitória de Lula nas eleições.

2) O eleitoralismo e o entusiasmo com a vitória do PT

Há muito tempo a prática do PCR tem sido eleitoreira. Por mais que a direção negue esta verdade. Dizem que devemos participar porque é um momento de atividade política das massas, e que, portanto, não devemos nos abster. Nunca propus nos abster. Nunca propus abster-nos do debate político, e sim participar ativamente do processo eleitoral para denunciar esta farsa burguesa pseudo-democrática. O que vemos na prática tem sido a condução de aliados para o parlamento burguês e a difusão entre as massas de que as eleições possam transformar a sociedade e a vida do povo.
Esta atitude oportunista ficou ainda mais evidente nas últimas eleições presidenciais. Foi deveras constrangedor para mim, ouvir um proeminente dirigente do PCR, após a vitória de Lula, afirmar que esta foi uma demonstração do alto nível de consciência política do povo brasileiro. Na realidade, o que aconteceu, foi uma dramática demonstração de misticismo do povo na sua desesperada luta em busca de um salvador.

3) O cupulismo e o abandono do trabalho de base

Como conseqüência do eleitoralismo surge a prática deformadora do PCR nos movimentos de massa, restringindo a sua ação à disputa de cargos de direção nas organizações sindicais e estudantis. Esta prática cupulista conduziu o PCR a abandonar o trabalho de base. Nos movimentos estudantis relegou-se a segundo plano a aproximação do Partido nos centros acadêmicos; no movimento sindical, o desprezo pela formação dos conselhos de fábrica e de locais de trabalho, etc. Esta prática, deveras carreirista, muito se assemelha às do PCdoB, PT, PFL, PMDB, PSDB, etc.

4) O movimento camponês e a hegemonia do proletariado

O PCR, em seu programa, defende a revolução brasileira, isto é, a revolução socialista, cuja hegemonia pertence ao proletariado. Estou de pleno acordo; apenas destaco, que entre a linha programática e a prática existe uma enorme distância. Falar simplesmente da hegemonia do proletariado na revolução socialista é falar o óbvio. A hegemonia do processo revolucionário no Brasil terá que ser do proletariado independentemente da vontade do PCR. O grande problema para a realização da revolução socialista é exatamente o de como construir e consolidar esta hegemonia. Como se dará esta hegemonia foge à compreensão do PCR, em conseqüência de sua falta de visão política da realidade brasileira.
O Brasil é um país continental, com um capitalismo relativamente desenvolvido, implantado principalmente nas cidades. Todo o sistema administrativo da burguesia está estruturado nas cidades. Além desse fator, a principal parte do aparato repressivo do Estado é montado pela burguesia nos centros urbanos: polícias, exército, aeronáutica, marinha e serviços de informação. As cidades são portanto, onde o poder repressor da burguesia se encontra mais fortalecido.
O fato de ser o proletariado a hegemonia da revolução brasileira e da construção socialista, não significa que os grandes confrontos se dêem primeiramente nas cidades. Os confrontos iniciais da revolução se darão, necessariamente no campo, porque é aí que o poder da burguesia é mais fraco. Isso significa que o problema da revolução socialista e da hegemonia do proletariado no Brasil, passa primeiramente pela solução da questão da aliança operário-camponesa. Mas como será possível ganhar os camponeses para a revolução? Somente apresentando um programa que contemple suas reivindicações e mobilizando-os para uma revolução agrária que destrua o latifúndio.
Levantar a bandeira por reforma agrária medida absolutamente burguesa e não por uma revolução agrária, é reforçar o jogo da burguesia, é reforçar a burguesia no campo, é atrasar a revolução agrária, consequentemente, atrasar a transformação da sociedade brasileira rumo à construção do socialismo.
A hegemonia do proletariado se dará fazendo-se com que a classe operária produza quadros conscientes, que estes se desloquem para o campo e assumam a liderança dos camponeses. Será, portanto, desta maneira, que se firmará, na prática, a aliança operário-camponesa. Como afirmou o camarada Manoel Lisboa em sua Carta de 12 pontos: Por isso que o Partido da Classe Operária deve elaborar sua estratégica e aplicá-lo onde se reflete de modo mais agudo a contradição principal. Aí se desenvolver, com profundidade, a Aliança Operário-Camponesa, através do deslocamento para o campo dos elementos mais avançados da classe operária, dos intelectuais e estudantes com ideologia do proletariado, para criar a base de apoio rural.?
Dentro dessa perspectiva não nego, nem poderia fazê-lo, a necessidade dos movimentos de massa nas cidades, sem os quais tornar-se-ia impossível a revolução socialista.

