Publicado
no jornal A Classe Operária, nº 73, abril-maio de 1973.
Saudações aos Guerrilheiros do Araguaia
Aos
heróicos combatentes do Araguaia
Aos
moradores da região guerrilheira do sul do Pará
Com
alegria e entusiasmo enviamos-lhes nessas calorosas saudações pela passagem do
primeiro aniversário da luta empreendida na selva amazônica contra as
arbitrariedades e a prepotência dos militares que governam o país. Vocês
tomaram das armas em 12 de abril do ano passado para repelir o ataque
injustificado dos soldados da reação e defender os sagrados direitos do povo.
Essa data ficará gravada para sempre na história dos movimentos de rebeldia
popular no Brasil.
É
memorável acontecimento. Vocês não se atemorizaram ante o assalto do inimigo.
Embrenharam-se na mata e iniciaram o combate guerrilheiro que já dura doze
meses. Suportando corajosamente a aspereza de uma vida difícil, mostraram que é
possível resistir com êxito aos opressores. De fato, levaram a milhões de
camponeses, irmãos de sofrimento e amargura, uma mensagem de confiança em si
mesmos. Acenderam no coração dos brasileiros a chama da esperança, renovaram os
sentimentos de justiça social, de liberdade e de independência da Pátria que
amam os trabalhadores, os estudantes, a intelectualidade progressista.
Empunhado as armas para se opor à violência reacionária, indicaram o verdadeiro
caminho para libertar o Brasil da tirania, do atraso e da dominação
estrangeira. A resistência armada do Araguaia iniciou uma nova fase do
movimento democrático e patriótico.
Acostumados
a impor sua vontade à ferro e fogo, os militares retrógrados tudo fizeram para
esmagar as Forças Guerrilheiras do Araguaia. Considerando a resistência popular
um desafio inadmissível, apelaram para os recursos mais criminosos. Foram
impotentes, no entanto para liquidar os combatentes da selva e submeter os
valentes moradores do interior paraense, apesar da imensa superioridade em
homens e materiais que possuíam. Os generais, em pânico, proibiram a divulgação
de qualquer notícia a respeito das guerrilhas. Não querem que os pobres do
campo, os explorados e oprimidos de todo o país tomem conhecimento do que
fizeram e fazem os habitantes de S. João e Conceição do Araguaia. Ao mesmo
tempo, investem como feras contra os revolucionários das cidades. Assassinam
covardemente centenas de patriotas que se opõem à ditadura.
Os
comunistas nunca tiveram dúvida de que vocês seriam capazes de resistir com
sucesso. Quem luta por uma causa justa encontra sempre incalculáveis reservas
de energia, físicas e morais para prosseguir no combate. Os incrédulos pensavam
que o gesto de rebeldia seria apenas simbólico. Os pusilânimes condenavam a
ação conseqüente porque os atacantes eram poderosos. Nós estávamos convencidos
de que a luta revolucionária no interior seria inevitável, os brasileiros não
podem viver humilhados sob o tacão de generais fascistas nem assistir
impassíveis ao saque das riquezas nacionais e à feroz espoliação imperialista
de que o país é vítima. Seu descontentamento e ódio ao regime militar nunca foram
tão grandes. Imenso é o desejo das massas das cidades e do campo de derrubar os
opressores. Assim, é plenamente compreensível o surgimento e a sobrevivência,
bem como o fortalecimento, da ação armada do sul do Pará.
Sabemos
que o embate será árduo e prolongado. Para vencer, o povo precisa fazer
intensos esforços, antes de mais nada, unir suas fileiras. A união é a chave da
vitória. O Brasil é um grande país, onde se pode e se deve combater de
diferentes formas. Desde as greves, as manifestações de rua, os atos de
protesto nas escolas, a expulsão de grileiros e a defesa organizada da terra
até os choques violentos no campo. No entanto, a luta armada terá que ser a
forma principal. O exemplo dos combatentes do Araguaia vai chegando a toda a
parte. E há de vir o dia em que, nos mais diferentes rincões do Brasil, outros
núcleos guerrilheiros surgirão. Não há outro caminho para tornar realidade as
aspirações do povo.
Os
comunistas, que pugnam pela união dos patriotas para livrar o Brasil da
ditadura, o mais infame e reacionário regime que o país já teve, reafirmam sua
decisão de ajudar, por todos os meios, os bravos lutadores do sul do Pará.
Cumprirão seu dever revolucionário sem temer as ameaças e arremetidas fascistas
dos militares no poder.
Viva a
gloriosa e heróica resistência dos moradores e das Forças Guerrilheiras do
Araguaia!
Viva a
União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo!
Rio de Janeiro, abril de 1973
O Comitê Central do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL
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