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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Coréia do Norte: O socialismo não é somente anti-imperialismo





O atual líder Kim Jong-Un. Logo veremos se ele irá se tornar "eterno" como os seus antecessores.


Uma curta história do imperialismo dos EUA na Coréia

Sempre pronta para encorajar mortes em séria em uma nova intervenção imperialista, a imprensa burguesa agitam sobre uma base regular para uma nova guerra contra a Coréia do Norte. O retrato popular da Coréia do Norte é de um país cujo povo (que poderia ser libertado pelos imperialistas ocidentais) é escravizado e faminto por uma ditadura imprevisível e um líder paranóico (que poderíamos eliminar) que está claramente preparando a primeira guerra atômica global. Este discurso de uma tal ameaça eminente poderia justificar “nossas tropas” indo lá para provocar a “mudança de regime” não importando o quanto custaria em termos de perda de vidas humanas.
Após o Iraque e Afeganistão, e segundo o humor momentâneo, o próximo alvo para o imperialismo seria a Síria, Irã ou Coréia do Norte. A mídia burguesa entretanto é cuidadosa em não falar sobre próximas intervenções imperialistas que são o principal motivo para a hostilidade do regime norte-coreano e sua população. Abaixo examinaremos através da breve história do imperialismo norte-americano, a natureza da sua causa.

Ocupação Japonesa e a Resistência (1910-1945)
No final do século XIX, a Coréia, como muitos outros lugares do mundo, era vítima dos imperialistas japoneses, alemães, americanos, franceses e britânicos que estavam competindo pelo controle do país. O Japão finalmente venceu e, em 1910 a Coréia foi anexada pelo Império Japonês.
Sob esta ocupação, os camponeses eram massivamente expropriados enquanto os trabalhadores sofriam exploração, viam seus alimentos decaírem quase pela metade. O povo foi submetido às exações dos ocupantes coloniais japoneses que estavam agindo em quase total impunidade sob os direitos da doutrina extraterritorial. [1] A situação piorou cada vez mais até a Segunda Guerra Mundial quando milhões de coreanos foram escravizados, muitos morriam nas minas ou seqüestradas em bordéis reservados para os soldados japoneses.
Foi neste contexto que uma poderosa resistência emergiu,  vemos um dos mais altos pontos no movimento de 1 de Março de 1919 que trouxe juntos mais que dois milhões de pessoas num total de três meses em volta de 1500 manifestações de rua. Sete mil manifestantes morreram nas mãos dos oficiais de polícia, muitos sob tortura. Cinquenta mil foram colocados atrás das grades sob a Lei da Preservação da Paz. [2] e muitos milhares fugiram da repressão para a vizinha Manchúria, que também estava ocupada pelo exército japonês.
A exploração desenfreada das massas de camponeses e operários assim guiou o movimento nacionalista, inicialmente limitado à velha nobreza falida, se estendeu e radicalizou-se inspirado pela onda iniciada pela Revolução de Outubro e alimentada pelas lutas revolucionárias na vizinha China.

