Páginas

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quantos hoxhaístas são necessários para trocar uma lâmpada?



Ramiz Alia (à esquerda) e Enver Hoxha, 1982

“Se alguém estuda o Congresso albanês, vê os problemas econômicos sérios que eles têm, esse caminho que seguem não foi tomado por Ramiz Alia, mas sim por Hoxha. Hoxha escrevia em 78 que na Albânia já não existiam classes antagônicas. Sabemos muito bem o que resulta disso, pois Mao já trabalhou muito bem a questão.”

[Presidente Gonzalo, entrevista ao El Diario, 1988]



Quem de nós nunca ouviu uma piada parecida, “quantos fulanos são necessários para trocar uma lâmpada”? E você sabe quantos seguidores anti-maoístas de Enver Hoxha são precisos para resolver um problema de ordem econômica e social?
Quantos partidos seguidores do marxismo-leninismo “puríssimo” de Enver Hoxha estão atuando em guerra popular, ou melhor, fazendo revolução?

A nossa crítica se volta especialmente para o Partido Comunista Colombiano (Marxista-Leninita)/Ejercito Popular de Liberación. Nestes 50 anos do rompimento dos comunistas colombianos e sua reorganização em 1965, os 40 anos da morte do grande dirigente comunista colombiano Pedro León Arboleda, e os 40 anos de encerramento das operações guerrilheiras no Araguaia, expressamos nosso repúdio à burrice dos seguidores de Enver Hoxha, que jogaram na merda processos revolucionários que atualmente colocariam o imperialismo em xeque, como no Brasil, Colômbia, Etiópia e tantos outros lugares.

De fato, desde o seu surgimento até a cisão sino-albanesa em 1976-77, o Partido do Trabalho da Albânia prestou grande ajuda ao movimento revolucionário internacional, especialmente entre 1962 e 1978 quando a luta estava focada contra o imperialismo ocidental e o social-imperialismo soviético. Tirana, capital albanesa foi o abrigo de muitos exilados políticos, entusiastas da revolução e fortaleza contra as aberrações ideológicas surgidas em centros acadêmicos da Europa ocidental e a sabotagem revisionista no leste. A antiga rádio Tirana fazia transmissões diária em português e castelhano, revolucionários de todo o terceiro mundo se debruçavam em volta dos rádios de pilha nas selvas para ouvir as palavras de apoio e notícias revolucionárias vindas da Europa. Assim também era quando chegava o horário das transmissões em português e castelhano na antiga rádio Pequim.

Anúncio das transmissões em português publicado no antigo jornal A Classe Operária.

Até aí tudo bem, porém, a confusão político-ideológica que se seguiu após a morte de Mao mostrou a incapacidade do Partido do Trabalho da Albânia em liderar uma grande onda revolucionária em escala mundial como a China estava fazendo até o final dos anos 70. Muito mais do que ter rompido com a China, os albaneses, especialmente Hoxha culparam ao presidente Mao por esta desgraça (a restauração do capitalismo na China) e tantas outras, de modo que não foi capaz de compreender a fundo o pensamento de Mao na época da unidade entre os dois países, e em vários casos, onde Hoxha dizia ter feito “descobertas” no Marxismo-Leninismo, não passavam de cópias fajutas de artigos escritos pelo presidente Mao nos anos 30 e 50.

Toda a luta albanesa contra o “revisionismo maoísta” foi tempo perdido, nós, os maoístas somos como o rabo de lagarto, acabou-se Mao, acabou-se Lin Piao, Grupo do Quatro e o socialismo na China, porém, seguimos nos desenvolvendo por debaixo dos panos do sistema, sem entregar armas, e fazendo o possível para dinamitar o parlamentarismo burguês e todas as suas instituições que se encontram em avançado estado de putrefação. Seguimos desenvolvendo guerra popular, fazendo experimentos científicos sociais (mobilizando as massas para o boicote de eleições, criando e fortalecendo bases de apoio, trazendo elementos da massa oprimida para o nosso meio) e experimentos bélicos (aprendendo fazer bombas, trabucos, hackeando sites, ondas de rádio e tudo aquilo que a reação já conhece e tanto teme), sem precisar de urnas.

Também foi tempo perdido lutar contra uma linha ideológica que, se tivesse sido adotada pelo PTA provavelmente teria prolongado a vida do socialismo na Albânia, ou ao menos, teria motivado suficientemente as massas para voltarem às montanhas e combaterem numa guerra popular prolongada os restauradores do capitalismo.

