Esperamos que os camaradas interessados leiam com atenção, e busquem se aprofundar para poder entender o que se passou na misteriosa morte de Lin Piao, e que possam rebater as críticas injustas que foram lançadas sobre ele logo após sua morte. Infelizmente poucas foram as organizações que conduziram um estudo mais detalhado sobre as circunstâncias que ocasionaram a morte deste grande comandante que contribuiu de maneira grandiosa para o avanço do Movimento Comunista Internacional.
Estudar a história e
buscar a verdade nos fatos
Mao Tsé-tung nos ensinou:
“Diante de qualquer coisa, os comunistas sempre devem
perguntar a si mesmos o porquê e utilizar sua própria cabeça para examinar
minuciosamente se corresponde a realidade e se está bem fundamentada; não devem
em absoluto seguir aos outros cegamente nem preconizar o servilismo.
Retifiquemos o estilo
de trabalho no Partido, O.E. tomo III, p. 46, Pequim, 1968
No processo de estudo e investigação a respeito de diversos
aspectos e questões da ditadura do proletariado e a história e desenvolvimento
do movimento operário e comunista internacional, a questão de Lin Piao merece
uma atenção especial. Nesta tarefa prevaleceu o princípio de buscar a verdade
nos fatos. Como apontou Mao Tsé-tung:
Por “fatos” entendemos todas as coisas que existem
objetivamente; por “verdade”, a ligação interna das coisas objetivas, quer
dizer, as leis que as regem, e por “buscar”, estudar.
Reformemos nosso
estudo, O.E. tomo III, Pequim, 1968.
Lin Piao foi um dos dirigentes mais destacados da Revolução
chinesa e em 1969 os Estatutos do Partido Comunista da China (PCCh) aprovados
em seu IX Congresso o definiram como “o íntimo companheiro de armas e sucessor
de Mao Tsé-tung”. É verdade que Lin Piao quis assassinar Mao através de um
golpe de estado contrarrevolucionário apenas dois anos depois? Por acaso eram
verdadeiras as acusações que caíram sob Lin Piao tachando o de “arrivista
burguês, renegado e traidor” como Zhou En-Lai o qualificou em 1973 no X
Congresso do PCCh e a posterior infame e tergiversadora campanha de crítica que
se lançou sobre ele na China – ligando seu nome ao de Confúcio –
adicionando-lhe os qualificativos não menos ofensivos como palhaço,
latifundiário, falsificador político, vende-pátria, caudilhista militar, e
enganador político que não lia livros, jornais, nem documentos, déspota,
cachorro de colo da burguesia, parasita, escória, elemento nocivo, luxurioso,
dissipado, superespião, imbecil, covarde, etc, etc?
Na luz dos fatos e investigação realizada pelo Grande Marcha
Ao Comunismo, a acusação que a diração do Partido Comunista da China verteu
desde 1972 até a atualidade sore Lin Piao qualificando-o como um
contrarrevolucionário que queria capitular ante o social-imperialismo soviético
resulta completamente falsa. Esta acusação foi assumida de forma seguidista
pela grande maioria dos partido e organizações integrantes do movimento
marxista-leninista-maoísta da época [1]. Passadas mais de três décadas e apesar
da documentação que apareceu ao longo deste tempo que coloca por terra as
acusações da direção do PC da China contra Lin Piao desde 1972 até a atualidade
[2], a maioria dos partidos que se declaram marxista-leninista-maoístas – como
os que integram ou apoiam o Movimento Revolucionário Internacionalista (MRI),
não só não fizeram uma valorização científica do papel de Lin Piao e os motivos
que levaram ao seu assassinato, mas persistem em seus ataques contra ele,
afastados do princípio de buscar a verdade nos fatos.
Aqueles que negam a atividade revolucionária de Lin Piao e
que veem apenas os aspectos negativos – o que qualificam como “linpiaoísmo” ou
sinônimo de militarismo, de dar mais importância ao militar que ao político [3]
se enganam. Se existiu de verdade um “linpiaoísmo” este nada tem a ver com os
ataques e injúrias vertidos sobre Lin Piao, senão a se referir para defender as
conquistas da Grande Revolução Cultural Proletária, a luta contra o
imperialismo yankee e o social-imperialismo soviético, etc. É necessário que
Lin Piao seja, de uma vez por todas, corretamente apreciado.
