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O atual líder Kim Jong-Un. Logo veremos se ele irá se tornar "eterno" como os seus antecessores. |
Uma curta história do imperialismo dos EUA na Coréia
Sempre pronta para encorajar mortes em séria em uma nova intervenção imperialista, a imprensa burguesa agitam sobre uma base regular para uma nova guerra contra a Coréia do Norte. O retrato popular da Coréia do Norte é de um país cujo povo (que poderia ser libertado pelos imperialistas ocidentais) é escravizado e faminto por uma ditadura imprevisível e um líder paranóico (que poderíamos eliminar) que está claramente preparando a primeira guerra atômica global. Este discurso de uma tal ameaça eminente poderia justificar “nossas tropas” indo lá para provocar a “mudança de regime” não importando o quanto custaria em termos de perda de vidas humanas.
Após
o Iraque e Afeganistão, e segundo o humor momentâneo, o próximo alvo para o
imperialismo seria a Síria, Irã ou Coréia do Norte. A mídia burguesa entretanto
é cuidadosa em não falar sobre próximas intervenções imperialistas que são o
principal motivo para a hostilidade do regime norte-coreano e sua população.
Abaixo examinaremos através da breve história do imperialismo norte-americano,
a natureza da sua causa.
Ocupação Japonesa e a Resistência (1910-1945)
No final do século XIX, a Coréia, como muitos
outros lugares do mundo, era vítima dos imperialistas japoneses, alemães,
americanos, franceses e britânicos que estavam competindo pelo controle do país. O Japão
finalmente venceu e, em 1910 a Coréia foi anexada pelo Império Japonês.
Sob esta ocupação, os camponeses eram massivamente expropriados enquanto
os trabalhadores sofriam exploração, viam seus alimentos decaírem quase pela
metade. O povo foi submetido às exações dos ocupantes coloniais japoneses que
estavam agindo em quase total impunidade sob os direitos da doutrina
extraterritorial. [1] A situação piorou cada vez mais até a Segunda Guerra
Mundial quando milhões de coreanos foram escravizados, muitos morriam nas minas
ou seqüestradas em bordéis reservados para os soldados japoneses.
Foi neste contexto que uma poderosa resistência emergiu, vemos um dos mais altos pontos no movimento
de 1 de Março de 1919 que trouxe juntos mais que dois milhões de pessoas num
total de três meses em volta de 1500 manifestações de rua. Sete mil
manifestantes morreram nas mãos dos oficiais de polícia, muitos sob tortura.
Cinquenta mil foram colocados atrás das grades sob a Lei da Preservação da Paz.
[2] e muitos milhares fugiram da repressão para a vizinha Manchúria, que também
estava ocupada pelo exército japonês.
A exploração desenfreada das massas de camponeses e operários assim
guiou o movimento nacionalista, inicialmente limitado à velha nobreza falida,
se estendeu e radicalizou-se inspirado pela onda iniciada pela Revolução de
Outubro e alimentada pelas lutas revolucionárias na vizinha China.
A ocupação norte-americana da Coréia do Sul
• “A Libertação”
Em agosto de 1945, seguindo a rendição japonesa para as forças aliadas,
os soviéticos a pedido dos americanos, interromperam seu avanço nas zonas
ocupadas pelo Japão. Em 8 de setembro, forças americanas pisaram na península
coreana e colocaram um governo militar no sul da zona onde os soviéticos
estavam estacionados, norte do paralelo 38. Mas os americanos, apesar de
fazerem parte da guerra contra a Alemanha e Japão, reconheceram os japoneses
como seus aliados naturais na Coréia desde que seus objetivos fossem contar o
avanço comunista.
Assim, em 9 de setembro de 1945, John Hodge, cabeça do governo militar
americano na Coréia anunciou a restauração das antigas autoridades coloniais. O
clamor generalizado que esta decisão despertou o forçou a retratar-se, mas no
entanto ele nunca nomeou assessores japoneses para posições administrativas
americanas. A velha política colonial também foi reconstruída; uma parte
significante da nova equipe recrutada eram remanescentes ativos das ligas da
juventude fascista. Finalmente em dezembro de 1948, a Lei da Preservação da Paz
foi restaurada sob novo nome: Lei de Nacional de Segurança. A tão chamada
“Libertação” era de fato o início de uma nova ocupação.