5) IIIª Guerra Mundial

Minhas concepções sobre a inevitabilidade da IIIª Guerra Mundial, inevitabilidade defendida pelo PCR e por quase todos os PC?s do mundo, tem sido distorcidas ou mal interpretadas. Defendo que após a II Guerra, na impossibilidade de o imperialismo desencadear a IIIª Guerra Mundial, em virtude do surgimento do Campo Socialista, das lutas de libertação nacional dos povos da Ásia, África e América Latina, e da bipolaridade atômica, as diversas nações imperialistas (7 Grandes mais a Rússia) viram-se na contingência de buscarem uma nova conformação econômica. Surge a maior corrida dos vários monopólios de diferentes países buscando a ampliação das fusões de seus capitais, o que transformou a contradição interimperialista em uma contradição potências imperialistas versus nações subdesenvolvidas e em desenvolvimento, a nível mundial, na principal contradição do mundo hoje. O chamado ?neoliberalismo? procura fazer com que as nações oprimidas voltem a ser novamente meras fornecedoras de matérias-primas. Nesse intuito se unificaram as velhas potências imperialistas. Mas o imperialismo precisa das guerras para sobreviver, portanto semeia guerras de rapina por todo o globo. Cabe aos povos do mundo contrapor à guerra injusta de dominação, a sua guerra justa de libertação. É dentro desta linha de raciocínio que ouso contestar a tese da inevitabilidade da IIIª Guerra Mundial entre as 7 grandes nações imperialistas, mais a Rússia.
Ademais, faço eco com a concepção marxista de que o processo de libertação das nações subdesenvolvidas e em desenvolvimento rumo a construção do socialismo, provocará, inevitavelmente, a convulsão social dentro das próprias nações imperialistas. Cada país oprimido que se libertar da dominação imperialista, reduzirá o mercado de consumo desta nação imperialista, levando-a às crises de recessão e desemprego, abrindo-se a perspectiva de convulsões sociais internas.

6) Quem será a vanguarda do proletariado brasileiro?

No artigo 1º do estatuto do PCR sua direção afirma ser a Vanguarda e o Estado-Maior do proletariado?. Por coincidência esta mesma afirmação é feita pelo PCdoB, PCB e PCML, sem falar dos muitos grupos trotsquistas. Mas quem será, então, a vanguarda de nosso proletariado? Como resolver tal questão? Afirmar isso em um estatuto é a maneira mais pedante, simplista e menos séria de resolver o principal problema da revolução brasileira, isto é, da construção da vanguarda comunista. Só a luta de classes definirá quem é a vanguarda do proletariado, só a prática definirá que organização estará a altura de cumprir tão importante tarefa. Será a vanguarda, o Partido que desencadear e conduzir a revolução e a construção do socialismo no Brasil.
A maneira academicista de resolver a principal questão da revolução brasileira é também uma prática oportunista; há que lutar todos os dias para ser a vanguarda; dar como resolvido este problema é desarmar a militância, é dar status indevido aos dirigentes. É fácil compreender que hoje no Brasil estão maduras as condições objetivas da revolução; miséria, fome e desemprego para o povo e cada vez mais dificuldade para as classes dominantes continuarem governando; o que falta são justamente, as condições subjetivas, fundamentalmente, um verdadeiro Partido Comunista, organizado e capaz de guiar as massas para a revolução.
Se o PCR é a vanguarda do proletariado, estaria resolvido o problema das condições subjetivas da revolução. Resta a pergunta: o que o PCR está esperando para desencadear a revolução em nosso país? A resposta é óbvia, o PCR não pode autoproclamar-se de A Vanguarda. No máximo poderia dizer: somos uma força revolucionária em luta para nos transformar na Vanguarda do proletariado no Processo da Revolução Brasileira.
É preciso pensar seriamente nisto; os verdadeiros revolucionários tem que se preparar muito para estarem a altura de dirigir a gloriosa classe operária brasileira. É necessário forjar um Partido Comunista como o Partido Bolchevique, composto por quadros altamente disciplinados, teoricamente capazes, decididos e dispostos a enfrentar todas as peripécias da revolução. Um Partido, como definiu Lênin, construído para a conquista do poder, que não tenha ilusões reformistas, nem aceite as migalhas da burguesia. Um partido de conjurados sem a mínima ilusão com a legalidade e a liberdade oferecidas pela burguesia. O próprio programa do PCR em sua pág. 85, citando Lênin, em o ?O que fazer?? diz: ?Dei-nos uma organização de revolucionários e revolucionaremos o mundo (sic) [a Rússia]?. E na pág. 84 também citando Lênin em ?O que fazer??: ?Necessariamente esta organização não deve ser muito extensa, e é preciso que seja o mais clandestina possível.? Este não é o comportamento do PCR.