Uma vida à serviço da
causa da revolução e do comunismo
Lin Piao nasceu em 5 de dezembro de 1907* na localidade de
Huanggang, província chinesa de Hubei. Sendo estudante secundarista, esteve
envolvido nas greves de 30 de Maio e no boicote de 1925, fazendo parte da
Associação para o Bem-estar Social de Wuchang, presidida por Yun Tai-ying (que
anos mais tarde seria um dos principais dirigentes comunistas assassinados pelo
Kuomintang). Aos 19 anos, Lin Piao entra na academia militar Whampoa e em 1926
ingressou no Partido Comunista da China. Logo se destacou por seu excepcional
talento estratégico. Tendo alcançado muito jovem o posto de coronel, em 1927 se
une com seu regimento aos grupos guerrilheiros comunistas liderados por Mao
Tsé-tung.
Lin Piao dirigiu o I Corpo do Exército do Exército Vermelho
chinês e dirigiu pessoalmente a vanguarda do mesmo durante o gesto da Grande
Marcha (1934-1935) e participou na ocupação de Yenan em dezembro de 1936. Seus
escritos desta época são sobre “Revolução e Guerra”, no qual faz ênfase nos
problemas do contato com as massas e estabelece junto a Mao Tsé-tung os
regulamentos do Exército Vermelho, segundo os quais os soldados devem ajudar
aos camponeses e introduzi-los nas ideias comunistas pela sua conduta exemplar.
Durante a resistência contra a invasão da China pelos
imperialistas japoneses, Lin Piao dirigiu os destacamentos do Exército Vermelho
(que passou a denominar-se Oitavo Exército da Rota) no norte de Shansi. Sua 115ª
Divisão deu uma formidável derrota às tropas invasoras japonesas. Após ficar
ferido em combate em 1938, passou dois anos de convalescência médica na URSS.
De volta à China, Lin Piao se incorpora à direção da luta
revolucionária. Após a expulsão dos invasores japoneses, iniciada a Terceira
Guerra Civil Revolucionária contra Chiang Kai-shek – que apoiava o imperialismo
norte-americano -, em 1946 é designado comandante em chefe do Exército Vermelho
na Manchúria. Em apenas um ano suas tropas cercaram e derrotaram o núcleo das
forças de Chiang Kai-shek, armadas e treinadas pelos imperialistas ianques,
capturando ou liquidando a 36 generais inimigos. Após a vitória do Exército
Vermelho na Manchúria, Lin Piao esmagou o grosso das forças de Chiang Kai-shek
no norte da China, antes de marchar sobre Pequim que se rendeu sem opor
resistência alguma. Derrotado Chiang Kai-shek, em 1 de Outubro de 1949 Mao
Tsé-tung proclamou na Praça de Tian An-men em Pequim, a República Popular da
China.
Em 1950, ao eclodir o conflito armado na Coréia, Lin Piao
dirigiu o “Corpo de Voluntários Populares Chineses” em apoio ao corpo coreano
contra o imperialismo ianque e seus títeres da Coréia do Sul. Em uma
contraofensiva que tomou de surpresa o comando norte-americano no sul do país dirigido
pelo general MacArthur, e utilizando a tática de “maré humana”, empurrou as
tropas da coalizão ianque e seus aliado até quase a derrota-los. Acometido de
uma doença, Lin Piao foi retirado do cenário bélico coreano e trasladado para
sua recuperação novamente na URSS. Mao Tsé-tung falou de Lin Piao como
“marechal sem par” e “o marechal invencível”. Stalin disse que ele era “a
primeira hierarquia chinesa cuja inteligência e coragem superam a todos. Seu
punho vermelho de ferro”.
De volta à República Popular China, após ter sido varrida a
linha oportunista de direita de Peng Dehuai na VIII Sessão Plenária do Comitê
Central do PCCh celebrada em agosto de 1959, Lin Piao foi nomeado Ministro da
Defesa, Vicepresidente executivo da Comissão Militar e membro do Comitê
Permanente do Bureau Político do PCCh.
