A história do Brasil, companheiros, é uma história de cinco séculos de domínio arrogante dos latifundiários, de exclusão da maior parte da população pobre do direito vital à terra e ao alimento. Esta elite rural desalmada ainda domina , agora denominam-se “empresários” do ramo altamente lucrativo do “agro-negócio”.
Em nossos dias, afirmam com orgulho ultrajante, que conseguiram suas terras com muito “trabalho”. Será que realmente a história comprova isso?
Portugal era uma nação de comerciantes, uma nação dominada por mercadores, um Estado que se constituiu sob a égide do Mercado , da busca pelo acúmulo de ouro e riqueza. A coroa portuguesa era o representante de burgueses ávidos por lucros desmedidos. Nos primeiros anos do século XVI , angariavam seus lucros comprando especiarias orientais que vendiam a preços exorbitantes para satisfazer os luxos da nobreza, uma classe que a este tempo, cada vez mais decaía e era obrigada a cortejar os reis, para ter títulos e terras.
Estavam em uma disputa comercial, que envolvia franceses, holandeses, ingleses e espanhóis. Foram obrigados a colonizar uma terra distante e de clima hostil da qual haviam se apossado com a benção do Papa, pelo qual não tinham muito interesse. Era uma terra de povos arredios de onde extraíam o Pau-Brasil que entrava no rol dos produtos por eles comercializados.
Resolveram , no entanto, em meados do século XVI, transformá-la em uma nova fonte de lucros. Foi assim que decidiram plantar açúcar em suas terras do Novo Mundo. A demanda pelo açúcar era grande entre os europeus e prometia ganhos inimagináveis. Tinham, no entanto, um obstáculo: os nativos. Quando o empreendimento colonial foi iniciado a mando da Coroa, começou igualmente uma guerra sangrenta. A cana precisava de muitas terras, e foi por meio da grande propriedade voltada para o comércio exterior que se forjou a nova colônia. Muitos nativos foram mortos pelas doenças trazidas pelos colonizadores, outros tantos caíram nas mãos dos padres que os transformavam em mão-de-obra gratuira da Igreja Católica nas chamadas missões jesuíticas. Os povos , que bravamente, resistiram a invasão de suas terras foram tratados como inimigos e dizimados em inumeráveis guerras. A maior foi a chamada “guerra dos bárbaros” , que se passou nos sertões a partir do final do século XVII. Aventureiros de todos os tipos se engajaram na guerra contra as populações nativas do interior, após os portugueses terem expulso os holandeses com quem disputaram o domínio dos imensos latifúndios canavieiros. Passaram a desforra de seus inimigos nativos isolados no sertão. Massacraram todos que puderam , sem piedade, motivados pelas promessas da Coroa: ganhariam imensas terras quem matasse índios inimigos. Foi assim, que o sertão foi colonizado, após o massacre dos índios do litoral, cujos sobreviventes foram domesticados pelos religiosos. Aos latifúndios da cana, se somaram as sesmarias: imensos territórios doados para verdadeiros genocidas com a boa vontade dos reis e da Igreja. Os traficantes de carne humana, os mercadores de escravos, vendiam suas “peças” a preços altamente rentáveis: seus lucros formaram imensas fortunas NUNCA QUESTIONADAS.
Esta elite dominou o Brasil como senhores de seus próprios feudos. Sem regulamentação, com o passar dos anos, as antigas sesmarias estenderam-se tomando as terras públicas. Tornaram-se territórios imensos. O Brasil manteve-se nas mãos destas mesmas famílias, que após a independência foram a base política do Império. Nos anos 1850, veio o fim do tráfico negreiro, e os negros, caboclos, mestiços e brancos pobres desejavam ter terra para plantar. Veio então a chamada “lei de terras”, que determinava a venda das poucas terras públicas que já não foram ilegalmente apossadas a preços que os pobres não podiam pagar. O latifúndio aumentou ainda mais o seu domínio.
Com a República, estas famílias aristocratas conheceram seu apogeu. Graças ao modelo federativo, passaram a mandar em suas regiões com uma autoridade legal nunca antes vista. Os patriarcas latifundiários passaram a se chamar “coronéis”. Apossaram-se do novo regime, impuseram seus interesses, o interesse de sua classe: manter o Brasil como uma colônia dos interesses imperialistas, voltado para a produção de gêneros primários. Seus antepassados foram aliados do imperialismo português e inglês, e agora, legítimos republicanos, se aliavam ao novo imperialismo norte-americano.
No século XX, estes latifundiários nunca foram seriamente questionados, pois o Estado Brasileiro estava funcionalmente determinado por eles. O Estado havia sido sempre seu fiel servo.
O latifúndio, imposto pelo GENOCÍDIO, mantido pela EXCLUSÃO VIOLENTA E ILEGAL, SACRAMENTADO PELA IGREJA, NUNCA FOI SERIAMENTE QUESTIONADO NESTE PAÍS.