Ramiz Alia, que foi o sucessor escolhido por Enver Hoxha, não foi capaz de salvar o país que segundo Hoxha, tinha “entrado na fase socialista” , muito ao contrário, foi o responsável pelo colapso do “ninho das águia de duas cabeças”.

A experiência hoxhaísta no Brasil

Tanto no Brasil como na Colômbia no final dos anos 70 a linha dogmato-revisionista albanesa tomou conta da cúpula dos Partidos Comunistas, colocando divisão, e freio no seio de processos revolucionários desatados no final dos anos 60 e início dos 70. Muito do trabalho árduo e sacrifício de importantes revolucionários foi colocado abaixo tanto pela linha revisionista da Albânia pós-76 quanto pela linha revisionista de Deng Xiaoping na China.

Nós comunistas brasileiros e talvez alguns camaradas de fora também conheçam o básico da história do PCdoB, que se desenvolveu como uma ruptura com o oportunismo do PCBrasileiro e a camarilha de Prestes em 1962  e que dez anos mais tarde experimentaria aplicar o princípio da guerra popular prolongada, porém devido à falta de preparo da liderança, a guerrilha ficou fadada ao foquismo e não conseguiu repor as baixas sofridas, tanto em recursos humanos quanto em material bélico, apesar de terem ferido e matado vários soldados do exército, não conseguiram capturar nenhum fuzil ou metralhadora dos fascistas. Porém, como o marxismo-leninismo-maoísmo é uma ciência, a guerrilha do Araguaia deve não deve ser considerada apenas como um ato heróico ou uma tentativa mais ou menos de se iniciar uma guerra popular, mas como uma experiência científica, cuja análise dos resultados feita por Pedro Pomar (principalmente) e Ângelo Arroyo nos revelaram como proceder de forma correta e reiniciar e/ou continuar o trabalho do desenvolvimento do exército de Novo Tipo sob o comando do Partido de Novo Tipo.

Porém, na época (1972-1976), o Partido Comunista do Brasil já estava sendo contaminado pela linha dogmato-revisionista dos albaneses, cujos principais difusores eram João Amazonas e Diógenes Arruda. Uma linha divisória entre “maoístas” e “hoxhaístas” já estava tomando forma no Partido em meados dos anos 70, se olharmos as edições do jornal A Classe Operária da década de 70, veremos um misto, entre artigos que exaltam a guerra popular, e artigos que exigem a formação de “uma assembléia constituinte e democrática”, ou seja, era a guerra popular versus o oportunismo eleitoreiro herdado dos oportunistas anteriores.

Golpes internos e especialmente externos fizeram com que a direção do PCdoB nunca mais retornasse à região do Araguaia, a não ser para buscar os restos perdidos dos nossos guerrilheiros (dizemos nossos porque não lutavam pelo oportunismo eleitoreiro, eram guerrilheiros do povo, entendiam os ensinamentos de Mao Tsé-tung até melhor do que alguns dirigentes do PCdoB que pouco tempo depois levariam o partido a abandonar o caminho da luta armada e colocariam o partido como mero apêndice do PT. Quantos partidos e organizações que bradavam revolução também se converteram ou em alas do PT ou em alas do MR-8 (hoje mais um partido eleitoreiro chamado PPL).

As primeiras experiências na América Latina e a experiência da guerra popular na Colômbia

Antes da grande ruptura entre o PCUS e o PCCh nos anos 60 e bem antes do início da guerra popular no Peru em 1980, na América Latina alguns partidos já estavam tentando aplicar a linha da guerra popular prolongada, ou ao menos baseados em levantes camponeses, como foi o caso do Partido Comunista Salvadorenho que em 1932 atuou no levante de índios e camponeses que tomou conta de metade do país, infelizmente a falta de prática levou à morte de milhares comunistas, camponeses e a quase extinção das tribos indígenas em El Salvador.