• Eleições falsas
Em novembro de 1947, sob a ordem de assegurar uma mínimia “legitimidade
democrática” para o seu regime, os EUA propuseram à ONU supervisionar as
eleições na Coréia. Mas na chegada, os observadores da ONU falaram das suas
preocupações sobre a validade do processo. Os delegados australianos advertiram
que as eleições estavam “parecendo estar sob o controle de um único partido” –
o então Partido Democrático da Coréia.
Apesar da oposição da França, Canadá, e Austrália para o apoio imediato
das eleições na Coréia, os Estados Unidos conseguiram ter apoio de outros
delegados. [3] As eleições então foram mantidas. O governo militar americano
havia certamente planejado a “transição democrática” em 1945 quando eles
supervisionaram a formação do Partido Democrático da Coréia (Han-guk
Minjudang), que consistia num grande número de magnatas industriais e donos de
terras todos fortemente relacionados aos interesses japoneses. Os americanos
assim estabeleceram um governo interino em 1946 tendo como cabeça o então
Han-guk Minjudang; um ano depois, o mesmo partido estava responsável por
supervisionar as eleições. [4]
A oposição ao processo eleitoral foi global, de norte a sul e da
esquerda pra direita. Os principais partidos políticos recusaram em participar,
exceto o Han-guk Minjudang e o NARRKI de Singman Rhee. [5] Para evitar uma
reviravolta que pudesse afetar a legitimidade do futuro governo, cupons de
ração que aproximadamente 50% da população necessitava para sobreviver foram
dados somente para aqueles que votaram. [6] Em 10 de maio de 1948, Singman Rhee
foi eleito presidente da república com a taxa de participação de 95%. Com o
apoio dos americanos, ele continuou as mesmas políticas de repressão
sistemática da oposição política.
• Dizimando a oposição
Em 7 de setembro de 1945, na véspera da invasão norte-americana da
Coréia, o governo da República Popular da Coréia foi estabelecido e apoiado por
um número de organizações que participaram na resistência. Anarquistas, social
democratas e comunistas participaram na formação do governo, estabelecendo
centenas de comitês populares por toda a Coréia. Nas fábricas, no campo,
cidades, e vilarejos, operários e camponeses estavam decidindo coletivamente os
assuntos relacionados às suas condições de trabalho e de vida.
Entre outras coisas, o governo anunciou que iria redistribuir terras
para os camponeses pobres, nacionalizar a grandes indústrias, impor o salário
mínimo e a jornada de oito horas diárias, defender e promover e igualdade de
homens e mulheres e assegurar a liberdade de imprensa e de expressão.
Acusando-os de serem fantoches da União Soviética, os americanos declaram o
governo ilegal. O Inmin Gonghwaguk continuou suas atividades clandestinas e
reorganizou-se como Partido dos Trabalhadores da Coréia do Sul (Namrodang) com
mais de 360.000 membros. A repressão entretanto não parou.
Localizada a 100 km da costa coreana, a Ilha de Jeju, onde vivam cerca
de 250.000 pessoas era o um bastião do Namrodang. Em abril de 1948, grandes
demonstrações foram feitas em oposição
as eleições. Uma série de eventos, incluindo a recusa de dois regimentos em
atacar os manifestantes, levaram ao conflito armado por um ano. No fim, cerca
de uma a cada três pessoas foram consideradas mortas ou desaparecidas; casas e
vilas foram destruídas. Em 19 de maio de 1949, o embaixador dos EUA na Coréia
notificou a Washington: “Todos os rebeldes da Ilha de Jeju foram mortos,
capturados ou convertidos”.