Após a X Sessão
Plenária do VIII Comitê Central do PCCh – que assentou as bases do Movimento de
Educação Socialista – Lin Piao, a frente do Exército Popular de Libertação da
China (EPL), iniciou em seu seio profundas transformações, destacando a
abolição dos cargos – incluindo o seu próprio cargo de marechal – assim como os
privilégios que os oficiais gozavam, e fortaleceu suas fileiras no trabalho
político e ideológico, Lin Piao assim popularizando o maoísmo através da
compilação e edição feitas por ele mesmo da primeira edição do livro de
Citações do Presidente Mao Tsé-tung (1964) – o famoso Livro Vermelho – o que se
traduziu em converter o EPL em um poderoso bastião e suporte do
marxismo-leninismo-maoísmo.
Em seu histórico trabalho “Viva o Triunfo da Guerra Popular”
(publicado em 3 de setembro de 1965), Lin Piao sistematizou brilhantemente e
estendeu em escala mundial a teoria da guerra popular de Mao Tsé-tung,
desenvolvendo a tese de que as “zonas rurais” do mundo, isto é, Ásia, África e
América Latina, cerquem as chamadas “cidades do mundo”, referindo-se à América do
Norte e Europa Ocidental, além de destacar já então a decisiva importância da
ideologia maoísta ao afirmar que Mao Tsé-tung “desenvolveu de maneira criadora
o marxismo-leninismo, proporcionando novas armas ao arsenal geral do
marxismo-leninismo”.
Em 1966, a imprensa da República Popular da China se referia
às teses de Lina Piao como parte integral do Pensamento de Mao Tsé-tung e o
Partido Comunista da China declarou Lin Piao como “o íntimo companheiro de
armas de Mao Tsé-tung”. Após o XI Pleno do Comitê Central do Partido Comunista
da China celebrado em agosto de 1966, que aprovou a histórica “Decisão do
Comitê Central do Partido Comunista da China sobre a Grande Revolução Cultural
Proletária”, Lin Piao foi designado como vice-presidente do Partido, primeiro vice-presidente
do comitê de assuntos militares do Partido primeiro vice-presidente do conselho
de estado.
Foi em seu papel como dirigente, lado a lado com Mao
Tsé-tung, da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-1969) contra a linha
burguesa e revisionista dentro do Partido propugnada por Liu Shao-qi, Deng
Xiaoping e outros, que, alcançou um enorme prestígio tanto entre o proletariado
e o povo chinês como também entre o proletariado e as massas revolucionárias do
mundo inteiro. Foi precisamente este trabalho de líder revolucionário que lhe
valeu pronunciar seu importantíssimo Informe ante o IX Congresso do Partido
Comunista da China (1 de abril d 1969) e que os Estatutos aprovados pelo dito
Congresso definiram a Lin Piao como “o íntimo companheiro de armas e sucessor
de Mao Tsé-tung”.
Por que eliminaram
Lin Piao e seus seguidores?
A eliminação de Lin Piao e seus seguidores dentro do PC da
China e do EPL se produziu como resultado da luta que teve lugar ao finalizar a
década de 60 do século passado entre as diferentes opiniões que no seio do PCCh
desejavam avançar e aprofundar a Grande Revolução Cultural Proletária
(liderados por Lin Piao e Chen Bo Da), e os que queriam frear e paralisa-la
(encabeçados por Zhou En-lai). A luta parece que se iniciou durante os
trabalhos do IX Congresso do PCCh e se prolongou posteriormente na II Sessão
Plenária do IX Comitê Central, - celebrada em Lushan (agosto de 1970) – a
respeito de questões como o papel do Partido e
do EPL após a Grande Revolução Cultural Proletária, sua relação com os
novos Comitês Revolucionários, a continuidade ou não do Grupo Central da Revolução
Cultural, etc. As acusações lançadas contra Lin Piao e Chen Bo Da,
convertendo-lhes como responsáveis de “louvar ao gênio” – para se referir à Mao
– tergiversam a realidade dos fatos [4].