E o que temos hj, companheiros?
O governo oportunista do PT não poderia angariar apoio político para chegar ao Estado SECULARMENTE DOMINADO por esta elite rural sem o apoio dela. Prometeu incentivar a decadente indústria da cana, e com apoio dos imperialistas americanos, financiou a produção de etanol. Palavra cumprida, os petistas fizeram do domínio inescrupuloso da elite canavieira um empreendimento “moderno”, e “ecologicamente correto”.
Nas fronteiras de expansão do latifúndio, no Centro-Oeste e Norte do país, o processo iniciado a séculos continua: os povos nativos são cada vez mais isolados na selva, a floresta é rapidamente destruída, posseiros gananciosos são os novos aventureiros genocidas.
Nos últimos quatro anos, mais de 300 camponeses morreram em disputas com capangas destes modernos empresários do “agro-negócio”. Esta elite forma o pilar de uma economia em franco processo de desindustrialização, baseada na venda de produtos agrícolas de exportação. Qualquer semelhança com os tempos coloniais NÃO é mera coincidência.
O Latifúndio , imposto pela força bruta e com o aval do Estado, reina inquestionado. 2% dos proprietários (22 mil) dominam mais da metade das terras tituladas. O restante está nas mãos de quase 5 milhões de pequenos e médios proprietários, sem falar na multidão de sem-terras. Os reformistas da pseudo-esquerda, no entanto, fazem uso de argumentos “politicamente corretos”: eles devem ser indenizados! Como se estas terras tivessem chegado a estes grandes fazendeiros por meios legais, dizem que são os sem-terra , gente fanática e radical. Esta falsa esquerda é míope, não vê um palmo a sua frente, pois precisa de dinheiro E VOTOS. A violência contra os camponeses pobres continua. Expulsos de suas terras, enchem as favelas das grandes cidades do litoral, formando bolsões de miséria, que estruturalmente não poderão ser solucionadas senão por meio da Revolução NO CAMPO. A mídia, no entanto, quer transformar a favela em um orgulho para os favelados. Os problemas do campo são oportunamente negados pela mídia burguesa e as marionetes do governo petista, ingenuamente, falam q “fazem o q podem”. Realmente, eles não podem mesmo FAZER NADA.
A ineficiência da democracia burguesa para enfrentar o problema agrário é gritante: a pressão dos movimentos camponeses já fez cair mais um ministro do governo pelego (dia 09/03/12), pois em 2011, o número de famílias assentadas foi menor que nos últimos 16 anos!
Com a história na mão, a resposta é certa: não é a FARSA ELEITOREIRA QUE RESOLVERÁ O PROBLEMA AGRÁRIO NO PAÍS, O PROBLEMA HISTÓRICO DE TODOS OS POBRES. A POLÍTICA AGRÁRIA DO PT É EXATAMENTE A MESMA DO ANTERIOR GOVERNO TUCANO. O latinfúndio agro-exportador é aliado secular do imperialismo. O pacto social é o pacto do capital financeiro e dos empresários das “commodities”. A democracia popular passa pela luta contra séculos de opressão, o que não se fará sem uma imensa mobilização de massas. NÃO SE FARÁ SEM A INSURREIÇÃO ARMADA DOS CAMPONESES POBRES PARA PROMOVER A TOMADA DAS TERRAS INDEVIDAMENTE APROPRIADAS POR SÉCULOS DE GENOCÍDIOS E ROUBOS!
Esta é a grande tarefa política de nosso tempo. A CONTRADIÇÃO PRIMORDIAL DO CAPITALISMO BRASILEIRO. Hoxhaístas, trotskistas, reformistas, e todo tipo de oportunistas calam-se diante deste problema ou dizem palavras vazias. Alguns descaradamente provam “teoricamente” que se engajar na luta armada no campo é até “contra-revolucionário” e “pequeno-burguês”! Negam a importância da guerra camponesa, negam a revolução, e negam qualquer mudança significativa. São cegos diante dos problemas das massas. De fato, não as conhecem. Na verdade, estão interessados em suas próprias barganhas eleitoreiras. Será que são realmente amigos do povo? Ou não passam de novos lacaios que se escondem por trás de palavras de ordem “revolucionárias”?
A REVOLUÇÃO AGRÁRIA MAOÍSTA É A RESPOSTA POLÍTICA A ESTA TIRANIA! É A VERDADEIRA LUTA REVOLUCIONÁRIA, CAPAZ DE EMPREENDER A JUSTIÇA , HISTORICAMENTE, DESEJADA PELOS POBRES. REVOLUÇÃO AGRÁRIA JÁ! MORTE AO ESTADO BUROCRÁTICO DO LATIFÚNDIO, DEMOCRACIA POPULAR VIRÁ UNICAMENTE PELA INSURREIÇÃO ARMADA DAS MASSAS!
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