Depois do levante indígena-camponês ocorreu o levante de 1935 aqui no Brasil, diferente de lá, o levante ocorreu não em fazendas e aldeias de cidades pequenas, mas em quartéis das grandes cidades como Rio de Janeiro, Natal, e Recife. A ideia da liderança era fazer a revolução “ao contrário”, partir das cidades para o campo, o que se mostrou um erro total apesar das advertências de apoiadores internacionais do Partido Comunista no Brasil. Porém, quando o levante foi sufocado em novembro de 35, as colunas militares que marchavam para o interior se dispersaram e se organizaram em pequenas guerrilhas, sendo que a do Rio Grande do Norte que contava com um pouco mais de 30 combatentes, desbaratou vários ataques policiais e resistiu até os primeiros meses de 1936. Uns dez anos mais tarde o PCB novamente organizaria núcleos do Exército Popular nos levantes camponeses em Porecatu no estado do Paraná, porém, finalizaria a luta após a entrega das terras aos camponeses e a participação no meio eleitoreiro nos anos 50.

Recorte de jornal do começo dos anos 50 mostrando a foto de um soldado da polícia e um camponês pobre, as duas forças em choque no Paraná entre o final dos anos 40 e começo dos anos 50.

Outra experiência um pouco mais duradoura ocorreu no Paraguai entre 1959 e 1965 na FULNA (Frente Unida de Libertação Nacional), frente liderada pelo Partido Comunista Paraguaio, porém, devido à luta interna entre a aplicação da linha da guerra popular e do foquismo, (algumas colunas guerrilheiras atuavam como na guerra popular, e outras seguiam o modelo cubano, não havia unidade) a organização acabou desmantelada internamente e externamente em 1965, de modo que os comunistas paraguaios apoiadores da guerra popular se reorganizaram como Partido Comunista del Paraguay (PCdeP) e só conseguiriam pela segunda e última vez uma tentativa de guerra popular em 1980, que foi rapidamente contida pelas tropas fascistas de Stroessner...

Porém uma das primeiras, senão a primeira experiência completa e bem sucedida de guerra popular na América Latina antes do Peru iniciou na Colômbia. Longe da linha guevarista e na época pró-soviética das FARC e ELN, o Partido Comunista da Colômbia - Marxista Leninista reorganizado em 1965 assumiu o trabalho de constituir um Exército Popular de novo tipo entre o povo colombiano, que em pouco tempo conseguiu desatar uma guerra popular, assim, em agosto de 1966, forma-se o primeiro destacamento Exército Popular de Libertação

. Não precisou muito tempo para que o EPL colombiano se tornasse alvo das campanhas de cerco e aniquilamento do exército fascista colombiano. A primeira campanha de cerco e aniquilamento ocorreu em 1968, no qual muitas plantações, casas e vidas foram destruídas pelo exército colombiano, e naquele cerco tombou Pedro Vasquez importante dirigente do partido e do EPL. Porém, estes duros golpes forjaram o partido e o exército popular no calor da batalha, fazendo com que aniquilassem 200 soldados do exército fascista colombiano, e, até o ano de 1970 após a segunda campanha de certo e aniquilamento, o EPL já contava com 17 destacamentos guerrilheiros, segundo o informe do jornal A Classe Operária de outubro de 1975.

EPL entregando armas, anos 80.
Até aquela data, o exército popular de libertação contava ainda com áreas onde estava sendo construído o Novo Poder, através das Juntas Populares, e planificação da economia local. Este era o poderoso PCdeC-ML que trazia esperança para as massas e desbaratava batalhões do exército fascista da Colômbia. Porém, os tempos mudaram... O fim do socialismo na China, a forte influência do marxismo-leninismo escolástico e petrificado do Partido do Trabalho da Albânia levou não só os comunistas colombianos, mas também tantos outros partidos para caminhos confusos que os fizeram no final das contas entregarem as armas em trocas de “acordos de paz” e, ou, em troca de “eleições livres”. Até 1980, dentro do partido havia uma linha que defendia e aplicava o pensamento de Mao Tsé-tung, porém, naquele ano, durante o congresso do PCdeC-ML, o partido abandonou os conceitos corretos do presidente Mao alegando que “deveriam se concentrar militarmente nas zonas industriais”, porém, isto serviu como uma porta de fuga para o partido iniciar o processo de capitulação. As primeiras negociações de paz ocorreram em 1984, tendo sido rompidas em meados de 1985. Depois ocorreu uma grande deserção do EPL a partir de 1989, e desde a década de 90 o partido vem “lutando” por acordos de paz, possuindo armas modernas, mas afastado das massas, como pode ser visto neste comunicado publicado em novembro de 2014 intitulado: “MENSAGEM AO ENCONTRO PELA PAZ” E TODAS AS MULHERES E HOMENS DO POVO COLOMBIANO”.