Concluo, dirigindo-me particularmente aos camaradas do PCR. A despedida que faço desta CARTA DE AFASTAMENTO, jamais se caracterizará como rompimento com a luta que travo pela construção do socialismo em nossa Pátria. As divergências políticas, teóricas e ideológicas que nos separam, podem preparar o caminho de nosso reencontro, mais tarde, através da agudeza da luta revolucionária dos operários e dos camponeses em particular, dos índios, dos estudantes e do povo brasileiro em geral, na formação de uma grande Frente Revolucionária de Libertação dos Trabalhadores Brasileiros do jugo do capitalismo.
Estou consciente que a minha idade avançada e minhas deficiências físicas, não me permitirão uma existência longa. Entretanto, antes que o meu corpo tombe, espero deixar vivo o meu pensamento político, e, se o tempo confirmar a justeza de minhas teses, encontrar-nos-emos no abraço da luta difícil, porém gloriosa, a luta pela construção do socialismo, superando e destruindo a odiosa era da exploração do homem pelo homem.
Devo proclamar, através desta carta, a minha admiração pelos camaradas jovens do PCR, jovens cheios de entusiasmo e de desprendimento revolucionário. Ao lerem esta carta, tenho certeza autosubmeter-se-ão à profundos momentos de meditação que os levarão a busca crítica e da autocrítica do PCR, no que tange a prática oportunista que desenvolve, e, fundamentalmente, compreenderão a causa que gerou o meu pedido de afastamento.
Daqui para frente pretendo aprofundar os meus conhecimentos teóricos, e, movendo-me dentro de uma prática verdadeiramente revolucionária, sentir-me-ei mais a vontade e mais seguro para concluir os livros que venho anunciando.
Pessoalmente, dentro das condições que me forem possíveis, compartilharei, sempre que for procurado, ao lado dos companheiros em seus momentos de dúvida e busca de soluções para os intrincados caminhos da REVOLUÇÃO SOCIALISTA EM NOSSA PÁTRIA.
Nesta carta, não me proponho aprofundar o caráter da revolução brasileira, muito menos no que diz respeito as questões táticas e estratégicas que envolve a Aliança Operário Camponesa. Dada a complexidade do assunto, reservo-me a fazê-lo noutra oportunidade.
Também não me jugo dono absoluto da verdade. Daí porque submeto as teses que apresento nesta CARTA DE AFASTAMENTO, ao debate de todos os comunistas honestos e preocupados com a construção do socialismo no Brasil.

Fortaleza, Junho de 2004

Manoel Coelho Raposo


Permissão:

Permito aos Partidos, Movimentos Comunistas e aos Militantes de esquerda, a publicação desta carta, desde que seja feita rigorosamente na íntegra.

O autor.

Camarada Manoel Coelho Raposo, presente!

O beco sem saída do Bolivarianismo


Bolívar é essencialmente um mito. Um desses mitos fundadores de identidades nacionais. Para muitas nações sul-americanas, ele é tido como o “libertador”. Marx, em suas diatribes iconoclastas (advindas do instinto de que nenhum herói é alçado acima das massas como agente histórico sem uma enorme carga de mistificação) , já havia desmascarado a farsa. Em seu ensaio sobre Simón Bolívar, o mouro retrata o comandante liberal como um sujeito covarde, ambíguo e ambicioso que tentou capitalizar os esforços guerreiros de outros para erguer sua glória pessoal.
Não parece realmente nada surpreendente que outro caudilho oportunista de nome Hugo Chávez tenha ressuscitado Bolívar no discurso político da América do Sul. Hugo Chávez e o movimento continental bolivariano permanece em nosso espectro político como uma farsa que esconde outros interesses, mais funestos e inescrupulosos.
Chávez surgiu no cenário político venezuelano na esteira do chamado “Movimiento Bolivariano Revolucionario -200”. O MBR-200 surgiu na década de 1980 entre oficiais do exército, visando dar continuidade a tradição militar putchista que tanto se repetiu gerando tragédias singulares na política da Venezuela ao longo do século XX. O MBR-200 era essencialmente marcada por um forte apelo nacionalista e pela defesa de uma série de bandeiras liberais. A política bolivariana não visava atacar o Estado Burguês, não visava destruí-lo. Pelo contrário. Guardava imensa fé nos princípios liberais da constituição venezuelana , que eles acreditavam, estavam sendo esquecidos pelos políticos no poder. Nunca, em momento algum, o bolivarianismo abandonou sua visão negativa acerca do comunismo. Chávez foi ( e é) defensor de uma terceira via, a meia distância do capitalismo liberal e do comunismo. Na Venezuela, devido a forte dependência em relação ao petróleo, esta terceira via se concretizaria pela concentração do poder nas mãos do executivo em vistas de implantar reformas . O grande herói de Chávez, além do velho farsante da libertação colonial, era o general peruano Velasco Alvarado, a quem ele chegou a conhecer e a lançar torrentes de elogios e aprovação. Alvarado havia imposto ao Peru, uma política tipicamente bonapartista. Assim, como Alvarado, Chávez acreditava ( e ainda acredita) na primazia política do Exército na direção de uma política progressista essencialmente reformista, e fundamentalmente anti-comunista. A política bonapartista dos caudilhos latino-americanos sempre tiveram um mesmo objetivo: evitar o “flagelo” do comunismo.
Chávez reiterou esta ideologia diversas vezes: a defesa de uma negociação entre classes antagônicas, forçada por um governo militar , levado a frente por uma figura carismática e centrada no nacionalismo e reformismo. Isto é o bolivarianismo, a que, a partir de 2005 passou a se auto-denominar “Socialismo do século XXI” (qualquer semelhança com o fascismo europeu não é mera coincidência).