Uma das razões chaves que culminaram com a liquidação de Lin
Piao foram as divergências no início dos anos 70 do século vinte sobre a
situação internacional e o estabelecimento de uma aliança entre a República
Popular da China de um lado e o imperialismo norte-americanos e seus aliados
ocidentais de outro, para fazer frente à agressividade militar da URSS, linha esta
elaborada por Zhou En-lai e que se concretizaria na chamada “teoria dos três
mundos” – formulada formalmente em abril de 1974 na boa de Deng Xiaoping no
discurso que pronunciou diante da VI Sessão Extraordinária da Assembleia Geral
da ONU. Tal linha foi apoiada por Mao Tsé-tung, Jiang Qing, Zhang Chunqiao,
Wang Hongwen, Yao Wenyuan e Kang Shen, e a que se opôs Lin Piao e seus
seguidores.
Enquanto Zhou En-lai e os seus manobravam na arena
diplomática para assentar as bases da aliança sino-americana e preparar as
visitar dos líderes máximos do imperialismo norte-americano na R.P. da China,
primeiro do secretário de estado Henry Kissinger e logo o presidente Richard
Nixon, Lin Piao não cessou de defender sua postura de clara oposição à mesma.
Assim, por exemplo, em 9 de julho de 1971, como ministro da defesa, Lin Piao
dirigiu uma carta ao vice-presidente do conselho de ministro e ministro da
defesa da República Popular da Albânia, Beqir Balluku, com motivo do XXVIII
aniversário de fundação da Exército Popular da Albânia, a qual finalizava com
as seguintes palavras: “O imperialismo norte-americano e o social-imperialismo
soviético se encontram em um dilema sem precedentes, e já não está longe de sua
ruína final. Que os povo da China e Albânia nos unamos com todos os povos do
mundo e nos esforcemos juntos para derrotar cabalmente os agressores ianques e
todos os seus lacaios!” [5]
Não poderia haver nada mais ridículo na atualidade – e o
contrário é colocar uma venda nos olhos para não ver – que seguir aceitando a
falsa, e desbaratada e rocambolesca história oficial segundo a qual Lin Piao
capitulou diante do social-imperialismo soviético e morreu tentando fugir para
a URSS chocando-se sobre a Mongólia no avião em que viajava.
A purga e eliminação física d Lin Paio e seus partidários se
iniciou na madrugada de 9 de setembro de 1971. A respeito existem distintas
versões: segundo umas fontes Lin Piao, sua esposa Ye Chun – também dirigente do
PCCh e seu filho Lin Li Kuo, comandante suplente do grupo aéreo a cargo da fronteira
com a República Popular da Mongólia e vice-diretor do comando de ataque da
força aérea, após serem detidos e negarem-se a afirmar confissões sobre suas
supostas conspirações, foram assassinados em alguma prisão militar de Pequim ou
no aeroporto [6]; segundo outra versão, Lin Piao e sua esposa Ye Chun foram
assassinados em Pequim por forças de uma unidade militar especial de segurança,
que lançou vários projéteis sobre o carro em que viajavam, o qual acabou
destruído, resultando ambos mortos no ato. Todas as versões apontam que as
ordens vieram de Zhou En-lai.
“Na noite de 9 de setembro - escreve Robinson Rojas,
comunista e periodista chileno que viveu na China nos anos de 1970-71 – foram
desmembrados o estado maior geral do EPL, o estado maior da força aérea, da
marinha e do exército, e purgados o departamento político geral do EPL, a
direção geral de logística e o departamento de ferrovias militares. No total,
cerca de 35 generais foram aprisionados nessa noite.