Em 1949, o então presidente Syngman Rhee lançou um programa de
reabilitação política para “violadores do pensamento”. Comunistas, socialistas,
e outros críticos do regime foram forçados a se alistar neste programa. A
chamada Liga Bodo, [7] o grupo rapidamente incluiu para 300.000 membros, que
eram constantemente monitorados pela polícia. Em 1950, logo após a eclosão da
Guerra Coreana, Syngman Rhee ordenou a execução de todos os membros da Liga. O
exército e a polícia coreana executou sumariamente entre 100.000 e 200.000
pessoas, incluindo crianças. Os americanos ainda tiveram a audácia de filmar as
valas comuns para fazer filme de propaganda onde eles acusam os comunistas por
este massacre. [8]
• A Guerra da Coréia
Em 1950, o líder da Coréia do Norte, Kim Il Sung, decidiu que veio o
tempo de reunir a Coréia pela confiança no apoio das massas sul coreanas. As
tropas sul coreanas poderiam aderir ao Exército Popular Coreano (Inmin Gun) em
massa; por trás das linhas inimigas numerosas greves de apoio paralisaram a
economia sul coreana. Em junho de 1950, o Inmin Gun cruzou a fronteira do
paralelo 38; em menos de três meses, eles conseguiram repelir os exércitos sul
coreanos e americanos para a costa no final meridional da península.
Os EUA então apelaram para a ONU que mobilizou forças especiais de
230.000 homens, incluindo 26.000 canadenses, para defender a “República da
Coréia”. O que poderia ser uma guerra civil se tornou uma verdadeira guerra de
agressão, com uma dezena de nações estrangeiras invadindo a Coréia.
No começo de outubro de 1950, as forças da ONU recapturaram Seul e
rapidamente chegaram ao extremo norte da fronteira da Coréia. A China então
aderiu ao conflito com 270.000 homens para apoiar o Inmin Gun e colocou as
tropas da ONU para o sul do paralelo 38. Uma guerra de trincheiras prolongada
sucedeu-se por três anos até o dia 27 de julho de 1953, num armistício que assentou
as fronteiras das duas Coréias na antiga linha de demarcação.
Um banho de sangue atomic foi evitado muitas vezes, mas a ofensiva dos
EUA/ONU foi nada menos que uma carnificina; três milhões de civis mortos, mais
bombas jogadas do que contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial, e o uso
de mais napalm do que seria usado na guerra do Vietnã. Seiscentos mil soldados
perderam suas vidas, a maioria chineses e coreanos. Os generais americanos
puderam anunciar que até o fim da guerra nem uma só cidade, nenhuma vila ou
construção, ficou mais alta que o chão no norte do paralelo 38. Estima-se que
após a contaminação do solo pelo bombardeio, 75% do antigo solo arável não
estava mais em condições de uso.
• 40 anos de regimes militares
De 1948 a 1987, os Estados Unidos politicamente, economicamente, e
militarmente apoiaram vários regimes autoritários que se sucederam na Coréia do
Sul. Os americanos ergueram 80 bases militares e instalações na Coréia do Sul;
eles mantinham mais de 30.000 soldados de ocupação enquanto matinham desde
1948, o comando militar do Exército Sul Coreano. A Agência Central de
Inteligência Coreana – uma verdadeira polícia política criada em 1961-
engajados na extorsão, tortura, e assassinato de milhares de oponentes
políticos. Protestos populares e de rua foram severamente e sistematicamente
reprimidos – e continuam sendo.
Em maio de 1980, após grandes demonstrações em Gwanju, a administração
Carter incitou o governo sul coreano para retomar o controle da situação, por
força se necessário; entre 1000 e 2000 manifestantes foram abatidos. Isto era
até 1988 quando o regime experimentou uma pequena democratização, mas o Ato de
Segurança Nacional continua com força. A Anistia Internacional relatou que só
em 1998, aproximadamente 400 pessoas foram presas por opiniões ofensivas,
incluindo estudantes que foram sentenciados a oito meses em prisão por terem
publicado um artigo online do trotskista Chris Harman.