“Nos unimos ante ao clamor por um cessar fogo bilateral e as hostilidades, assim como a derrogatória completa da legislação de guerra. Saudamos o apoio e solidariedade que brindam os povos irmãos e a comunidade internacional aos esforços por uma paz com justiça social em nosso país. Tudo isto é um grande estímulo para nosso povo e todos os lutadores para se manterem n abriga pelas conquistas democráticas”.

Tanto o partido como o EPL ainda existem, e atuam no território colombiano, porém, de uma maneira muito menos intensa do que nos anos 70 e com uma linha política muito diferente do partido organizado por Pedro León Arboleda e Pedro Vasquez. Pior do que ter abandonado o maoísmo, ter feito vários acordos de paz com as bendições dos albaneses nos anos 80, agora está a pedir trégua para o governo colombiano, disposto a entregar suas armas e desmobilizar os guerrilheiros em troca de reformas num sistema tão podre e corrompido que é o governo burocrático-buguês da Colômbia..

A solução é: mais e mais guerra popular!


Em um momento tão complexo como o deste século, onde o padrão de vida das massas se torna cada vez pior, onde os governos burocrático-burgueses estão cada vez cortando os direitos do povo, aprovando leis cada vez mais fascistas. Nesta época onde novas tropas americanas desembarcam na América Latina, e seus mercenários islâmicos causam danos ao povo do oriente médio e em várias regiões da África, o abandono da toda-poderosa luz guiadora do presidente Mao Tsé-tung, a entrega de armas não são opções, a esperança na mudança de governo através de conversações de paz com narco-governantes não é e nem será uma solução para os problemas sejam eles na Colômbia, Peru ou qualquer outro país sob as garras do capitalismo.

Este tipo de contradição (entre o imperialismo e os povos oprimidos) não será resolvida apenas com acordos de paz, não é “paz de cemitérios” como dizem os camaradas do PCP, mas a solução para o flagelo do imperialismo será a guerra popular em escala global, cada povo oprimido, o povo de cada colônia  remanescente, o povo de cada semi-colônia deve se organizar num Partido Comunista de Novo Tipo, formar um Exército de Novo Tipo e uma Frente Unida de Novo Tipo para se levantar contra o imperialismo e os seus lacaios de fora e de dentro. Esta avançada concepção delineada pelo presidente Mao não é fruto de um mero militarismo, uma simples belicosidade, mas uma tarefa urgente, que visa a solucionar problemas como desmatamentos, invasão de terras indígenas, intervenções militares criminosas, corrupção em governos, má distribuição de renda, tráfico humano, tráfico de drogas, problemas grandes e problemas pequenos que afligem ao mundo todo devido à ganância das potências e seus tentáculos de “empreendedores”. Ou você acha que os imperialistas entregariam de bandeja todas as suas fontes infindas de dinheiro? Isso só existe nas músicas dos Beatles.

A ilusão com as eleições dentro dos limites do governo burocrático-burguês ou de capitalismo avançado deve ser rechaçada pelas organizações populares e revolucionárias. Vivemos sob sistemas completamente desiguais, por dentro e por fora. Ainda que seja num contexto onde haja regimes claramente ditatoriais como as ditaduras latino americanas dos anos 70, a via parlamentar dentro dos limites do estado burguês é uma grande arapuca para quem não está bem esclarecido. Como poderemos entregar as armas para governos serviçais do imperialismo? Como deixar de lado tudo o que as velhas instituições fizeram ao povo e aos revolucionários? Entregar as armas, firmar acordos de paz e anistia com os velhos governos não é mera conciliação, mas uma grande traição à luta pela liberdade do povo!


Mesmo que os capitulacionistas que conspiram para a rendição e a ruptura consigam passar temporariamente para a mó de cima, eles não conseguirão mais do que acabar desmascarados e punidos pelo povo.

[Mao Tsé-tung, Contra as atividades capitulacionistas, 30 de junho de 1939]

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ao dia da Heroicidade

Prisioneiros de guerra na prisão de Frontón, 1986.
 
Mensagem do Comitê Central da Organização dos Guardas Vermelhos do Brasil ao Partido Comunista do Peru-Base Mantaro Rojo em razão do 29º aniversário do Dia da Heroicidade, episódio que ficou marcado pelo massacre das forças do governo peruano a 250 prisioneiros políticos e prisioneiros de guerra que estavam nas prisões de de Callao, Frontón e Lurigancho no dia 19 de junho de 1986.