(...)Os generais Juang Yung-sheng e Li Tsuo-peng foram
aprisionados em seus automóveis quando se dirigiam da embaixada da Coréia para
o ministério de defesa no centro de Pequim. Assim, na meia-noite de 9 de
setembro de, cinco dos oito membros do estado maior geral estavam presos: os
generais Juang, chefe do EMG e membro do bureau político do Partido, Wu
Fa-sien, subchefe do EMG e membro do bureau político e chefe da força aérea;
Chu Jui-tsuo, subchefe, e membro do bureau político e comissário político da
marinha; Yen Chung-chuan, membro suplente do comitê central, subchefe. O
subdiretor do departamento político general, membro suplente do comitê central,
Juang Chi-yung, também estava preso. Dito em linguagem política. Oito dos 25
membros do bureau político do partido, a mais alta instância de poder na China,
estavam sob as baionetas ao terminar o banquete na embaixada da Coréia. Junto a
estes oito, quase trinta generais do comando superior. O golpe de mão das
forças de Zhou foi dado em mais estrito segredo” (...) [7]
“Uma recontagem de pessoas que acompanharam a sua queda [Lin
Piao] – aponta em relação com estes mesmos acontecimentos o periodista e
escritor K.S. Karol que se encontrava na China em 1971 - permite apreciar sua amplitude: dos vinte e
um membros titulares da secretaria política, somente dez permaneceram em
funções (...) Por outra parte, mais se sessenta cargos e, entre os destituídos,
figuravam “celebridades nacionais” como P’an Fu-chi, promotor da tomada de
poder “modelo” na província de Heilungkiang, Wang Xiao-yu, presidente do Comitê
Revolucionário de Shantung (citado igualmente como exemplo para a nação em
1967), Liu Ko-ping e Chang Jih-ching, presidente e vice-presidente
respectivamente do bem aclamado Comitê Provincial de Shansi; e a lista não acaba aqui, nem muito menos. No
Exército Popular de Libertação, a derrubada alcançou o chefe do estado maior, a
três de seus adjuntos, e a maioria dos responsáveis pela aviação, da
infantaria, dos serviços políticos da marinha e a militares de diferentes
graduações nas províncias. Esta recontagem ainda sendo provisório, faz pensar
que os “conspiradores” não careciam de partidários no conjunto das instituições
que havia criado a revolução cultural, e que estavam recrutados entre os
melhores ativistas do movimento que, nos anos anteriores, haviam fixado
objetivos como alcançar topos “que o nada havia alcançado o nunca”. Na
realidade, no caso de que os conceitos de “maioria” e de “minoria” puderam ter
um sentido em um assunto em que o voto não intervinha, deve-se admitir que foi
uma minoria quem impulsionou a nova linha internacional e interior” [8]
Após a eliminação de Lin Piao e seus partidários em 1971, a
política de colaboração com o imperialismo norte-americano avançou a passos
gigantescos, convertendo-se no eixo da política exterior da República Popular
da China, concretizando-se na contrarrevolucionária “teoria dos três mundos”,
desenhada por Zhou e Deng. E isto é mais claro que água – ou como diz um ditado
espanhol “não há mais cego do que aquele que não quer ver”. A eliminação de Lin
Piao e seus seguidores significou a liquidação daqueles que no seio do PCCh e
do EPL rechaçavam a aproximação com o imperialismo norte-americano, então
encabeçado pelos assassinos Nixon e Kissinger, e sua aproximação com governos
reacionários pró-ianques (como o de
Franco na Espanha, o de Pinochet no Chile, o de Marcos nas Filipinas, ou o de
Mobotu no Congo).
Em vista dos fatos é incorreto qualificar a Lin Piao como um
contrarrevolucionário com base na campanha carregada de falsidades lançada após
o seus assassinato. A liquidação física de Lin Piao e a eliminação e depuração
de seus seguidores não somente teve um efeito traumático na China senão criou
um terreno fértil para que o revisionismo voltasse a ganhar pedaços de poder
que havia perdido durante a Grande Revolução Cultural Proletária, culminando
com o golpe de estado contrarrevolucionário na morte de Mao Tsé-tung em outubro
de 1976 e a restauração do capitalismo nas mãos de Hua Guofeng e Deng Xiaoping
e sua companhia.
Em escala internacional para muito muitos militantes e para
muitos militantes e simpatizantes do movimento marxista-leninista-maoísta e da
República Popular da China, a forma em que a direção do PCCh abordou a morte de
Lin Piao criou confusão, muitas perguntas ficaram sem respostas, muitas dúvidas
sem solução, o que trouxe como resultado que o PCCh – somado com a sua nova
política internacional de colaboração com o imperialismo ianque e seus lacaios
burgueses na Europa e outros países do mundo, consequência da teoria dos três
mundos – começou a perder prestígio e autoridade entre os comunistas e
revolucionários do mundo.
É preciso pontualizar que as posições errôneas de Mao
Tsé-tung condenando a Lin Piao e apoiando a linha direitista de capitulação
diante dos imperialistas ocidentais para frente ao social-imperialismo
soviético – que tinha Zhou En-lai como máximo ideólogo, de modo algum encobrem
a grandiosa vida e obra política de Mao Tsé-tung ao longo de mais de 50 anos.