A ocupação norte-americana da Coréia do Sul
• “A Libertação”
Em agosto de 1945, seguindo a rendição japonesa para as forças aliadas, os soviéticos a pedido dos americanos, interromperam seu avanço nas zonas ocupadas pelo Japão. Em 8 de setembro, forças americanas pisaram na península coreana e colocaram um governo militar no sul da zona onde os soviéticos estavam estacionados, norte do paralelo 38. Mas os americanos, apesar de fazerem parte da guerra contra a Alemanha e Japão, reconheceram os japoneses como seus aliados naturais na Coréia desde que seus objetivos fossem contar o avanço comunista.
Assim, em 9 de setembro de 1945, John Hodge, cabeça do governo militar americano na Coréia anunciou a restauração das antigas autoridades coloniais. O clamor generalizado que esta decisão despertou o forçou a retratar-se, mas no entanto ele nunca nomeou assessores japoneses para posições administrativas americanas. A velha política colonial também foi reconstruída; uma parte significante da nova equipe recrutada eram remanescentes ativos das ligas da juventude fascista. Finalmente em dezembro de 1948, a Lei da Preservação da Paz foi restaurada sob novo nome: Lei de Nacional de Segurança. A tão chamada “Libertação” era de fato o início de uma nova ocupação.
• Eleições falsas
Em novembro de 1947, sob a ordem de assegurar uma mínimia “legitimidade democrática” para o seu regime, os EUA propuseram à ONU supervisionar as eleições na Coréia. Mas na chegada, os observadores da ONU falaram das suas preocupações sobre a validade do processo. Os delegados australianos advertiram que as eleições estavam “parecendo estar sob o controle de um único partido” – o então Partido Democrático da Coréia.
Apesar da oposição da França, Canadá, e Austrália para o apoio imediato das eleições na Coréia, os Estados Unidos conseguiram ter apoio de outros delegados. [3] As eleições então foram mantidas. O governo militar americano havia certamente planejado a “transição democrática” em 1945 quando eles supervisionaram a formação do Partido Democrático da Coréia (Han-guk Minjudang), que consistia num grande número de magnatas industriais e donos de terras todos fortemente relacionados aos interesses japoneses. Os americanos assim estabeleceram um governo interino em 1946 tendo como cabeça o então Han-guk Minjudang; um ano depois, o mesmo partido estava responsável por supervisionar as eleições. [4]
A oposição ao processo eleitoral foi global, de norte a sul e da esquerda pra direita. Os principais partidos políticos recusaram em participar, exceto o Han-guk Minjudang e o NARRKI de Singman Rhee. [5] Para evitar uma reviravolta que pudesse afetar a legitimidade do futuro governo, cupons de ração que aproximadamente 50% da população necessitava para sobreviver foram dados somente para aqueles que votaram. [6] Em 10 de maio de 1948, Singman Rhee foi eleito presidente da república com a taxa de participação de 95%. Com o apoio dos americanos, ele continuou as mesmas políticas de repressão sistemática da oposição política.

• Dizimando a oposição
Em 7 de setembro de 1945, na véspera da invasão norte-americana da Coréia, o governo da República Popular da Coréia foi estabelecido e apoiado por um número de organizações que participaram na resistência. Anarquistas, social democratas e comunistas participaram na formação do governo, estabelecendo centenas de comitês populares por toda a Coréia. Nas fábricas, no campo, cidades, e vilarejos, operários e camponeses estavam decidindo coletivamente os assuntos relacionados às suas condições de trabalho e de vida.
Entre outras coisas, o governo anunciou que iria redistribuir terras para os camponeses pobres, nacionalizar a grandes indústrias, impor o salário mínimo e a jornada de oito horas diárias, defender e promover e igualdade de homens e mulheres e assegurar a liberdade de imprensa e de expressão. Acusando-os de serem fantoches da União Soviética, os americanos declaram o governo ilegal. O Inmin Gonghwaguk continuou suas atividades clandestinas e reorganizou-se como Partido dos Trabalhadores da Coréia do Sul (Namrodang) com mais de 360.000 membros. A repressão entretanto não parou.
Localizada a 100 km da costa coreana, a Ilha de Jeju, onde vivam cerca de 250.000 pessoas era o um bastião do Namrodang. Em abril de 1948, grandes demonstrações foram feitas  em oposição as eleições. Uma série de eventos, incluindo a recusa de dois regimentos em atacar os manifestantes, levaram ao conflito armado por um ano. No fim, cerca de uma a cada três pessoas foram consideradas mortas ou desaparecidas; casas e vilas foram destruídas. Em 19 de maio de 1949, o embaixador dos EUA na Coréia notificou a Washington: “Todos os rebeldes da Ilha de Jeju foram mortos, capturados ou convertidos”.
Em 1949, o então presidente Syngman Rhee lançou um programa de reabilitação política para “violadores do pensamento”. Comunistas, socialistas, e outros críticos do regime foram forçados a se alistar neste programa. A chamada Liga Bodo, [7] o grupo rapidamente incluiu para 300.000 membros, que eram constantemente monitorados pela polícia. Em 1950, logo após a eclosão da Guerra Coreana, Syngman Rhee ordenou a execução de todos os membros da Liga. O exército e a polícia coreana executou sumariamente entre 100.000 e 200.000 pessoas, incluindo crianças. Os americanos ainda tiveram a audácia de filmar as valas comuns para fazer filme de propaganda onde eles acusam os comunistas por este massacre. [8]
• A Guerra da Coréia
Em 1950, o líder da Coréia do Norte, Kim Il Sung, decidiu que veio o tempo de reunir a Coréia pela confiança no apoio das massas sul coreanas. As tropas sul coreanas poderiam aderir ao Exército Popular Coreano (Inmin Gun) em massa; por trás das linhas inimigas numerosas greves de apoio paralisaram a economia sul coreana. Em junho de 1950, o Inmin Gun cruzou a fronteira do paralelo 38; em menos de três meses, eles conseguiram repelir os exércitos sul coreanos e americanos para a costa no final meridional da península.
Os EUA então apelaram para a ONU que mobilizou forças especiais de 230.000 homens, incluindo 26.000 canadenses, para defender a “República da Coréia”. O que poderia ser uma guerra civil se tornou uma verdadeira guerra de agressão, com uma dezena de nações estrangeiras invadindo a Coréia.
No começo de outubro de 1950, as forças da ONU recapturaram Seul e rapidamente chegaram ao extremo norte da fronteira da Coréia. A China então aderiu ao conflito com 270.000 homens para apoiar o Inmin Gun e colocou as tropas da ONU para o sul do paralelo 38. Uma guerra de trincheiras prolongada sucedeu-se por três anos até o dia 27 de julho de 1953, num armistício que assentou as fronteiras das duas Coréias na antiga linha de demarcação.
Um banho de sangue atomic foi evitado muitas vezes, mas a ofensiva dos EUA/ONU foi nada menos que uma carnificina; três milhões de civis mortos, mais bombas jogadas do que contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial, e o uso de mais napalm do que seria usado na guerra do Vietnã. Seiscentos mil soldados perderam suas vidas, a maioria chineses e coreanos. Os generais americanos puderam anunciar que até o fim da guerra nem uma só cidade, nenhuma vila ou construção, ficou mais alta que o chão no norte do paralelo 38. Estima-se que após a contaminação do solo pelo bombardeio, 75% do antigo solo arável não estava mais em condições de uso.