Ao dia da Heroicidade



Enviamos nossas calorosas saudações vermelhas aos camaradas do Partido Comunista do Peru-Base Mantaro Rojo.

Relembramos com espírito combativo o 19 de junho, dia da heroicidade dos prisioneiros políticos e prisioneiros de guerra que foram covardemente assassinados pelos militares do governo fascista do porco Alán Garcia.

Havia um plano para a execução massiva e sistemática dos prisioneiros políticos e prisioneiros de guerra nos cárceres peruanos. Segundo uma nota do PCP lançada em junho de 1986, um ano antes, em outubro de 1985, trinta combatentes do povo foram covardemente assassinados na prisão de Lurigancho.

As prisões do Estado podre, convertidas pelos melhores filhos do povo peruano em Luminosas Trincheiras de Batalha, se levantaram em junho de 1986 contra o plano vil de execução massiva dos prisioneiros políticos e de guerra encarcerados, porém, o plano de assassinato em massa como o dos campos de concentração nazistas enfrentaram resistência tenaz dos bravos combatentes. Ninguém que tem peito de ferro para enfrentar a besta imperialista morreria como gado. Com um esquema de organização de defesa e preparação para um combate de vida ou morte contra os planos de extermínio, Lurigancho, El Callao, e Frontón se levantaram e iniciaram a resistência, no dia 18 de junho, estremecendo o Peru inteiro com seu valoroso ato, que certamente jamais será esquecido e sempre será relembrado pelas organizações revolucionárias de todo o globo.

Naquele inesquecível dia 19 de junho de 1986, cerca de 250 dos melhores filhos e filhas da República Popular de Nova Democracia do Peru deram sua vida por todo um povo que estava e ainda está (assim como nós) debaixo das garras do capitalismo burocrático e do imperialismo. A reação apoiada por todas as instituições militares do podre governo peruano tomaram um banho de sangue, hienas que riam sobre a carne de grandes combatentes revolucionários. E isto causou desânimo? Certamente não! O grito dos revolucionários ecoou ensurdeceu os reacionários e ecoou nos ouvidos de comunistas do mundo inteiro. Ao contrário do que os fascistas esperavam, isto elevou o espírito de combatividade entre as massas os revolucionários do Peru, pois mostrou ao povo simples a verdadeira e sangrenta face do capitalismo burocrático, do governo de turnos, e isto conduziu à guerra popular no Peru à um novo e superior estágio dois anos mais tarde.

Sabemos que os governos fantoches do imperialismo, seguem se banhando com o sangue das massas, não só de guerrilheiros do exército popular, mas dos camponeses e indígenas mortos em confrontos por terras e pela defesa de suas aldeias, operários que morrem ou ficam inválidos porque para o capitalismo sua segurança vale menos que o ritmo da produção, o capitalismo burocrático se banha no sangue nas mulheres vítimas da opressão patriarcal, dos jovens das favelas sendo utilizados como linha de frente de traficantes em confrontos com a polícia, sendo meros fantoches nas mãos de um imperialismo que cria seus “vilões e mocinhos”, o capitalismo burocrático se banha no sangue dos estudantes e professores que saem às ruas reivindicando melhorias na educação. Capitalismo burocrático significa genocídio.

Com muito respeito aos mártires do dia 19 de junho, com muito respeito aos prisioneiros políticos e prisioneiros de guerra, enviamos nossa singela homenagem, assumindo o compromisso internacionalista de apoiar as massas de outros países em luta e suas organizações combativas que nos inspiram e nos enchem de otimismo revolucionário.

HONRA E GLÓRIA AOS MÁRTIRES DAS LUMINOSAS TRINCHEIRAS DE BATALHA!
VIVA A GUERRA POPULAR NO PERU!

CONVERTER TODA A AMÉRICA LATINA, ÁSIA, ÁFRICA E OCEANIA EM CEMITÉRIO DO IMPERIALISMO!

YANKEE, GO HOME!


