Guerrilheiros do EPL, da Colômbia em meados dos anos 70 |
Trecho extraído do
artigo “Colômbia: A estratégia da guerra popular”, de autoria do Grupo
Comunista Revolucionário da Colômbia. O artigo completo foi publicado em inglês
pela revista do Movimento Revolucionário Internacionalista “A World To Win” em
1988.
Extraímos este trecho
pois reúne um pouco da história, e crítica ao PCCML, expondo alguns pontos que
deram origem ao revisionismo hoxhaísta que assumiu a total direção deste
partido a partir de 1980, colocando fim em ao processo de guerra popular que
vinha sendo conduzido na Colômbia desde 1968, o que se consumou de fato com os
acordos de paz assinados em 1984.
O PCCML que existe
atualmente é uma dissidência que surgiu algum tempo após a capitulação.
Retomaram a luta armada e o braço armado Exército Popular de Libertação com um
número pequeno de combatentes, porém, em nada lembram o PCCML pré-1980, ao
contrário, se assemelham muito com as FARC e ELN, tanto na prática do foco
armado, quanto no discurso de buscar “solução política para a luta armada”.
Lutar contra...?
O caminho colocado adiante para a revolução pelos
revisionistas do Partido Comunista da Colômbia (Marxista-Leninista), o PCC(ML),
é também o caminho insurrecional, a essência da presente linha do partido teve
suas origens no II Congresso do Partido em 1980 quando o partido foi
“reestruturado” na base do hoxhaísmo. Naquela época, eles usaram o pretexto de
repudiar seus “desvios maoístas” anteriores, repudiar o
Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung e o conceito de guerra popular.
Prontamente, em seu I Congresso de Fundação em 1965, -o PCC
(ML) considerado em si uma continuação do antigo PC e anterior ao nono
congresso- O PCC(ML) sustentava desde então que a Colômbia é “um país
predominantemente capitalista com remanescentes feudais, a revolução não
poderia ser democrático-burguesa (de novo tipo) ou de Nova Democracia, mas ao
invés disso “patriótico-popular-anti-imperialista”, isto é, popular mas não
democrática. Na realidade, eles chamavam para uma revolução semisocialista.
Eles se referiam à “revolução continental”, negando as várias revoluções
nacionais; negavam a existência de uma burguesia nacional. Eles sustentavam que
as condições para a revolução são criadas pelas guerrilhas em si, atuando como
um “foco insurrecional”. O PCC(ML) não foi fundado no I Congresso baseando-se
na direção do Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung, ao contrário, pelas
teses guevaristas e trotskistas.
Todavia, o Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung pode
exercer alguma influência, embora somente no senso da errônea ideia que alguns
podiam aceitar certos aspectos da teoria militar desenvolvida por Mao Tsé-tung.
O PCC(ML) impulsionou-se pelas águas ecléticas de 1965 a
1976, quando definitivamente se dividiu à parte. Estas concepções do partido, a
frente e o exército revolucionário eram erradas. O Exército Popular de
Libertação (EPL) era o “braço armado” do partido, e a frente – que era chamada
de “Frente Patriótica de Libertação Nacional” era realmente uma forma de
frentismo tradicional da América Latina. Na realidade, o PCC(ML) nunca tomou a
revolução de Nova Democracia. A fragmentação produzida pela decomposição
política e ideológica através daqueles que abandonaram o
Marxsimo-Leninismo-Maoísmo e conduziram por baixo uma das frações para
“reconstruírem-se” na imagem do hoxhaísmo em 1980, desde então o revisionismo
da organização que se autoproclama atualmente como PCC(ML), teve suas próprias
raízes distintas.
A análise dos revisionistas do PCC(ML) deste período é a
seguinte: “Em 1965 o pessoas começaram a se infiltrar no nordeste para
trabalhar e criar condições para os levantes. Logicamente, os erros foquistas
foram corrigidos no curso desse trabalho, mas havia permanecido a influência
negativa da teoria de guerra popular de Mao Tsé-tung .”