• 40 anos de regimes militares
De 1948 a 1987, os Estados Unidos politicamente, economicamente, e militarmente apoiaram vários regimes autoritários que se sucederam na Coréia do Sul. Os americanos ergueram 80 bases militares e instalações na Coréia do Sul; eles mantinham mais de 30.000 soldados de ocupação enquanto matinham desde 1948, o comando militar do Exército Sul Coreano. A Agência Central de Inteligência Coreana – uma verdadeira polícia política criada em 1961- engajados na extorsão, tortura, e assassinato de milhares de oponentes políticos. Protestos populares e de rua foram severamente e sistematicamente reprimidos – e continuam sendo.
Em maio de 1980, após grandes demonstrações em Gwanju, a administração Carter incitou o governo sul coreano para retomar o controle da situação, por força se necessário; entre 1000 e 2000 manifestantes foram abatidos. Isto era até 1988 quando o regime experimentou uma pequena democratização, mas o Ato de Segurança Nacional continua com força. A Anistia Internacional relatou que só em 1998, aproximadamente 400 pessoas foram presas por opiniões ofensivas, incluindo estudantes que foram sentenciados a oito meses em prisão por terem publicado um artigo online do trotskista Chris Harman.
Mais recentemente, em 2002, um homem sul coreano foi sentenciado a dois anos por acusar o governo norte-americano de ser o maior instigador da divisão da Coréia. Na porção da Coréia que eles ocuparam, com sua repressão do movimento popular e o apoio que eles deram para as forças mais reacionárias, o imperialismo yankee contribuiu altamente para o crescimento de dois regimes opostos dinâmicos no norte e no sul. O latente estado de guerra que seguramente ainda servem, em ambos os lados da fronteira, como uma desculpa para suprimir as legitimas lutas das classes populares através de violentas políticas de segurança. Atualmente, os americanos e seus aliados são o principal obstáculo para a reunificação da Coréia que é largamente desejada pelo povo coreano.
Kim Tremblay
  • 1. Os direitos extraterritoriais concedidos a outros países cheios de imunidade legal.Eles eram na maioria impostos para um Estado pelas potências colonialistas para beneficiar seus próprios nacionais. Embora a última permanceu sujeita as leis e a justica do seu próprio país, estes eram geralmente mais tolerantes se não lenientes com respeito aos crimes cometidos nas colônias.
  • 2. Em vigor de 1894 a 1945, a Lei de Preservação da Paz do Império Japonês restringiu significantemente as liberdades de organização, de discurso de imprensa. Lá por 1900, as uniões trabalhistas foram atingidas e banidas; greves, também foram proibidas. Então a partir de 1928, organizações de esquerda foram atingidas, qualquer pessoa que contestasse o direito da propriedade privada era passível de pena de morte.
  • 3. Chiang Kai-shek China, El Salvador, India  e as Filipinas apoiaram a resolução, enquanto a Síria se absteve.
  •  4. O Han-guk Minjudang de fato deteve 12 dos 15 assentos no Comitê Eleitoral Nacional.
  • 5. O fervoroso anti comunista, Singman Rhee foi provavelmente a única figura nacionalista a ser apoiada pelos EUA. Seu partido, a Aliança Nacional para a Rápida Realização da Independência Coreana ainda rompeu em duas seções, uma apoiando o processo eleitoral e outra boicotando
  • 6. Durante a ocupação japonesa, a produção de arroz foi totalmente centralizada. Ao chegarem, os americanos decidiram reorganizar através da liberdade de Mercado. Seguiu-se uma completa desorganização da produção; a Coréia do Sul ainda considerada a “tigela de arroz da península” estava na beira da fome. Estreitamente evitando uma crise humanitarian, os americanos trouxeram de volta o sistema centralizado de rações
  • 7. Bodo significa “Apoio e Orientação.
  • 8. Escola de Leis de Massachussets. (26 de nov. de 2011). A Guerra da Coréia: História Parte 2– Bruce Cumings [vídeo online]. Disponível em http://mslawmedia.org/2011/12/cumings-korean-war-part-2/