O Comitê Central da Organização dos Guardas Vermelhos do Brasil.







quarta-feira, 10 de junho de 2015

Os ensinamentos do pensamento Gonzalo



O que é o pensamento Gonzalo? O que o constitui? Muitos camaradas interessados na guerra popular e em temas tocantes ao maoísmo e à revolução proletária nos dias atuais nos perguntam isso. Pois bem, o Partido Comunista do Peru, forjado no marxismo-leninismo-maoísmo pensamento Gonzalo ao longo de muitos anos, especialmente após o ILA-80, lançou diversos artigos sintetizando sua linha de ideologia e ação tomando sempre como base o marxismo-leninismo-maoísmo (antigamente pensamento Mao Tsé-tung). Porém, este interessantíssimo artigo publicado pelo Partido Comunista Marxista-Leninista-Maoísta da França nos expõe de maneira simples e curta os pontos chave da luz guiadora da revolução peruana, que convida a todas as organizações revolucionárias do mundo a desenvolverem seu próprio pensamento. O seguinte artigo, datado do ano de 2012 foi retirado do blog espanhol "Odio de Classe", na época em que ainda estavam sob a toda poderosa luz ideológica do maoísmo. Aproveitem o texto. ESTUDE, APLIQUE, DIVULGUE.


1. Gonzalo e o otimismo revolucionário

Quando uma classe se move na direção da tomada do poder, é necessário construir fortes possibilidades em todos os campos, e por e claro que está mais certo do que nunca no curso da classe operária, deve ter um sistema todo poderoso cultural e ideológico, o que permita compreender todos os aspectos da sociedade para revolucioná-la.

Gonzalo jogou um papel histórico ao permitir entender isto. Enfatizou que os revolucionários devem defender o otimismo absoluto, no documento “ILA-80” que explica o início da luta armada no Peru em 1980. Ele explica:

“Necessitamos de um grande otimismo e há uma razão para isto. Somos os criadores da manhã, somos guias, a guarnição do triunfo invencível da classe. É por isso que somos otimistas.

Estamos entusiasmados por natureza. Estamos alimentados pela ideologia da classe: o marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé-tung. Vivemos a vida da classe. Participamos em seus feitos históricos. O sangue de nosso povo arde e ferve em nós.

Somos sangue poderoso e palpitante. Tomemos esse ferro e aço indobrável que é a classe e agreguemos-lhes a luz imutável do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé-tung”.

2. Cada classe revolucionária chama para a luta épica

Quando a revolução burguesa francesa se estendeu no final do século XVIII, houve a necessidade histórica de uma mobilização épica das massas. A burguesia mergulhou no passado, em busca de algo que poderia aparecer tão próximo o possível de suas necessidades e levou o poderia ser um desenho para galvanizar a luta: a república romana.

Napoleão, passando da figura de um general romano à um César imperial, era o brinquedo de um processo histórico que liderou mudanças internacionais que a burguesia francesa necessitava para se desenvolver plenamente na conquista do poder.

Karl Marx e Friedrich Engels explicaram esta questão ideológica, a eliminação das névoas ideológicas e pretensões burguesas de fazer a última e total revolução. Porém não integram esta questão ideológico-cultural no socialismo científico, porque neste momento não havia nova democracia/revolução socialista no mundo.

3. Pensamentos como expressão do movimento da matéria


Com a revolução socialista na Rússia em outubro de 1917 e a revolução chinesa de nova democracia na China triunfando em 1949, o materialismo dialético formulou cientificamente a questão da vanguarda, do partido revolucionário.

A ideologia revolucionária dirige o processo revolucionário; no próprio partido revolucionário, lutas entre duas linhas surgem no processo: a vida do Partido Comunista obedece também às normas do desenvolvimento dialético.

A ideologia revolucionária dirige o processo revolucionário; no próprio partido revolucionário, lutas entre duas linhas surgem no processo; a vida do Partido Comunista  obedece também às normas do desenvolvimento dialético.

E também fazem os pensamentos, já que são o reflexo do mundo, da matéria em movimento dialético, na dimensão do mesmo universo.

No documento “A vida, da matéria, o universo, parte 7: O que é um pensamento?” Promovido pelo PCMLM [França], se explica:

“O pensamento consiste em movimentos moleculares e químicos do cérebro, movimentos que são a matéria e que são conseqüência do movimento da matéria fora do corpo – o movimento exterior se percebe.

Neste movimento de percepção, a matéria cinza se desenvolve – se trata da compreensão sintética do movimento dialético da matéria. “Então, se volta abertamente uma expressão da matéria em movimento”.

4. Individuos não pensam

No século XIII, a reação francesa teve que lutar contra as teses materialistas na Universidade de Paris. Estas teses foram conclusões lógicas do pensamento de Averroes (1126-1198), o grande pensador da Falsafa, a filosofia árabe-persa.