Mais recentemente, em 2002, um homem sul coreano foi sentenciado a dois
anos por acusar o governo norte-americano de ser o maior instigador da divisão
da Coréia. Na porção da Coréia que eles ocuparam, com sua repressão do
movimento popular e o apoio que eles deram para as forças mais reacionárias, o
imperialismo yankee contribuiu altamente para o crescimento de dois regimes
opostos dinâmicos no norte e no sul. O latente estado de guerra que seguramente
ainda servem, em ambos os lados da fronteira, como uma desculpa para suprimir
as legitimas lutas das classes populares através de violentas políticas de
segurança. Atualmente, os americanos e seus aliados são o principal obstáculo
para a reunificação da Coréia que é largamente desejada pelo povo coreano.
Kim Tremblay
- 1. Os direitos extraterritoriais concedidos a outros países cheios de imunidade legal.Eles eram na maioria impostos para um Estado pelas potências colonialistas para beneficiar seus próprios nacionais. Embora a última permanceu sujeita as leis e a justica do seu próprio país, estes eram geralmente mais tolerantes se não lenientes com respeito aos crimes cometidos nas colônias.
- 2. Em vigor de 1894 a 1945, a Lei de Preservação da Paz do Império Japonês restringiu significantemente as liberdades de organização, de discurso de imprensa. Lá por 1900, as uniões trabalhistas foram atingidas e banidas; greves, também foram proibidas. Então a partir de 1928, organizações de esquerda foram atingidas, qualquer pessoa que contestasse o direito da propriedade privada era passível de pena de morte.
- 3. Chiang Kai-shek China, El Salvador, India e as Filipinas apoiaram a resolução, enquanto a Síria se absteve.
- 4. O Han-guk Minjudang de fato deteve 12 dos 15 assentos no Comitê Eleitoral Nacional.
- 5. O fervoroso anti comunista, Singman Rhee foi provavelmente a única figura nacionalista a ser apoiada pelos EUA. Seu partido, a Aliança Nacional para a Rápida Realização da Independência Coreana ainda rompeu em duas seções, uma apoiando o processo eleitoral e outra boicotando
- 6. Durante a ocupação japonesa, a produção de arroz foi totalmente centralizada. Ao chegarem, os americanos decidiram reorganizar através da liberdade de Mercado. Seguiu-se uma completa desorganização da produção; a Coréia do Sul ainda considerada a “tigela de arroz da península” estava na beira da fome. Estreitamente evitando uma crise humanitarian, os americanos trouxeram de volta o sistema centralizado de rações
- 7. Bodo significa “Apoio e Orientação.
- 8. Escola de Leis de Massachussets. (26 de nov. de 2011). A Guerra da Coréia: História Parte 2– Bruce Cumings [vídeo online]. Disponível em http://mslawmedia.org/2011/12/cumings-korean-war-part-2/
Um regime socialista? Será
Algumas
pessoas e organizações que são nostálgicas pela existência de um “campo
socialista” sob a liderança da União Soviética social-imperialista se agarram à
Coréia do Norte como um dos últimos “estados socialistas” em existência. De
acordo com eles, este é o motivo pelo qual a administração de Bush colocou a
Coréia do Norte no “Eixo do mal” lista de países após o 11/9. Entretanto, nem a
República Islâmica do Irã ou o Iraque de Saddam Hussein não são socialistas e
eles também se encontram nesta lista juntos com a RPDC.
Para
os maoístas, o regime estabelecido sobre o território conhecido como Coréia do
Norte nunca foi socialista. Surgiu com a legítima luta de libertação nacional o
qual muitos outros movimentos que eclodiram na mesma época, triunfaram no
contexto da Guerra Fria quando havia de fato um campo socialista que estava
contrabalanceando as velhas potências imperialistas e colonialistas.
Fundado
em 1945, o Partido dos Trabalhadores da Coréia, primeiro introduzido como
marxista-leninista. Após a morte de Stalin e a chegada de Kruschev ao poder na
União Soviética, a Coréia do Norte adotou uma linha similar a da Romênia e
Vietnã do Norte, recusando-se a cortar relação com o partido soviético ou
chinês na época do Grande Debate que rompeu o movimento comunista
internacional. O Partido dos Trabalhadores da Coréia então certificou-se em
manter formais e cordiais relações com ambos os protagonistas.