Um regime socialista? Será
Algumas pessoas e organizações que são nostálgicas pela existência de um “campo socialista” sob a liderança da União Soviética social-imperialista se agarram à Coréia do Norte como um dos últimos “estados socialistas” em existência. De acordo com eles, este é o motivo pelo qual a administração de Bush colocou a Coréia do Norte no “Eixo do mal” lista de países após o 11/9. Entretanto, nem a República Islâmica do Irã ou o Iraque de Saddam Hussein não são socialistas e eles também se encontram nesta lista juntos com a RPDC.
Para os maoístas, o regime estabelecido sobre o território conhecido como Coréia do Norte nunca foi socialista. Surgiu com a legítima luta de libertação nacional o qual muitos outros movimentos que eclodiram na mesma época, triunfaram no contexto da Guerra Fria quando havia de fato um campo socialista que estava contrabalanceando as velhas potências imperialistas e colonialistas.
Fundado em 1945, o Partido dos Trabalhadores da Coréia, primeiro introduzido como marxista-leninista. Após a morte de Stalin e a chegada de Kruschev ao poder na União Soviética, a Coréia do Norte adotou uma linha similar a da Romênia e Vietnã do Norte, recusando-se a cortar relação com o partido soviético ou chinês na época do Grande Debate que rompeu o movimento comunista internacional. O Partido dos Trabalhadores da Coréia então certificou-se em manter formais e cordiais relações com ambos os protagonistas.
Juche: uma ideologia anti-marxista
Este desejo de manter sua independência sempre foi caracterizou a ideologia promovida pelo regime norte-coreano. O primeiro ministro, secretário do partido e fundador da Coréia do Norte, Kim Il Sung, é oficialmente o autor da ideologia “Juche” (um termo frequentemente traduzido como “auto confiança”), em 1972, o Juche oficialmente substitui o Marxismo-Leninismo como ideologia oficial do Estado e constituição do país.
Em miúdos, o Juche é definido como “novo pensamento filosófico que se centra no homem” e o permite “solucionar problemas principalmente através dos [seus] próprios esforços”. Inicialmente o Juche foi introduzido como uma “aplicação criativa do Marxismo-Leninismo”, em continuidade deste. Eventualmente, entretanto (em 1998 especificamente), qualquer referência ao Marxismo-Leninismo foi removida da constituição norte-coreana. Em 2009 a própria noção de “comunismo” foi descartada, substituída três anos depois pelo Kimilsungism-Kimjongilismo, em referência ao pai e filho que sucessivamente governaram o território até a morte do segundo, em dezembro de 2011.
Nas palavras de Kim Il Sung, o Juche se resume a “organizar e mobilizar a população inteira para construir um Estado soberano e independente... Sem ser influenciado por teorias estabelecidas ou experiências estrangeiras”.[1] Como meta de comunismo – que era e continua oficialmente na agenda em seu tempo – o líder sugeriu que será alcançado principalmente pelo “desenvolvimento das forças produtivas” e “revolucionando, proletarizando e intelectualizando todos os membros da sociedade transformando-os assim em homens do tipo Juche”.”Como o revisionismo de Kruschev” na URSS, o Juche afirma o fim das contradições antagônicas entre classes, e assim o fim da luta de classes como força motriz da história. O “povo inteiro” compartilha um comum se não um único interesse, mais fundamental que qualquer o outro: a “defesa da pátria”.
Oficialmente o Partido do Trabalho da Coréia reconhece a existência de três diferentes classes na sociedade norte-coreana , cuja unidade é também simbolizada em sua logo: a classe operária, o campesinato e o samuson – a então chamada classe de intelectuais e profissionais. Neste esquema, não há burguesia e nem classes antagônicas: o inimigo é para ser encontrado fora da Coréia do Norte; de outra forma ele está necessariamente em conivência com os países estrangeiros.
O Juche é o oposto do entendimento Marxista-Leninista-Maoísta de classes e luta de classessob o socialismo como foi sistematizado durante a Revolução Cultural da China. A GRCP estava destinada para a revolucionar a sociedade e mover para frente em direção ao comunismo através da mobilização coletiva das massas promovendo a luta de classes ; não havia nada para fazer revolucionando indivíduos em um senso moral.
A revolução ideológica concebida pelo juche é totalmente diferente da revolução cultural maoísta: de acordom com Kim Il-sung, “membros do partido e outros trabalhadores aprendendo a aproveitar o trabalho é um objetivo importante” para esta revolução. Aque estamos muito longe do que a ditadura do proletariado e o exercício concreto  do poder pelas massas trabalhadoras pode parecer. A este respeito, o Juche é similar à concepção que Enver Hoxha e o Partido do Trabalho da Albânia estavam promovendo nos anos 60 e 70 quando eles estavam tentando contra balançar a Revolução Cultural Chinesa (ou para afastar uma mesma revolução na Albânia) com uma campanha de revolucionar indivíduos.