Hugo Chávez e seu mais fiel sócio
Sem dúvidas, o bolivarianismo venceu na Venezuela a reboque da insatisfação popular gerada contra as políticas neo-liberais fracassadas que se implantaram na Venezuela no início no final dos anos 80 e início dos anos 90. Após o fracassado putsch e a respectiva prisão, Chávez se volta para a velha política eleitoreira, até que consegue sua eleição ao Comitê Executivo da burguesia em 1998.
O desastre do neo-liberalismo em uma região com tamanha tensão entre as classes como a América do Sul , com tão altos níveis de desigualdades sociais, com tão ampla tradição autoritária e populista e com um imenso vazio na política revolucionária provocado por décadas de matanças de revolucionários comunistas, levou a este interessante fenômeno de ressurgimento de políticas nacionalistas e demagógicas . Exemplos disto se repetiram na Bolívia com a ascensão de Evo Morales, no Equador com Rafael Correa, na Argentina dos Kirchner e no Brasil e seu famigerado PT.
Porém, este novo populismo tem limites claros. Está , por assim dizer, cavando sua própria cova. O bolivarianismo encontra-se em um beco sem saída. Na Venezuela, após alimentar novos setores burgueses privilegiados que lucram criminosamente com o Petróleo, o governo bolivariano vem demonstrando sua impotência em solucionar as contradições do sistema em seus próprios termos. Cada vez mais, se aproxima de posições mais conservadoras , criminalizando os movimentos populares autônomos, controlando os sindicatos. O reformismo em uma instância, é uma ilusão alimentada por aqueles que pensam que podem simplesmente frear a luta revolucionária dos povos. Este mesmo fenômeno, plenamente compreensível dentro da dialética materialista, pode ser observado igualmente na Bolívia e no Equador. A esquerda que se prende ao espetáculo fajuto do bolivarianismo se prende a um mito político montado em um ambiente político em que os revolucionários são intencionalmente isolados das massas, para que assim a inércia seja dominante e um projeto de poder criminoso se estabeleça.
Não há qualquer forma de socialismo na Venezuela. O poder não é dos proletários, mas sim de Chávez e das forças armadas, e fundado nos lucros petrolíferos. A esquerda permanece alijada do poder ou submetida aos bolivarianos. O bonapartismo pseudo-socialista tem contribuído para reduzir a luta de classes a uma retórica vazia baseada em mitos que enganam incautos em várias partes do mundo.
A luta revolucionária comunista necessariamente deverá surgir das ruínas deste “Socialismo do século XXI”. E este processo inevitável de deterioração da farsa já está em andamento. O século XXI será comunista.

sábado, 21 de abril de 2012

Operação Sol Rojo


Recentemente, o governo fascista pseudo-progressista do Equador liderado por Rafael Correa lançou uma campanha de perseguição aos comunistas intitulada de “operación sol rojo”, o nome foi colocado como uma forma de intimidar os camaradas do Partido Comunista do Equador-Sol Rojo, que com fé total nas massas operárias e camponesas do equador, desmascaram o pseudo-progressismo de um governo que visa a manter as bases da carcomida burocracia burguesa.




Com o descontentamento perante a forte demagogia do governo reacionário de Correa, as pessoas procuram alternativas combativas, que realmente tragam mudanças para o heróico povo do equador. Como Lenin nos ensinou, “o partido comunista é a máxima organização do proletariado”, o Partido Comunista do Equador-Sol Rojo serve como vanguarda combativa do povo equatoriano.



Segundo as mentiras perpetradas pelo governo de Rafael Correa, a investida seria para impedir o “terrorismo” e a “subversão”, quando na verdade essa investida serve para tentar intimidar os elementos progressistas do Equador e servir de escora ao podre e carcomido capitalismo burocrático equatoriano ao mesmo tempo em que segundo o próprio PCE-SR informa, o partido cresce vertiginosamente e está se preparando para a guerra popular.


Nós, comunistas brasileiros, nunca alimentamos qualquer ilusão em relação ao governo  de “Alianza Paíz”, e inclusive já foi postado um texto neste blog desmascarando o “progressismo” dos bolivarianistas da Venezuela, Equador e Bolívia. Nós, comunistas brasileiros, nos solidarizamos para com os camaradas do Equador, e dizemos em uma só voz:

VIVA O PARTIDO COMUNISTA DO EQUADOR-SOL ROJO!

VIVA O MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO!

ABAIXO AO GOVERNO PSEUDO-PROGRESSISTA  DE RAFAEL CORREA!

ELEIÇÃO É FARSA! VIVA A GUERRA POPULAR!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Uma amistosa visita a Kampuchea Democrática

Em razão da comemoração dos 37 anos da libertação do Camboja comandada pelo Partido Comunista da Kampuchea  que se deu no dia 17 de abril de 1975, postamos um texto que fala a respeito da vida e da reconstrução na Kampuchea Democrática (atual Reino "fascista" do Camboja).
O texto a seguir foi publicado originalmente pela delegação da imprensa vietnamita ao retornar de uma viagem amistosa à Kampuchea Democrática em 1976. Como se sabe, o governo kampucheano buscou manter a amizade revolucionária com os vietnamitas, porém, estes se desviaram a passaram a atacar o povo irmão da Kampuchea.


UMA AMISTOSA VISITA A KAMPUCHEA DEMOCRÁTICA






"Em nossa Kampuchea hoje em todos os lugares há reconstrução. . . "

Este foi o tema de uma dança realizada pelo Grupo Popular de Música e Dança em homenagem à Imprensa vietnamita e a delegação de televisão que recentemente fizeram uma visita amistosa à Kampuchea Democrática.

