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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Manoel Lisboa, presente!!!


Manoel Lisboa de Moura nasceu em 21 de fevereiro de 1944 em Maceió, capital do estado de Alagoas.
Um dos mais brilhantes comunistas do nosso país, assim como Pedro Pomar. Tornou-se militante comunista aos 16 anos, em 1960, quando entrou para a Juventude Comunista, além de ter participado do processo de reconstrução do Partido Comunista do Brasil em 1962, segundo o camarada Manoel Lisboa, “as posições revisionistas do XX Congresso do PCUS serviram para dar respaldo jurídico ao reformismo do PCB”.
Com o golpe militar de 1964, o jovem Manoel Lisboa teve que se mudar para o Recife, onde lá seria preso pela segunda vez em 1965. Nessa segunda prisão, os seus carrascos queriam que ele renegasse a sua luta como comunista, porém, Manoel Lisboa escreveu uma declaração em que ele se afirmava marxista-leninista e militante do Partido Comunista do Brasil!

Em 1966, quando o Partido Comunista do Brasil adotou a correta linha da guerra popular, optou-se pela construção das primeiras bases guerrilheiras na região do “Bico do Papagaio”, sul do Maranhão e norte de Goiás (atualmente Tocantins), essa região também é conhecida como “Araguaia”, devido ao rio que passa naquela região.
No mesmo ano, alguns membros do PCdoB foram enviados para Shanghai na China, onde receberiam um curso militar de seis meses, entre esses membros estaria o camarada Osvaldo Orlando da Costa, conhecido como Osvaldão, e o camarada Amaro Luiz de Carvalho conhecido como “Capivara”, ex-militante das Ligas Camponesas e um dos fundadores do PCR.
Osvaldão continuou no PCdoB, já Amaro Luiz voltou convencido de que a guerra popular deveria iniciar no nordeste, porém sua idéia não encontrou espaço em meio as lideranças do antigo PCdoB, então rompe com o partido em dezembro de 1966.

Manoel Lisboa é preso novamente em 1966, acusado de participar do atentado à bomba que quase matou o general Costa e Silva no aeroporto dos Guararapes em Recife. Em vista das falsas acusações, Manoel Lisboa é solto e decide viver na clandestinidade.
Apesar de várias dificuldades enfrentadas na construção do partido, o PCR foi responsável pela organização das greves dos canavieiros entre 1967 e 1968.
Seu trabalho não se limitou à apenas criar o Partido Comunsita Revolucionário, mas também soube interpretar corretamente a realidade brasileira da época em sua “Carta de 12 pontos”, onde além de romper com os primeiros oportunistas dentro do PCdoB [1], lançou diretrizes corretas para guiar a revolução proletária brasileira, através do cerco das cidades pelo campo, e que para poder alcançar o socialismo, deveria primeiro passar pela etapa de revolução democrática e antiimperialista.
Além de ter criado a célula para o Exército Guerrilheiro, também esboçou o projeto de um Serviço de Informação Popular, um tipo de agência de espionagem.
Atuando nas regiões canavieiras, Manoel Lisboa compreendeu que a o trabalhador da cana era muito valente para acertar desavenças pessoais, mas, era covarde ao enfrentar a polícia e o patrão, portanto, a atuação do PCR deveria ser voltada para o agreste e o sertão.
O PCR também passou a editar um jornal subversivo chamado “A Luta”.

Jornal "A Luta", editado pelo PCR nos anos 60 e 70.


Em 1969, duas importantes lideranças do PCR são presas, o camarada Capivara e o camarada Ventania, outro antigo militante das Ligas Camponesas. Ventania foi solto em 1970, porém, Capivara foi morto por envenenamento na Casa de Detenção do Recife em 1971.

Assumindo pessoalmente a direção do PCR, Manoel Lisboa organiza a luta nas universidades, e o partido se expande para o Rio Grande do Norte.
Apesar de crítico do modelo foquista, O PCR levou a cabo algumas ações armadas nas zonas urbanas, uma das suas ações mais ousadas foi a do assalto no quartel da Aeronáutica. Aproveitando as Olimpíadas do Exército, o comando liderado por Manoel Lisboa invadiu a base sem disparar um só tiro, tomaram armas modernas.