A igreja proibiu 13 teses em 1270, e entre elas: “A proposta: ‘homem pensa’ é falso ou incorreto”,”O livre arbítrio é uma potência passiva, não ativa, que é impulsionado pela necessidade do desejo”, “Vontade humana quer e elege por necessidade”, “Não houve nunca um primeiro homem”, “O mundo é eterno”, “Há um só intelecto numericamente idêntico para todos os homens”.

Estas teses são corretas e são uma expressão de materialismo.

Quando se fala de um pensamento, não se fala sobre o pensamento individual, incluindo se um indivíduo o expressar. As pessoas não pensam. A humanidade é matéria em movimento, o pensamento não é mais do que um reflexo do movimento. Não pode haver pensamento individual, o que os indivíduos pensam é a expressão de desejo e necessidade.

5. Pensamento como arma cultural-ideológica para a revolução em cada país

Gonzalo não só chama ao otimismo revolucionário porque havia a necessidade de lutas épicas. Isto seria subjetivo e não se ajusta à ideologia comunista, que tende ir ao futuro e não ao passado.



Assim, ao longo da convocatória de entusiasmo, formulou a  ideia de que em cada país se desenvolve um pensamento revolucionário, sintetizando a sociedade, e afirmando a forma correta de resolver as contradições sociais.

História em movimento produz entusiasmo e a correta compreensão da realidade no pensamento das massas, da vanguarda, da direção revolucionária.

No documento “O pensamento Gonzalo” do Partido Comunista do Peru, se explica:

“As revoluções dão lugar a um pensamento que as guia, que é resultado da aplicação da verdade universal da ideologia do proletariado internacional nas condições concretas de cada revolução, um pensamento guia indispensável para alcançar a vitória e conquistar o poder político e por outra parte, para continuar a revolução e manter o rumo sempre até a única meta, grande: o comunismo”.

6. Pensamento como síntese de uma sociedade

Cada sociedade nacional tem contradições, que o pensamento comunista analisa, produzindo a síntese revolucionária que consiste no programa revolucionário e os métodos para realizá-lo.

Na Rússia, e China, Lenin e Mao Tsé-tung conheciam não só a situação política, como também, precisamente, a situação econômica e os aspectos culturais-ideológicos. Eles frequentemente citam obras literárias e fazem referência a sua própria cultura, da situação cultural-ideológica das massas (por exemplo, a relação de autoridade no campo, a aparição ou não do capitalismo no campo, etc.)

Em muitos outros casos, os líderes revolucionários produziram um pensamento, uma síntese de sua própria realidade.

No Peru, José Carlos Mariatégui escreveu em 1928 uma análise completa da história do seu país: “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”, que explica a história do processo de colonização, a situação das zonas rurais, dos índios quéchuas, etc.

Na Itália, Antônio Gramsci um dos fundadores do Partido Comunista em 1926, estudou da mesma forma a cultura e a história do seu país, a compreensão da natureza do estado italiano e a contradição história entre o norte e o sul (mezzogiorno) do país.

Alfred Klahr foi o primeiro teórico para explicar que seu país a Áustria era uma nção (“Sobre a questão nacional na Áustria”, 1937) e como o nazismo alemão não só estava sob o controle do capital imperialista, como também dos Junkers.

Ibrahim Kaypakkaya, nascido em 1949 e assassinado pelo estado turco em 1973, realizou um estudo exaustivo da “revolução” feita por Mustafá Kemal e a ideologia kemalista, descobrindo o caminho para uma compreensão correta da natureza econômica, política e cultural ideológica da Turquia.

Ulrike Meinhof estudou a natureza da dependência da Alemanha Ocidental, que estava sob o controle dos Estados Unidos; vendo o processo de recuperação econômica depois de 1945, propôs uma estratégia de longo prazo de Guerra Popular baseada nos elementos mais pobres da juventude e a luta contra a presença imperialista dos Estados Unidos. Foi assassinada no cárcere em 1976.

Outro grande revolucionário que produziu um pensamento foi Siraj Sikder, no leste de Bengala. Nascido em 1944, compreendeu tanto o expansionismo paquistanês como o indiano propondo o caminho da revolução agrária para obter a indepdência nacional. Foi assassinado na prisão em 1975.



7. Guerra popular como produto do pensamento

Depois da lição dialética materialista de Gonzalo, os comunistas tem em cada país a tarefa de  produzir uma síntese de sua própria situação nacional, pois as contradições revolucionárias vão se resolver neste marco.