Durante nossa viagem, que abrangeu quase 1.000 quilômetros da terra na Kampuchea, vimos grandes mudanças em curso em todo o país.

Ao longo da estrada nacional, além de tradicionais casas-de-palafitas, casas novas do mesmo tamanho e design surgiram. Estas são casas fornecidas gratuitamente aos antigos habitantes da cidade que haviam retornado para o interior para participar da produção agrícola. Grupos de pessoas, algumas delas de várias centenas, propuseram-se a fazer trabalhos de irrigação ou trabalho nos arrozais.
"Não há, e não pode haver, não há lugar para ociosos no território da Kampuchea atualmente” disse-nos um grupo local.


Kampucheanos costumam dizer: "Onde há água, há arroz". É por isso que, ao mesmo tempo com replanejamento das lavouras, transformando pequenos lotes de terra em campos em torno de um hectare cada, as pessoas estão se esforçando para realizar uma política de conservação da água. Este plano para a construção de uma rede de canais de irrigação e canais para as planícies para garantir água para um milhão e meio de hectares foi até agora cumprido em um terço. Graças a conservação da água, em Speu Barai, Tangsakang, Rohan, Soaidonkeo e outras áreas de plantio de arroz já se desenvolveu o duplo cultivo nos campos. Em outros lugares que passamos, todos os lugares que passamos vimos redes de irrigação recém-construídos que dividem os campos de arroz em quadrados regulares.



O progresso  nacional de reabilitação das pessoas na  Kampuchea pode ser visto em muitos outros campos. Quase todos os estabelecimentos de produção industrial foram restauradas e um grande número deles já estão produzindo bens. Em 1976, as exportações de borracha da Kampuchea são estimadas em 20.000 toneladas. Artesanato e outros comércios de  aprovisionamento trabalham diretamente para as necessidades do povo, como os têxteis, toalhas, mosquiteiros, molho de soja, molho de peixe, etc, foram restaurados. Agora, além disso, cada fazenda cooperativa tem sua própria estação médica.



Na fraterna terra de Kampuchea, fomos capazes não só de sentir uma atmosfera de entusiasmo entre as pessoas que trabalham para ver suas muitas realizações, mas também para apreciar a estreita amizade entre Kampuchea e Vietnã. Sempre fomos, fomos recebidos e tratados como membros queridos de uma mesma família pelo povo e quadros.

Texto: Phan Hien

Fotografias: Van Bao

( Delegação vietnamita de jornal e televisão na volta de uma uma amistosa visita à Kampuchea Democrática)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

12 de abril de 1972, o início da luta heróica.

"Guerrilheiro nada teme, jamais se abate, afronta a bala a servir. Ama a vida, despreza a morte e vai ao encontro do porvir".

Os antecedentes da formação da guerrilha

 Bandeira do tempo em que o PCdoB era um partido comunista, revolucionário guiado sob a correta linha do marxismo-leninismo e do "pensamento Mao Tsé Tung".
Ha 40 anos atrás, exatamente em 12 de abril de 1972 inciava-se a guerra popular no Araguaia, comandada pelas Forças Guerrilheiras do Araguaia, o braço armado do Partido Comunista do Brasil.
A correta linha revolucionária adotada pelo Partido Comunista do Brasil a partir de 1962, quando expulsou a camarilha revisionista de Luís Carlos Prestes, fez com que fosse formado um partido comunista militarizado sob a luz do então “pensamento Mao Tsé Tung”, que na época já mostrava a sua universalidade.
Em 1963 alguns militantes do PCdoB foram enviados à China para receberem treinamento militar. Em Shanghai havia uma escola militar para onde eram enviados militantes de vários partidos comunistas a fim de receberem instrução militar em um curso que durava 6 meses. Entre esses enviados à China, estavam Amaro Luís de Carvalho (um dos fundadores do PCR) e Osvaldo Orlando da Costa (comandante Osvaldão), que em 1966 seria enviado ao Araguaia com a finalidade de mapear a área e criar vínculos com as massas.


Delegação do Partido Comunista de Honduras e do Partido Comunista do Brasil reunidos com o presidente Mao em 1961.





Cisões em 1966
Ainda em 1966, ocorreriam cisões dentro do PCdoB, que dariam origem ao Partido Comunista Revolucionário e ao Partido Comunista do Brasil-Fração Vermelha.
A área escolhida para montar o núcleo de um exército popular guerrilheiro seria na região norte, em uma região conhecida como “bico do papagaio”, que ficava na divisa entre o sul do Pará e Maranhão e ao note de Goiás (atual estado do Tocantins). 
Essa escolha gerou problemas entre membros de dentro do PCdoB que apoiavam o desencadeamento da guerra popular no nordeste, isso somado à alguns desvios herdados do antigo PCB fizeram com que houvesse uma ruptura interna que daria origem ao Partido Comunista Revolucionário, organizado pelos camaradas Manoel Lisboa e Amaro Luís de Carvalho, conhecido como “Capivara”.
Apesar de o PCR ter uma linha política um pouco mais avançada que a do PCdoB, o partido não conseguiu mover uma luta tão grande quanto a do PCdoB no Araguaia.