De um Kim para outro 


Após a morte de Kim Il Sung em 1994, seu filho, Kim Jong Il, o sucedeu. A partir de então, o regime norte-coreano abandonou qualquer reivindicação para a continuidade, ou pelo menos alguma conexão com o Marxismo-Leninismo. Num discurso de 1996, [2] Kim Jon Il insistiu: “A filosofia Juche é uma filosofia original que esteve envolvida e sistematizada com seu próprio princípio... Que é fundamentalmente diferente de filosofia precedente.” Curiosamente, ele criticou abertamente os cientistas sociais norte-coreanos que ainda continuavam tentando - cuidadosamente, podemos dizer - apresentar o Juche como um desenvolvimento do materialismo dialético marxista.
De acordo com Kim Jong Il, a dialética marxista foi limitada e imperfeita porque negligencia “as qualidades essenciais do homem – o mais qualificado e mais poderoso ser no mundo... Que é o mestre de tudo e tudo decide.” Ele advogou que existe “uma lei universal do movimento social” que é independente da “lei geral do desenvolvimento material do mundo material.”
Ele adicionou que “a história do desenvolvimento social é a história do desenvolvimento da independência da criatividade e consciência do homem.” Em curtas palavras, são as idéias e consciências que estão guiando o mundo... E estas idéias não devem ser outras senão as do partido: “Nós devemos aceitar a ideologia do Partido como verdade absoluta, defende-la resolutamente e mantê-la como uma convicção revolucionária, e ainda entender, interpretar e propagar a filosofia Juche corretamente”. Aqui novamente, estamos muito longe da Revolução Cultural e a chamada de Mao para “se atrever a ir contra a maré” e “bombardear os quartéis-generais!”
Como sucesso de Kim Jong Il, Kim Jong Um (que assumiu a tarefa após a morte de seu pai em dezembro de 2011), nos poucos documentos ou discursos atribuídos a ele estão indo na mesma direção, promovendo unidade patriótica e nacional, culminando com a ideia de fusão e amalgamação do povo e do partido.
Em um discurso que ele fez para apoiar a nomeação de seu pai como “Eterno Secretário Geral” do PTC, [3] o jovem Kim apresenta o partido como a mãe que deve assegurar o bem estar de suas crianças: “como uma mãe não abandona sua criança , ainda que ele ou ela seja maroto ou maldoso, mas fica mais nervosa e preocupada com ele ou ela, as organizações do Partido devem assegurar que todo o povo é acolhido pelo Partido e sinta as afeições do General... De modo a tornar a nossa sociedade em uma grande, e harmoniosa família unida em um só coração.”
No mesmo caminho, aqui está o papel que Kim Jon Un atribui às mulheres norte-coreanas: “Nossas mulheres constituem uma força poderosa que empurra adiante uma das duas rodas da revolução. As organizações do Partido devem prover a orientação do Partido de modo eficiente para as uniões de mulheres, assim como assegurar que as mulheres cumpram integralmente seus deveres para a prosperidade do país, a amizade e felicidade da sociedade e de suas famílias e continuem a exaltar sua honra como flores da era.”
Podemos ir à referência do Eterno Presidente (Kim Il Sung), o Eterno Secretário Geral (Kim Jong Il) ou o que cedo ou tarde se tornará o “Eterno Comandante Supremo” (Kim Jong Un), mas é bem claro para nós que o Partido dos Trabalhadores da Coréia não tem feito nada com o genuíno comunismo e é um pouco mais do que um remanescente do revisionismo moderno – como todos aqueles partidos esclerosados que provaram ser caricaturas do projeto político e social que deveria ser dedicado à emancipação dos explorados e oprimidos.