Esta “influência negativa” da teoria e estratégia da guerra
popular – de acordo com os hoxhaístas – era um verdadeiro primitivismo na
direção da luta armada. Foi positiva no senso de levantar a questão da guerra
popular, mas continua de primeira, o PCC(ML) não foi consistente na autocritica
que fez do seu foquismo e não rompeu na teoria e nem na prática com esta
concepção revisionista.
Por um longo tempo o PCC(ML) promoveu Mao Tsé-tung e a
Grande Revolução Cultural Proletária mas não estava fazendo isto sozinho;
muitas outras organizações e círculos definiram-se como defensores do
Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung. Ainda levando este aspecto positivo
em consideração, o que realmente tomou lugar no “movimento maoísta” na Colômbia
nos anos 60 foi uma corrente revisionista expressa em duas formas diferentes.
Primeiro, havia a aproximação foquista para a luta armada, representada pelo
PCC(ML). A coisa positiva que havia era que defendiam a importância da luta
armada para fazer a revolução, e sustentavam que não havia outro caminho; o
lado negativo era que não havia entendimento da diferença entre luta armada e
guerra popular, que a guerra popular não era apenas guerra de guerrilha,
entretanto guerra de guerrilha é fundamental, e não havia preparação
ideológica, política, e organizacional para conduzir a guerra popular. O EPL
não surgiu como resultado de trabalho planejado, mas ao contrário, por causa da
“necessidade do momento”, para defender algo. As experiências de outras frações
que surgiram fora do velho PCC(ML) que conduziram luta armada, como o
Destacamento Pedro Leon Arboleda (EPL), foram baseadas na combinação
revisionista de Guevara e Marighela [um brasileiro que escreveu o Mini manual
do Guerrilheiro Urbano nos anos 60 – AWTW] e não assumiram a linha militar do
proletariado.
A outra principal tendência no “movimento maoísta” era a
corrente revisionista que aceitava a guerra popular em palavras mas jamais a
conduziu em realidade, e adiou o trabalho de preparar a guerra popular porque
“as condições objetivas e subjetivas para a revolução não existiam.” Uma
concepção errônea das pré-condições impediu a acumulação de forças através da
luta armada. Considerando as condições objetivas, foi dito que primeiro era
necessário vencer as amplas massas da nação através dos movimentos econômicos
de massas. Isto estava ligado na critério que via a situação revolucionária
como embora pudesse se desenvolver pelas linhas da revolução russa. Considerando
as forças subjetivas, foi dito que era necessário construir o partido,
desprendendo o partido de construir o exército e a frente. O exército foi dito
ser a “aliança armada” do partido e a frente, de acordo com algumas
organizações, era o pretexto para engajar-se no cretinismo parlamentar. Algumas
organizações “ML”, por exemplo, conduziam a linha de “organizações
político-militares.” Eles conduziam ações armadas sem realmente estarem em uma
guerra, uma versão em pequena escala do foquismo. Estes desvios devem ser
resolutamente corrigidos e combatidos para substitui-los corretamente com o conceito
comunista revolucionário da guerra popular, na teoria e na prática da luta de
classes, da ação revolucionária das massas...
Agora o PCC(ML) repudiou o Marxismo-Leninismo- Pensamento
Mao Tsé-tung, a teoria de Nova Democracia, e a estratégia e teoria da guerra
popular. Mas o que é proposto no lugar?
Em primeiro lugar, eles se definem como Marxista-leninistas
planos. É possível definir alguém como “ML” sem reconhecer Mao Tsé-tung? Claro
que não. Não é possível ser Marxista-Leninista sem reconhecer e defender as
contribuições imortais de Mao Tsé-tung para a ciência da revolução, em todos os
seus aspectos e não apenas considerando poucos pontos da teoria militar, sem
reconhecer que a ciência da revolução é harmoniosa e integral como num todo
chamado Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung.