As Forças Guerrilheiras do Araguaia
 
Destacamento das Forças Guerrilheiras do Araguaia.
Forças Guerrilheiras do Araguaia, assim se chamava o braço armado do PCdoB na região, tinha entre 80 e 100 guerrilheiros, possuía estatuto, bandeira e hino. Estava dividida em três destacamentos: A,B, e C. Além disso, gozava do apoio de 90% das massas da região, bem diferente do que a mídia burguesa informa sobre uma possível “falta de apoio das massas para dar continuidade na luta”.
Desde o final dos anos 60 e começo dos anos 70 os serviços de informação do exército fascista já tinham conhecimento da existência de uma guerrilha nessa região, porém, o exército reacionário só iniciou a campanha de contra-guerrilha no começo dos anos 70, mais exatamente em 12 de abril de 1972, como está escrito no diário de Maurício Grabois, antigo membro da Comissão Militar, e morto pelos militares fascistas em 1973:
"30/4 – Começou a Guerra Popular a 12/4. O inimigo, possivelmente informado por alguma denúncia, atacou de surpresa o Peazão (na Faveira, na beira do Araguaia) entre as 15 e as 16 horas daquele dia. Avisado com poucas horas de antecedência, pela massa, o Destacamento "A" retirou-se organizadamente para a mata. O Grupamento daquele Destacamento, que estava sediado no Peazão, dada a superioridade do adversário, não ofereceu combate, mas salvou seus efetivos, seu armamento e diversos materiais."
Apesar da resistência guerrilheira ter durado apenas 3 anos, dá para perceber de forma correta a afirmação feita pelo presidente Mao: “OS IMPERIALISTAS SÃO TIGRES DE PAPEL”. O exército brasileiro lançou três camapanhas para a destruir a resistência, mobilizando um total de 25 mil soldados em uma luta contra pouco menos de 100 guerrilheiros.

Destacamento guerrilheiro no Araguaia.
 
Duas das três ofensivas lançadas pelo exército reacionário resultaram em fracasso. Isso porque a maioria dos combatentes utilizados pelo exército reacionário eram recrutas, desmotivados e que também sabiam da miséria que o povo brasileiro se encontrava durante o regime militar, lutavam por um governo que não lutava por eles.
A maioria dos camaradas acabaram mortos em combates, ou mortos sob tortura depois de capturados pelas tropas fascistas, que até hoje não revelam aonde estão enterrados os restos mortais desses heróis do povo.
Durante a terceira campanha movida pelo exército fascista, que contou com mais de dez mil homens, as forças guerrilheiras foram finalmente desmobilizadas em meados de 1974, apesar de ainda haver focos de resistência até o começo de 1976, o exército reacionário deu como encerradas as operações em janeiro de 1975.

Causas da derrota

Tropas do exército fascista na região do Arauguaia.
 
Em dezembro de  1976 durante uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, o camarada Pedro Pomar apresentou um relatório onde apontava os êxitos e as causas da desmobilização das Forças Guerrilheiras do Araguaia, além de defender a continuidade da guerra popular no Brasil. Entre alguns desses erros sintetizados pelo camarada Pedro Pomar estão: os desvios foquistas sofridos pela guerrilha, pois se desviaram da diretriz revolucionária de que “a guerra popular é uma guerra de massas”, e que o exército revolucionário não deve ser constituido unicamente por comunistas. Outro erro apontado foi que durante a última ofensiva do exército reacionário ao invés de terem se dispersado pela selva, os destacamentos guerrilheiros se reagruparam, assim, o exército reacionário em sua investida pode cercar e aniquilar a maior parte dos guerrilheiros.
Infelizmente essa diretriz revolucionária jamais foi colocada em prática, pois, o exército fez uma incursão na casa onde acontecia a reunião do CC, matando dirigentes revolucionários como Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Drummond.
Encerradas as operações do exército fascista na região do Araguaia, as bases militares construídas na selva foram demolidas e o terreno onde elas se encontravam foram aterrados, isso serviria para dificultar a busca pelos restos dos guerrilheiros que foram assassinados sob tortura.

Como comunistas, devemos vingar a morte dos nossos combatentes!

Além das dificuldades de localização, ainda existe o medo dos moradores locais, vários foram torturados pelos repressores durante a ditadura, e a região até hoje ainda sofre com o poder de tiranetes locais, latifundiários, políticos e pistoleiros. Sem contar a impunidade de muitos militares que participaram das campanhas, como é o caso do major “Curió”, acusado pelo sequestro de cinco pessoas na região Araguaia durante o regime militar, além de ter confessado a responsabilidade do exército na morte cruel de 41 guerrilheiros, está impune, e foi prefeito pelo PMDB de uma cidade da região que foi batizada de Curionópolis, em sua homenagem. Essa é a justiça e a “transparência” do governo. Isso porque esses guerrilheiros eram comunistas, não lutavam apenas pelo fim do regime ditatorial, lutavam por um poder realmente democrático e popular, eles lutavam pelo poder das massas, e não pelo poder burguês.
Justiçar a morte desses camaradas não se resume apenas em indenizar as famílias e encontrar os restos mortais perdidos na selva, para se fazer jus a estes camaradas, devemos reorganizar o Partido Comunista do Brasil e seu braço armado, devemos justiçar suas mortes ao modo com que eles justiçavam a 40 anos atrás. Seus corpos jazem na selva, porém, a vontade de servir as massas de todo o coração, e o heroísmo revolucionário vivem em cada comunista revolucionário desse país, em cada um que se ousa a levantar bem alto a bandeira vermelha defendida por Marx, Lenin e Mao, em cada um que se ousa a lutar e vencer!