Juche: uma ideologia
anti-marxista
Este desejo de manter sua independência sempre foi caracterizou a
ideologia promovida pelo regime norte-coreano. O primeiro ministro, secretário
do partido e fundador da Coréia do Norte, Kim Il Sung, é oficialmente o autor
da ideologia “Juche” (um termo frequentemente traduzido como “auto confiança”),
em 1972, o Juche oficialmente substitui o Marxismo-Leninismo como ideologia
oficial do Estado e constituição do país.
Em miúdos, o Juche é definido como “novo pensamento filosófico que se
centra no homem” e o permite “solucionar problemas principalmente através dos
[seus] próprios esforços”. Inicialmente o Juche foi introduzido como uma
“aplicação criativa do Marxismo-Leninismo”, em continuidade deste.
Eventualmente, entretanto (em 1998 especificamente), qualquer referência ao
Marxismo-Leninismo foi removida da constituição norte-coreana. Em 2009 a própria
noção de “comunismo” foi descartada, substituída três anos depois pelo
Kimilsungism-Kimjongilismo, em referência ao pai e filho que sucessivamente
governaram o território até a morte do segundo, em dezembro de 2011.
Nas palavras de Kim Il Sung, o Juche se resume a “organizar e mobilizar
a população inteira para construir um Estado soberano e independente... Sem ser
influenciado por teorias estabelecidas ou experiências estrangeiras”.[1] Como
meta de comunismo – que era e continua oficialmente na agenda em seu tempo – o
líder sugeriu que será alcançado principalmente pelo “desenvolvimento das
forças produtivas” e “revolucionando, proletarizando e intelectualizando todos
os membros da sociedade transformando-os assim em homens do tipo Juche”.”Como o
revisionismo de Kruschev” na URSS, o Juche afirma o fim das contradições
antagônicas entre classes, e assim o fim da luta de classes como força motriz
da história. O “povo inteiro” compartilha um comum se não um único interesse,
mais fundamental que qualquer o outro: a “defesa da pátria”.
Oficialmente o Partido do Trabalho da Coréia reconhece a existência de
três diferentes classes na sociedade norte-coreana , cuja unidade é também
simbolizada em sua logo: a classe operária, o campesinato e o samuson – a então chamada classe de
intelectuais e profissionais. Neste esquema, não há burguesia e nem classes
antagônicas: o inimigo é para ser encontrado fora da Coréia do Norte; de outra
forma ele está necessariamente em conivência com os países estrangeiros.
O Juche é o oposto do entendimento Marxista-Leninista-Maoísta de classes
e luta de classessob o socialismo como foi sistematizado durante a Revolução
Cultural da China. A GRCP estava destinada para a revolucionar a sociedade e
mover para frente em direção ao comunismo através da mobilização coletiva das
massas promovendo a luta de classes ; não havia nada para fazer revolucionando
indivíduos em um senso moral.
A revolução ideológica concebida pelo juche é totalmente diferente da
revolução cultural maoísta: de acordom com Kim Il-sung, “membros do partido e
outros trabalhadores aprendendo a aproveitar o trabalho é um objetivo
importante” para esta revolução. Aque estamos muito longe do que a ditadura do
proletariado e o exercício concreto do
poder pelas massas trabalhadoras pode parecer. A este respeito, o Juche é
similar à concepção que Enver Hoxha e o Partido do Trabalho da Albânia estavam
promovendo nos anos 60 e 70 quando eles estavam tentando contra balançar a
Revolução Cultural Chinesa (ou para afastar uma mesma revolução na Albânia) com
uma campanha de revolucionar indivíduos.