Socialismo ou capitalismo de estado?

Não é surpreendente que as organizações que são nostálgicas pela URSS de Brezhnev, Andropov, Chernenko e todos aqueles burocratas que desapareceram após serem vítimas de um “congelamento” adotam a Coréia do Norte como nova ponte de comando do socialismo. Após tudo isso, estas organizações estavam prontamente atuando como apologistas para o capitalismo de estado que existia na URSS antes da subida ao poder de Mikhail Gorbachev e a transição que ele guiou para o capitalismo privado.
Para os Maoístas, o socialismo não poder ser nada mais que a ditadura do proletariado, isto quer dizer, o atual exercício de poder através dos conselhos (soviets) e outros corpos similares controlados desde baixo até o topo pelas massas proletárias. O socialismo é a primeira e principal sociedade transitória – um período mais ou menos longo no qual o proletariado deve guiar uma luta consciente e coletiva para destruir os vestígios do capitalismo e preparar as condições para a transição para o comunismo e uma sociedade sem classes.
Aqueles para quem o socialismo é definido pela forma legal de propriedade – pelo fato da propriedade privada dos meios de produção ser substituído pela propriedade (estatal) coletiva – podem certamente ver a República Popular Democrática da Coréia como um “país socialista” (embora as reformas econômicas implementadas nos últimos dez anos minaram seriamente o modelo estatal). Entretanto, isto não presta serviço ao proletariado mundial, quem precisa da maiores clarezas nestas questões, não para legitimar a luta do povo coreano contra o imperialismo dos EUA – que nunca abandonou seu objetivo de controlar a península coreana.
Para ser claro,é possível e necessário ser opor às provocações norte-americanas contra a Coréia do Norte, e apoiar o direito da RPDC em se defender por todos os meios e disposições contra as manobras hostis desta potência imperialista, sem com isso ter de mentir sobre a realidade do regime que prevalece lá. Rejeitando as mentiras que a mídia burguesa anuncia sobre a RPDC não é mesmo que mentir sobre sua natureza socialista.
A burguesia burocrática em torno do exército em no aparato do estado é a verdadeira classe dominante na Coréia do norte. Oprime o proletariado e as massas camponesas como mantem uma liderança pesada sobre eles e se beneficiam coletivamente da exploração de seu trabalho, sem nem dá-los a possibilidade de organização autônoma. Somente a luta revolucionária do proletariado em todo a península irá permitir o estabelecimento de uma Coréia livre, despida de qualquer forma de dominação imperialista seja qual for – se norte-americana, russa ou chinesa..
Serge Gélinas

6 comentários:

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  3. Bem, revisionista ou não, para mim é a RPDC é o último reduto do passado vermelho do século XX. Acredito que seja uma nobre aliada na causa proletária mundial, sim, deve-se levar em conta que eles seguem o Juche, não o marxismo-leninismo ou maoísmo, mesmo assim, considero a sua existência mil vezes mais importante que Cuba, pois é a primeira vez que vejo um país pequeno peitar os EUA dessa forma.

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