Foram erros no curso de luta com problemas de grande envergadura tanto na nova
experiência que supôs a Grande Revolução Cultural Proletária – primeira revolução
proletária sob o socialismo – como na complexa situação internacional no final
dos anos 60 e início dos anos 70 do século vinte, consequência da feroz
rivalidade entre o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo
soviético em escala mundial e a linha tática derivada dele e elaborada por Zhou
En-lai, apoiada Mao Tsé-tung e outros dirigentes chineses como Wang Hongwen,
Jiang Qing, Zhang Chunqiao, e Yao Wenyuan os quais, após a morte de Mao
Tsé-tung, em outubro de 1976 ao se produzir o golpe de estado
contrarrevolucionário de Hua Guofeng foram detidos, encarcerados, e julgados
pelos revisionistas chineses. De modo algum, no caso de Mao Tsé-tung, se
deveram a problemas ideológicos fundamentais.
Retomar a vida e a
obra de Lin Piao
Os marxistas-leninistas-maoístas, os comunistas e
revolucionários devem opor-se a crítica inadequada de Lin Piao, feita com
argumentos falso e com métodos errôneos.
Porque Lin Piao, na luta contra a burguesia e seus agentes,
contra o oportunismo e o revisionismo de todo o tipo, defendendo o
marxismo-leninismo-maoísmo.
Porque Lin Piao, com suas obras e escritos teóricos,
políticos e militares fez um aporte inapagável ao marxismo-leninismo-maoísmo e
ao Movimento Comunista Internacional.
Porque na vida de Lin Piao, o Partido Comunista da China e o
Governo da República Popular da China, aplicaram uma política exterior que
correspondia ao internacionalismo proletário e prestaram grande ajuda às lutas
revolucionárias dos povos de diversos países (Coréia, Vietnã, Índia, Filipinas,
Malásia, Colômbia, Brasil, Palestina, França, Itália, Espanha, etc.).
Porque Lin Piao se colocou na frente da corrente histórica,
dirigindo a luta revolucionária; foi inimigo irreconciliável do imperialismo,
do social-imperialismo, e de todos os reacionários.
Porque a vida de Lin Piaio foi a vida de uma grande
marxista-leninista-maoísta, de um grande revolucionário proletário.
Lin Piao foi um grande
marxista-leninista-maoísta, que defendeu o marxismo-leninismo-maoísmo de todos
os inimigos e revisionistas tanto de dentro como de fora da China e fez uma
valiosa contribuição em sua compreensão e desenvolvimento. Lin Piao conta com
grandes métiros no desenvolvimento e vitória da Revolução Chinesa, e muito
especial no lançamento e desenvolvimento do Movimento de Educação Socialista
(1963) e a campanha no seio do Exército Popular da China para o estudo do
Pensamento Mao Tsé-tung (1964). E, sobretudo e muito especialmente, na gestação
e desenvolvimento da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-1969), que
impediu a restauração do revisionismo e o capitalismo na China durante alguns
anos (mas até se produzir em 1976 o golpe de estado de Hua Guofeng após a morte
de Mao Tsé-tung) e supôs um avanço para o Moimento Comunista Internacional e as
lutas de libertação dos povos do mundo inteiro.
Por todas estas razões Lin Piao
gozou de uma grande autoridade não só entre o proletariado e as massas
populares da República Popular da China mas também entre o proletariado e as
massas populares dos cinco continentes. Nas questões essenciais, como é defesa
dos interesses do proletariado e da teoria marxista-leninista-maoísta, na luta
contra o imperialismo e o social-imperialismo, o revisionismo, e demais
inimigos do socialismo, Lin Piao foi e será sempre um exemplo para os
comunistas e revolucionários.
Por tudo isto, os
marxistas-leninistas-maoístas, os comunistas e revolucionários do século vinte
e um devem retomar a vida e obra de Lin Piao.