A questão de se construir ou não sobre a base do
Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung é ultimamente uma questão de estar
ou não procurando uma revolução real. Este repúdio a Mao Tsé-tung o coração do
revisionismo do PCC(ML), desde que linha política errônea se levantou num todo.
Segundamente, eles pregam a estratégia insurrecional e a
revolução socialista. Mas o caminho insurrecional que eles arguem para uma
combinação de caminho insurrecional, o “caminho de Outubro” que Lenin formulou
para os países imperialistas, junto com uma forte dose de sandinismo. Em uma
nação oprimida pelo imperialismo, a revolução vai através de dois estágios: a
revolução de Nova Democracia, e a revolução socialista. Para combinar ecleticamente
estes dois diferentes estágios em um não é uma demonstração de “pureza
ideológica”, mas de um profundo desvio ideológico e análise errônea da
sociedade colombiana. A revolução na Colômbia não pode ser uma revolução
proletária-socialista porque os interesses das diferentes classes e camadas
sociais opostas às classes reacionárias correspondem à democracia e não ao
socialismo. O que a história demanda é varrer para longe a dominação do
imperialismo, capitalismo burocrático e semifeudalismo, e varrer para longe
estes inimigos não constitui socialismo mas sim democracia, isto é, Nova
Democracia.
A revolução de Nova Democracia abole somente a propriedade
privada dos imperialistas, grande burguesia, e grandes proprietários de terras.
Mas os revisionistas trotskistas do PCC(ML) sustentam que o que deve ser
abolido é toda propriedade privada, todo o capitalismo na Colômbia em geral, em
“uma única passada de caneta”, apenas porque este é o desejo subjetivo de um
punhado de pessoas, sem tomar em conta o fato que existem classes burguesas e
camadas sociais que não fazem parte do alvo da revolução nacional-democrática.
Quando os hoxhaístas do PCC(ML) arguem pela sua revolução socialista, o que
significa é que eles não querem alguma revolução. O PCC(ML) diz que a Colômbia
é um “país capitalista de monopólio estatal”, aceitando as visões
pró-soviéticas nesta consideração. A raiz da questão não está numa discussão
sobre se é ou não estado de capital monopolista, mas antes, em caracterizar o
que este conceito significa para uma nação oprimida. A questão é, que tipo de
capitalismo existe na Colômbia? O capitalismo monopólio de estado não é tipo de
capitalismo encontrado em um país imperialista; não é o capital financeiro
imperialista, mas antes, uma forma específica e particular chamada capitalismo
burocrático. Para conduzir sua dominação, o imperialismo cria o capital
burocrático. Mas desde que o PCC(ML) também distorce a distinção entre países
imperialistas e países oprimidos pelo imperialismo, seu “capitalismo de monopólio
estatal” é o mesmo que capital financeiro imperialista.
Isto é errado, para crer que na Colômbia há um “capital de
monopólio estatal” remontando um capitalismo financeiro imperialista deve ser
inevitavelmente guiado, na esfera da política, para a linha que incorretamente
fala sobre a existência de “fascismo” definido como a ditadura da seção mais
reacionária da burguesia, e esfera econômica para a conclusão que o
imperialismo equaliza as corporações transnacionais, o FMI, o Banco Mundial,
etc, e que constitui um “inimigo externo.” Um ecletismo estranho. Na Colômbia
há não há burguesia financeiro nem capital financeiro; o que existe é uma
burguesia burocrática que administra o capital financeiro do imperialismo sem
ser proprietária daquele capital. Este “estado de monopólio capitalista” é
cerradamente ligado com o capital imperialista, com os interesses dos
compradores e com os interesses dos latifundiários. Na realidade, este “capital
de monopólio estatal” é capitalista burocrático (comprador e feudal).