A Guerra Popular não é um “método” ou um estilo de trabalho, é a reprodução material do pensamento, quer dizer, o confronto revolucionário com o velho Estado e as classes dominantes reacionárias, de acordo com uma estratégia baseada no pensamento, na síntese revolucionária que se fez no estudo prático de um país.



Quando o pensamento revolucionário genuíno se reproduz, busca-se o confronto com a antiga sociedade, em todos os níveis. A Guerra Popular não significa somente a luta armada, mas também a negação cultural-ideológica dos valores da velha sociedade.

Se os revolucionários não tem o nível para dirigir a luta em todos os campos, não serão capazes de fazer triunfar a revolução e lutar contra os intentos de restauração da velha sociedade.

Esta compreensão é a consequência direta dos ensinamentos de Mao Tsé-tung acerca da cultura e da ideologia e da Grande Revolução Cultural Proletária.

8. "Principalmente aplicar"

Gonzalo considera que nossa ideologia não era apenas o marxismo-leninismo-maoísmo, mas o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo. Queria mostrar que nossa ideologia é uma síntese e não um conjunto de ensinamentos.

Da mesma maneira, considerou que em cada país, a ideologia era o marxismo-leninismo-maoísmo e o pensamento, principalmente o pensamento (por exemplo no Peru: o marxismo-leninismo-maoísmo  pensamento Gonzalo, principalmente pensamento Gonzalo).



A razão disso era que o pensamento significa a síntese em uma situação concreta, com sua aplicação. Da mesma maneira, um princípio é o de “desenvolver, defender e aplicar, principalmente aplicar”.

O “pensamento” é genuíno e correto, somente se significar um confronto real em todos os aspectos da velha sociedade, o aspecto prático de estar na vanguarda.

9. Pensamento e Guerra Popular não são conceitos independentes

Durante os anos 1990-2000, o Movimento Popular Peru (MPP), organismo gerado pelo Partido Comunista do Peru para o trabalho no estrangeiro, encabeçou um importante trabalho para promover o marxismo-leninismo-maoísmo.

Por desgraça, ao passar para os aspectos práticos nacionais, o MPP apenas chamou para seguir o exemplo do Peru e nunca foi capaz de ajudar aos comunistas para produzir uma síntese de sua própria situação.

O MPP nunca convidou a estudar as realidades nacionais, e em vez disso promoveu um cosmopolitanismo que consiste na reprodução de um estilo de trabalho de uma maneira estereotipada. Ao invés de acompanhar autênticas forças revolucionárias ao marxismo-leninismo-maoísmo, o MPP foi o ponto de apoio dos centristas, já que se reconhecem o maoísmo em palavras.

Este é um exemplo da má interpretação do aspecto principal. O que conta é não assumir a Guerra Popular de maneira abstrata, senão a Guerra Popular baseada no pensamento. O revisionismo no Nepal é um bom exemplo: apesar de assumir a “Guerra Popular”, no que se chama o “caminho Prachanda”, nunca teve um alto nível cultural-ideológico, tanto é que já figuravam numerosos erros sobre os princípios básicos do materialismo dialético.

10. Nosso horizonte: produzir pensamentos e rechaçar o fascismo

 Nosso horizonte é o seguinte: em cada país, um pensamento comunista deve ser produzido, síntese da sociedade, mostrando a forma de resolver as contradições. Os comunistas não podem fazer uma revolução em seu próprio país sem ter um alto nível nos campo cultural-ideológico.

As massas vivem em uma cultura cheia de música, cinema, literatura; os ensinamentos da Grande Revolução Cultural Proletária nos recorda a importância da luta neste campo. Os comunistas do mundo devem intercambiar suas experiências e seus conhecimentos; em muitos campos, possuem as mesmas lutas para liderar.


Se os comunistas não forem capazes de fazer isto, as classes dominantes reacionárias produzirão uma ideologia desenho no passado para “regenerar” a sociedade, um falso “socialismo”, que é o fascismo.

Cada pensamento é de importância histórica; é a base da Guerra Popular. Cada pensamento permite iniciar a Guerra popular, que destrói o velho estado, e quando este processo se generaliza, se converte em Guerra Popular mundial. O pensamento se converte então na síntese da sociedade mundial que emerge dos escombros do imperialismo, descobrindo o caminho para a construção de uma sociedade comunista mundial.


Partido Comunista Marxista-Leninista-Maoísta (França).