O proletariado internacional, e o
Movimento Comunista Internacional contam na atualidade com uma imensa bagagem
de experiências, tanto positivas como negativas, para afrontar as novas batalhas
contra a burguesia o imperialismo e a na grande marcha até o socialismo e o
comunismo. E, muito especialmente, contam com a ideologia do
marxismo-leninismo-maoísmo, a ciência da revolução elaborada por Marx, Engels,
Lenin, Stalin e Mao Tsé-tung, resultado de todo o período histórico iniciado no
século XIX com a Primeira Internacional, passando pela Comuna de Paris, a
Grande Revolução Socialista de Outubro na Rússia e a construção da URSS, a Terceira
Internacional Comunista e a Grande Revolução Cultural Proletária na China.
Grande Marcha ao Comunismo – agosto 2006.
*Nota do Grande Dazibao: segundo nos informa o site Wikipédia, o
ano de nascimento de Lin Piao é 1907, e não 1908 como diz no texto original.
[1] A saber, só um punhado de
organizações como a Liga Marxista-Leninista da Itália (que tinha sua base em
Bresciae editava o periódico “Lott adi classe”) ou o Partido Comunista da Índia
(Marxista-Leninista), liderado por Mahadev Mukherjee após o assassinato de
Charu Mazumdar, continuaram defendendo a Lin Piao depois de 1972. Na Espanha
parece que nenhuma organização de ideologia maoísta manteve esta mesma posição.
A atitude dos partidos e organizações alinhados ideologicamente com o PC da
China seguiram então uma postura seguidista e acrítica a respeito desta na
questão de Lin Piao.
[2] Ver, por exemplo, Livio
Maitan, O Exército, O Partido, e As Massas na Revolução Chinesa, Akal Editor,
Madri 1978; Richard Wich, a crise política sino-soviética, Fundo de Cultura
Econômica, México 1983; Yao Ming-le, Conspiração e Morte de Lin Piao, Editorial
Argos Vergara, Barcelona 1984; Chen Jian, A China de Mao e Guerra Fria, Edições
Paidos Ibérica, Barcelona 2005.
[3] Não ajuda o avanço e fortalecimento
ideológico dos partido e organizações marxistas-leninistas-maoístas seguir
apresentando Lin Piao na atualidade como um renegado junto a Liu e Deng e negar
a responsabilidade que teve Mao Tsé-tung na mudança de orientação na política
do PC da China em princípios dos anos 70 do século vinte, estabelecendo uma
aliança com Nixon e o imperialismo norte-americano – como fez por exemplo o
Partido Comunista do Nepal (maoísta) quando afirmava em sua II Conferência de
fevereiro de 2001:
Algumas pessoas não compreendem a complexidade da revolução cultural de
culpam a Mao por uma série de compromissos no período mais tardio, o que é
completamente errôneo
Some important documents of Communist Party of Nepal (Maoist), p. 57,
Janadisha Publications, Nepal 2004.
[4] Não esqueçamos que o próprio
Mao Tsé-tung em sua conversa com Edgar Snow em 1965 declarou que era necessário
mais culto à personalidade; que Zhou En-lai no IX Congresso do PCCh exaltou o
desenvolvimento do marxismo-leninismo de Mao com os qualificativos “com gênioe
de forma criativa”. Kang Sheng em um discurso pronunciado em 21 de janeiro de
1967se referia “ao presidente Mao que imprime ao Marxismo-Leninismo um impulso
fecundo, a ele o chefe supremo dos povos do universo, e seu genial pensamento”.
Também em 1968, Jian Qing proclamava um discurso “... é a voz de nosso grande
chefe, o presidente Mao! Longa vida ao Presidente Mao!” (Pequim Informa 68/37
17 de setembro de 1968) e Yao Wenyuan em um artigo publicado na Pequim Informa
68/35, de 3 de setembro de 1968, se referia à Mao Tsé-tung como “o grande chefe
da classe operária”, etc, etc.
[5] Robinson Rojas, “China: uma
revolução em agonia”, Edições Martinez Roca, Barcelona 1978, pp 282-283.
[6] Ibid., p. 293
[7] Ibid., p. 291
[8] K. S. Carol, “A segunda
revolução chinesa”. Seix Barral, Barcelona 1977, pp. 476-477
Não foi o lin pião responsável pela teoria do gênio? Teoria essa que influenciou o culto ao indivíduo e posteriormente esses pensamentos guias messiânicos.
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