Desde que o PCC(ML) vê a Colômbia como um país capitalista, fica
claro que estes pregam a revolução socialista, insurreição e guerra civil. Em
ordem para conduzir este tipo de revolução, eles avançam uma Frente Popular,
que é uma “frente tática”, no estilo da “estratégia insurrecional”; eles
advogam a tão chamada “convergência democrática”, que é, uma aliança com seções
da pequena burguesia, burguesia nacional e ainda forças de oposição a vindas
das classes dominantes, com a visão de “reformas democráticas”, Em sua clara
concepção revisionista, eles aguem que a frente e a “convergência” poderiam
incluir personalidades burguesas opostas à “fascistização”. O PCC(ML) teve a
particular ideia de contradição principal e os alvos da revolução.
Quando eles falam da “fascistização do estado,” eles dizem
que os alvos a serem enfrentados são o militarismo e o fascismo; no estilo pró
soviético eles clamam que existem “personalidades democráticas” entre as
classes dominantes que não são “fascistas” e que se opõem ao “processo de
fascistização”.
Na base disso ao clamarem sobre “fascismo” na Colômbia,
concluem que há dois campos nesse país: os “fascistas e reacionários de um
lado; e de outro a classe operária, as massas do povo, juntas com as forças
democrático-revolucionárias.” (Suplemento para Liberación, órgão do EPL, 1987).
Esta é a contradição porque “este é precisamente o contexto onde
o movimento guerrilheiro, onde nós somos uma parte que está chamando para a
unidade do movimento democrático-revolucionário, então juntos isto aqui pode
parecer um movimento de convergência democrática, fechando a porta para o
processo de fascistização e militarismo e provendo uma solução política para a
situação deste país.”
Este solução política proposta pelo PCC(ML) é um plano, um
acordo negociado com as classes dominantes que dominam o reacionário estado
burocrático-latifundiário. Uma solução que inclui uma reforma constitucional,
um referendum, uma assembleia constituinte, em curtas, uma reforma no sistema
de governo e órgãos reacionários do poder político. Para obter todas estas
“maravilhas” eles chama para uma combinação de “todas as formas de luta”, com
movimento político sendo principal e a luta guerrilha como auxiliar. Aqui temos
seu sandinismo. A partir de um ponto de vista militar, eles chama para a
construção de um exército regular, dando ênfase para a técnica, treinamento
avançado em táticas e métodos, comandantes especializando-se em guerras móveis
e posicionais, bem como a criação de milícias e guardas civis locais. A questão
real não é treinamento “avançado” em táticas e métodos, “mas ao invés isto é
ligado a uma linha militar revisionista que urge para confiar em armas, técnica
e tecnologia como a principal coisa e não em confiar nas massas, e apesar deles
confiarem para certos pontos, eles não as mobilizam nem elevam sua consciência
política.
O programa da “Frente Popular” enfatiza plebiscitos,
referendos, e assembleia nacional constituinte como “mecanismos para fazer
possível as mudanças que este país necessita.” A luta anti-imperialista que
eles chamam para designar em “autodeterminação dos povos”, pela defesa da
“soberania nacional e recursos naturais.” A questão agrária que para eles é
secundária, é reduzida à “uma reforma agrária democrática” na base da
“expropriação pelo estado sem indenização.” Ultimamente, negociações e planos.
Eles querem usar a luta contra o imperialismo para melhor negociar com ele e
para negociar com os grandes proprietários de terras sobre a “expropriação” da
terra em suas mãos. O PCC(ML) representa os interesses da pequena burguesia
“radical”, e partir de um ponto de vista político basicamente tendente à para o
pró-sovietismo.
Os interesses da burguesia, especialmente da burguesia
nacional e da pequena burguesia, são expressos em linhas e programas que visam
resolver os problemas de uma nação oprimida a partir do seu ponto de vista de
classe. O tipo de sociedade que existe também propele diferentes forças sociais
para participarem na revolução, incluindo na luta armada, mas eles o fazem com
ideias limitadas e com pouca visão prezando o que deve ser um total, através, e
completa pela revolução de Nova Democracia. Este é o caso com o PCC(ML).
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