Um dos maiores golpes sofridos pelo PCR foi em 1973, quando Manoel Lisboa acabou preso ao ter sido delatado por uma militante do partido que não havia resistido à tortura.
O carrasco fascista delegado Sérgio Paranhos Fleury responsável pelas torturas no DOPS de São Paulo, solicitou o envio de Manoel Lisboa, para que ele pudesse torturá-lo pessoalmente, porém, como grande exemplo de comunista, Manoel Lisboa morreu sem revelar nada para os carrascos, pois, o camarada Manoel Lisboa defendia que “delação é traição”.
Ele foi enterrado em uma vala comum no cemitério de Perús em SP, porém, seus restos mortais só foram encontrados em 2003, e sua família pode finalmente dar-lhe um enterro digno.

Manoel Lisboa VS o dogmato-sectarismo do atual PCR

O PCR de Manoel Lisboa existiu como partido até 1981 quando resolveu aderir ao MR-8, porém em 1995 uma parte do MR-8 rompeu e iniciou o “processo de reconstrução do PCR”.
Porém, o atual PCR afirma uma linha antimaoísta, sectária, dogmática e até capituladora, muito semelhante à linha tomada por Enver Hoxha a partir de 1977, e copiada pelo PCdoB após a morte dos dirigentes revolucionários em 1976.
Atualmente o PCR também demonstra seu apoio à “partidos comunistas” eleitoreiros, e aos revisionistas armados das FARC e ELN.

Agora, vejamos aqui o que está escrito a respeito do maoísmo no site oficial do PCR:

“de um lado, o revisionismo soviético, do outro, o misto de esquerdismo e conciliação do Partido Comunista Chinês.”

E eis aqui a visão de Manoel Lisboa a respeito da luta de libertação do Brasil:

“ Guerra popular e cerco da cidade pelo campo.
O cerne da estratégia do proletariado e de seu Partido é o desenvolvimento da guerra popular através da guerra de guerrilhas. A guerra de guerrilhas, através das formas mais primitivas e rudimentares de combate, proporciona às massas organizadas na base de apoio um adequado método de luta, e possibilita que cada elemento de massa se converta num soldado da guerra popular.” (...) “Somente é a guerra que pode inverter os papéis e tornar o inimigo débil e as forças armadas populares fortes.” (...) “Por isso o Partido da Classe Operária deve elaborar sua estratégia e aplicá-la onde se reflete de modo mais agudo a contradição principal. Aí desenvolver, com profundidade, a aliança operário-camponesa, através do deslocamento para o campo dos elementos mais avançados da classe operária, dos intelectuais e estudantes com ideologia do proletariado para criar as bases de apoio rurais.”
(Carta de 12 Pontos, 1966).

Por acaso não foi o presidente Mao Tsé-Tung quem definiu a luta armada do cerco da cidade através do campo? E por acaso não foi também o presidente Mao que ao sintetizar esse modelo de guerra, também definiu como parte do processo a criação das bases de apoio[2]?
Certamente a linha revolucionária do camarada Manoel Lisboa  se assemelha bastante com o modelo traçado pelo presidente Mao Tsé-Tung, com certeza o rompimento de Manoel Lisboa não foi com o “pensamento Mao Tsé-Tung”, mas sim com os oportunistas remanescentes do velho PCB de Prestes, que haviam permanecido dentro do PCdoB.

[1] Apesar da linha correta assumida pelo PCdoB em 1962 e depois em 1966, ainda permaneceram alguns elementos oportunistas com idéias parecidas com as do PCB de Prestes, um deles, era João Amazonas, que conduziria o PCdoB rumo ao reduto social-democrata atual.

[2] As bases de apoio são as famosas “zonas libertadas”, é nas bases de apoio que incia-se a construção socialista do país, cria-se um governo popular, paralelo ao governo burguês, surgem as milícias populares, escolas, e as propriedades dos latifundiários são expropriadas, essas são algumas características das bases de apoio, comandadas pelos Partidos comunistas militarizados sob a luz do marxismo-leninismo-maoísmo.

Tu e eles, música em homenagem a Manoel Lisboa, feito pela banda pernambucana Subversivos:



FONTE:

CMI Brasil, do artigo, Manoel Lisboa um homem de verdade

www.pcr.org.br

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