De um Kim para outro
Após a morte de Kim Il Sung em 1994, seu filho, Kim Jong Il, o sucedeu. A
partir de então, o regime norte-coreano abandonou qualquer reivindicação para a
continuidade, ou pelo menos alguma conexão com o Marxismo-Leninismo. Num
discurso de 1996, [2] Kim Jon Il insistiu: “A filosofia Juche é uma filosofia
original que esteve envolvida e sistematizada com seu próprio princípio... Que
é fundamentalmente diferente de filosofia precedente.” Curiosamente, ele
criticou abertamente os cientistas sociais norte-coreanos que ainda continuavam
tentando - cuidadosamente, podemos dizer - apresentar o Juche como um
desenvolvimento do materialismo dialético marxista.
De acordo com Kim Jong Il, a dialética marxista foi limitada e
imperfeita porque negligencia “as qualidades essenciais do homem – o mais
qualificado e mais poderoso ser no mundo... Que é o mestre de tudo e tudo
decide.” Ele advogou que existe “uma lei universal do movimento social” que é
independente da “lei geral do desenvolvimento material do mundo material.”
Ele adicionou que “a história do desenvolvimento social é a história do
desenvolvimento da independência da criatividade e consciência do homem.” Em
curtas palavras, são as idéias e consciências que estão guiando o mundo... E
estas idéias não devem ser outras senão as do partido: “Nós devemos aceitar a
ideologia do Partido como verdade absoluta, defende-la resolutamente e mantê-la
como uma convicção revolucionária, e ainda entender, interpretar e propagar a
filosofia Juche corretamente”. Aqui novamente, estamos muito longe da Revolução
Cultural e a chamada de Mao para “se atrever a ir contra a maré” e “bombardear
os quartéis-generais!”
Como sucesso de Kim Jong Il, Kim Jong Um (que assumiu a tarefa após a
morte de seu pai em dezembro de 2011), nos poucos documentos ou discursos
atribuídos a ele estão indo na mesma direção, promovendo unidade patriótica e
nacional, culminando com a ideia de fusão e amalgamação do povo e do partido.
Em um discurso que ele fez para apoiar a nomeação de seu pai como
“Eterno Secretário Geral” do PTC, [3] o jovem Kim apresenta o partido como a
mãe que deve assegurar o bem estar de suas crianças: “como uma mãe não abandona
sua criança , ainda que ele ou ela seja maroto ou maldoso, mas fica mais
nervosa e preocupada com ele ou ela, as organizações do Partido devem assegurar
que todo o povo é acolhido pelo Partido e sinta as afeições do General... De
modo a tornar a nossa sociedade em uma grande, e harmoniosa família unida em um
só coração.”
No mesmo caminho, aqui está o papel que Kim Jon Un atribui às mulheres
norte-coreanas: “Nossas mulheres constituem uma força poderosa que empurra
adiante uma das duas rodas da revolução. As organizações do Partido devem
prover a orientação do Partido de modo eficiente para as uniões de mulheres,
assim como assegurar que as mulheres cumpram integralmente seus deveres para a
prosperidade do país, a amizade e felicidade da sociedade e de suas famílias e
continuem a exaltar sua honra como flores da era.”
Podemos ir à referência do Eterno Presidente (Kim Il Sung), o Eterno
Secretário Geral (Kim Jong Il) ou o que cedo ou tarde se tornará o “Eterno
Comandante Supremo” (Kim Jong Un), mas é bem claro para nós que o Partido dos
Trabalhadores da Coréia não tem feito nada com o genuíno comunismo e é um pouco
mais do que um remanescente do revisionismo moderno – como todos aqueles
partidos esclerosados que provaram ser caricaturas do projeto político e social
que deveria ser dedicado à emancipação dos explorados e oprimidos.
Socialismo ou capitalismo de
estado?
Não é surpreendente que as organizações que são nostálgicas pela URSS de
Brezhnev, Andropov, Chernenko e todos aqueles burocratas que desapareceram após
serem vítimas de um “congelamento” adotam a Coréia do Norte como nova ponte de
comando do socialismo. Após tudo isso, estas organizações estavam prontamente
atuando como apologistas para o capitalismo de estado que existia na URSS antes
da subida ao poder de Mikhail Gorbachev e a transição que ele guiou para o
capitalismo privado.