VIVA AOS 40 ANOS DA HERÓICA LUTA NO ARAGUAIA!

DEVOLVAM OS CORPOS DOS NOSSOS COMBATENTES!

VINGAR OS CAMARADAS MORTOS PELA REPRESSÃO FASCISTA!

RECONSTRUIR O PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL SOB A LUZ DO MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO!

YANKEES, GO HOME!


Textos para complemento:

Relatório de Pedro Pomar

Relatório de Ângelo Arroyo

Estatuto das Forças Guerrilheiras do Araguaia









quarta-feira, 11 de abril de 2012

REGULAMENTO DAS FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA

I

As Forças Guerrilheiras do Araguaia guiam-se pelo seguinte Regulamento Militar:

1 - Combatente é todo integrante das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Não há distinção entre os combatentes a não ser pelas funções que exercerem.

2 - Os combatentes ingressam voluntariamente nas FGA, dispostos a orientar-se pelos seguintes princípios:
a - Estar disposto a enfrentar e vencer todas as dificuldades;
b - Estar decidido a lutar até a vitória final;
c - Estar resolvido a transformar-se num verdadeiro revolucionário.

3 - O combatente deve elevar suas qualidades morais. Esforçar-se para :
a - Ter um estilo de vida simples e de trabalho duro;
b - Viver, pensar e combater como um lutador a serviço do povo;
c - Desenvolver a confiança em si mesmo e ser ao mesmo tempo modesto;
d - Cultivar permanentemente o espírito de iniciativa, audácia e responsabilidade;
e - Ser fraternal e solidário com os companheiros e com os integrantes do povo.

4. O combatente deve observar a mais estrita disciplina, que consiste em:
a - Obedecer sem vacilações às ordens do comando em todos os níveis;
b - Cumprir os Regulamentos e Normas da FGA;
c -Exercer integralmente seu dever quando investido em funções de comando, não podendo renunciar às prerrogativas do cargo, nem delegar a outros seus poderes.

5 - Os combatentes têm direito de :
a - Apresentar sugestões ao comando;
b - Criticar os companheiros nas questões oportunas, isto é, nas reuniões de chefes de grupo, tendo em vista o aperfeiçoamento da atividade e a elevação de espírito revolucionário.
c - O combatente tem o dever de:
a - Zelar permanentemente por seu armamento e equipamento, ter suas armas e munições em perfeitas condições de uso;
b - Cuidar continuamente de sua preparação militar, de seu estado físico e de elevação de sua consciência política;
c -Preparar-se constantemente pela segurança do conjunto das FGA, observar sigilo, não revelar segredos e manter severa vigilância contra qualquer infiltração no inimigo.

II

7 - O grupo constitui a unidade militar de base das Forças Guerrilheiras e é parte integrante do Destacamento. Sua autonomia de ação é restrita, atuando sobre a base das ordens de comando do Destacamento.

8 - O grupo está composto de sete combatentes. Opera em ações militares de acordo com o conjunto, sobre a base das ordens do comando de destacamento.

9 - O grupo se auto-abastece em tudo que se refere a sua alimentação.

10 -O grupo é comandado por um chefe de grupo. As atribuições do chefe de grupo são:
a - Velar pela execução das ordens de comando do destacamento, pelo cumprimento dos
Regulamentos e Normas;
b - Manter o grupo em condições de combate;
c - Comandar o grupo como unidade de combate, planejar a direção das operações militares de acordo com as ordens de comando do destacamento e atuar sob as ordens diretas do comandante;
d - Empenhar-se na manutenção de um elevado moral do grupo e em criar um ambiente de fraternidade entre os combatentes;
e - Dirigir, de acordo com as Normas e Planos Gerais, o treinamento militar do grupo;
f - Exercer o controle das armas e munições do grupo, a fim de que se encontrem sempre em perfeito estado;
g - Supervisionar o abastecimento do grupo;
h - Reunir periodicamente os combatentes do grupo para fazer o balanço das atividades do mesmo, receber críticas e sugestões.

11 - O chefe do grupo tem um substituto eventual, que ocupará o posto de chefe de grupo na ausência ou impedimento deste.

III

12 - O destacamento é uma unidade militar das FGA, composta de três grupos, que dispõe de relativa autonomia e opera sob a direção da Comissão Militar.

13 - O destacamento tem uma área determinada de operação.

14 - O destacamento pode atuar isoladamente ou sob as ordens diretas da Comissão Militar em coordenação com outros destacamentos.

15 - O destacamento tem sua própria logística.

16 - O destacamento tem um comandante e um vice-comandante.