Para os Maoístas, o socialismo não poder ser nada mais que a ditadura do proletariado, isto quer
dizer, o atual exercício de poder através dos conselhos (soviets) e outros
corpos similares controlados desde baixo até o topo pelas massas proletárias. O
socialismo é a primeira e principal sociedade transitória – um período mais ou
menos longo no qual o proletariado deve guiar uma luta consciente e coletiva
para destruir os vestígios do capitalismo e preparar as condições para a
transição para o comunismo e uma sociedade sem classes.
Aqueles para quem o socialismo é definido pela forma legal de
propriedade – pelo fato da propriedade privada dos meios de produção ser
substituído pela propriedade (estatal) coletiva – podem certamente ver a
República Popular Democrática da Coréia como um “país socialista” (embora as
reformas econômicas implementadas nos últimos dez anos minaram seriamente o modelo
estatal). Entretanto, isto não presta serviço ao proletariado mundial, quem
precisa da maiores clarezas nestas questões, não para legitimar a luta do povo
coreano contra o imperialismo dos EUA – que nunca abandonou seu objetivo de
controlar a península coreana.
Para ser claro,é possível e necessário ser opor às provocações
norte-americanas contra a Coréia do Norte, e apoiar o direito da RPDC em se
defender por todos os meios e disposições contra as manobras hostis desta
potência imperialista, sem com isso ter de mentir sobre a realidade do regime
que prevalece lá. Rejeitando as mentiras que a mídia burguesa anuncia sobre a RPDC
não é mesmo que mentir sobre sua natureza socialista.
A burguesia burocrática em torno do exército em no aparato do estado é a
verdadeira classe dominante na Coréia do norte. Oprime o proletariado e as
massas camponesas como mantem uma liderança pesada sobre eles e se beneficiam
coletivamente da exploração de seu trabalho, sem nem dá-los a possibilidade de
organização autônoma. Somente a luta revolucionária do proletariado em todo a
península irá permitir o estabelecimento de uma Coréia livre, despida de
qualquer forma de dominação imperialista seja qual for – se norte-americana,
russa ou chinesa..
Serge Gélinas
- 1.Citações de Kim Il Sung vieram de um comunicado emitido em 9 de outubro de 1975 pelo 30º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coréia[nossa tradução]. Uma versão oficial em francês está disponível em http://juche.v.wol.ne.jp/pdf/fkimilsung200803.pdf
- 2. “A filosofia Juche é uma filosofia revolucionária original”, discurso publicado em Kulloja,revista teórica do Partido do Trabalho da Coréia, 26 de julho de 1996. Online: http://library.uoregon.edu/ec/e-asia/readb/108.pdf
- 3.Kim Jong Un, “Fazendo-nos concluir brilhantemente a causa revolucionária do Juche, apoiando do Grande Camarada Kim Jong Il na honra de Eterno Secretário Geral do nosso Partido,” conversa com os oficiais seniores do Comitê Central do do Partido dos Trabalhadores da Coréia, 6 de abril de 2012. Online: http://www.uk-songun.com/index.php?p=1_304_Let-Us-Brilliantly-Accomplish-the-Revolutionary-Cause-of-Juche-Holding-the-Great-Comrade-Kim-Jong-Il-in-High-Esteem-as-the-Eternal-General-Secretary-of-Our-Party-. Neste discurso, Kim Jong vai adiante para explicar: “Mantendo-o alto [seu pai Kim Jong Il] como eterno Secretário Geral do PTC nunca é simbólico em si. Significa mantê-lo no posto de Secretário Geral do Partido sempre.”
comunismo=fascismo=nazismo=racismo
ResponderExcluirjulio cesar=burrismo
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ResponderExcluircomunismo=fascismo=nazismo=racismo
ResponderExcluirBem, revisionista ou não, para mim é a RPDC é o último reduto do passado vermelho do século XX. Acredito que seja uma nobre aliada na causa proletária mundial, sim, deve-se levar em conta que eles seguem o Juche, não o marxismo-leninismo ou maoísmo, mesmo assim, considero a sua existência mil vezes mais importante que Cuba, pois é a primeira vez que vejo um país pequeno peitar os EUA dessa forma.
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