17 - O comandante do destacamento, dentro das diretrizes da Comissão Militar, dos
Regulamentos e Normas, possui pleno poder de decisão sobre todos os assuntos do destacamento. Suas atribuições são as seguintes:
a - Nomear e destituir chefes de grupo assim como seus substitutos eventuais;
b - Indicar entre os chefes de grupo o substituto eventual do comandante do destacamento para o caso em que surja impedimento do comandante ou vice-comandante do destacamento;
c - Velar pela execução dos Regulamentos e Normas;
d - Manter o destacamento permanentemente em condições de combate;
e - Planejar ou dirigir as operações de combate do destacamento;
f - Planejar e controlar o treinamento militar do destacamento;
g - Cuidar da logística do destacamento em todos os seus aspectos;
h -Organizar o serviço de informações e comunicações na área do destacamento.

18- O vice-comandante do destacamento tem as seguintes atribuições:
a -Substituir o comandante do destacamento em sua ausência ou impedimento;
b - Exercer as funções de Comissário Político, empenhando-se no trabalho de elevação do nível político e da consciência dos combatentes, na manutenção de um alto moral no destacamento e a criação de um ambiente fraternal entre os comandos;
c -Assessorar diretamente o comandante do destacamento militar, no planejamento e na execução das operações de destacamento.

IV

19- As Forças Guerrilheiras são constituídas pelos destacamentos que operam na Região e são comandadas por uma Comissão Militar.

20- A Comissão Militar tem as seguintes atribuições:
a - Planejar, coordenar e dirigir as operações militares no conjunto da Região;
b -Nomear ou destituir os comandantes ou vice-comandantes dos destacamentos;
c - Coordenar e controlar a preparação militar em todos os seus aspectos, das Forças
Guerrilheiras;
d - Definir a área de operações das Forças Guerrilheiras e as zonas de operação de cada
destacamento;
e - Coordenar e controlar toda a logística das Forças Guerrilheiras;
f - Organizar as reservas estratégicas no que se refere à logística;
g - Organizar e controlar o serviço de transportes e comunicações com os destacamentos;
h - Organizar e coordenar o serviço de Saúde;
i - Organizar o serviço de informações.

21- A Comissão Militar é um órgão designado pelo Comitê Político da Região guerrilheira e a ele subordinado. A Comissão Militar submete à aprovação do Comitê:
a - Sua atividade geral, inclusive os nomeamentos e destituições de comandantes e vicecomandantes
dos destacamentos;
b - A criação de novas unidades ou a alteração na estrutura das forças guerrilheiras.

22- As ações mais importantes sobre o desenvolvimento da luta armada são tomadas pelo Comitê Político.

V

23- As Forças Guerrilheiras, além de atividade militar, realizam trabalho produtivo, tendo em vista a sua auto-sustentação.

24- O trabalho produtivo deve ser sempre planejado de modo a não prejudicar a atividade militar, sendo que, pelo contrário, buscando fortalecê-la.

VI

25- As relações entre os combatentes são democráticas e regidas por um alto espírito de
camaradagem, solidariedade e respeito mútuo. Os combatentes tratam-se como companheiro.

Cada combatente se esforçará não somente por cumprir integralmente suas obrigações, mas buscará, além disso, o êxito do conjunto.

VII

26 - O combatente, em suas relações com o povo, deve observar o seguinte:
a - Conhecer os problemas das massas e ajudá-las na medida do possível;
b - Respeitar a família, os hábitos e os costumes das massas
c - Não tomar nada das massas, pagar o que se compra ou devolver o que se toma emprestado;
d - Não tratar as massas com arrogância;
e - Realizar a propaganda revolucionária entre as massas.

VIII

27 - O comandante, no trato com os prisioneiros, deve obedecer às seguintes normas:
a -Não maltratar o prisioneiro, oferecendo-lhe os alimentos e os medicamentos, no caso de estar ferido;
b - Revistar minuciosamente o prisioneiro e requisitar-lhe qualquer tipo de arma;
c -Identificar o prisioneiro e levá-lo frente ao chefe de grupo que procederá ao interrogatório preliminar;
d - Não permitir que o prisioneiro conheça todos os combatentes, locais e armamentos;
e - Não conversar com o prisioneiro, uma vez que apenas os encarregados do interrogatório poderão faze-lo.

IX

28 - As infrações à disciplina são qualificadas em leves, sérias e muito graves;

29 - Em caso de infração leve, o comandante do destacamento faz ao combatente uma
advertência particular ou diante do grupo ao qual pertença o infrator.

30 - Em caso de infração séria, o comandante do destacamento critica o infrator diante dos demais combatentes e aplica uma pena que sirva para fazê-lo compreender o erro cometido.

31 - Em caso de infração grave, o comandante do destacamento transfere a questão para a Justiça Militar Revolucionária.

32 - As Forças Guerrilheiras têm seu hino, suas formas de saudação, suas bandeiras e seus estandartes.

FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA

BRASIL, meados do ano de 1973.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mensagem em razão do 43º aniversário do Novo Exército Popular

Discurso do camarada Jorge Ka Oris em razão dos 43 anos de fundação do Novo Exército Popular, braço armado do Partido Comunista das Filipinas: