O legado do Camarada Manoel Lisboa só se concretizará com o cumprimento das tarefas por ele defendidas! |
“6. Do ponto de vista tático o campo
é mais importante do que a cidade para os revolucionários, porque o aparelho de
repressão do inimigo é mais débil nas áreas rurais e tem dificuldades de nelas
penetrar. Nessas condições, observando o princípio de superioridade relativa de
concentrar contra o inimigo forças duas ou três vezes maiores em todas as ações
concretas, é possível através da guerra popular derrotar por partes os
“gorilas”. por isso a guerra popular também é prolongada. Prolongada por que no
inicio da luta o inimigo é taticamente forte e as forças populares são débeis.
Somente é a guerra que pode inverter os papeis tornando o inimigo débil e as
forças armadas populares fortes. Essa mudança acarreta o controle de amplas
zonas rurais pelas forças armadas populares dando em conseqüências o “cerco da
cidade pelo campo”, compreendendo cidade onde o inimigo é ainda taticamente
forte, pois ai localiza-se seus quartéis e bases. Nas atuais circunstâncias,
dentro de um ponto de vista regional as grandes cidades e capitais do Nordeste
são “cidade” enquanto que o resto é “campo”. De um ponto de vista nacional, a
área industrial de São Paulo, compreendendo as cidades satélites do ABC, Santos
e Rio de Janeiro formam o conjunto que podemos chamar de “cidade”, sendo o
restante “campo”.”
(Carta de 12 Pontos)
Muitas
são as forças políticas que se debatem cotidianamente para assumir a vanguarda
da luta popular e direcionar as massas do povo para uma mudança revolucionária.
Porém, esta dispersão e fragmentação provoca também confusão e desconfiança nos
espíritos mais débeis. A maioria realmente não sabe o que fazer. Acabam por
defender a esperança por dias melhores confiando no momento da “grande crise”.
Sabemos , pelo conhecimento da lei fundamental de desenvolvimento histórico do
capitalismo, que as crises virão. E muitas crises já existiram na história do
capitalismo. Muitas revoltas e rebeliões se sucedem ao longo da história.
Porém, em particular no Brasil, estas revoltas nunca se transformaram em uma
mudança revolucionária. O Brasil nunca passou por uma revolução
democrático-burguesa. A história recente do nosso país demonstra que os anseios
do povo sempre , de fato, foram apropriados por forças oposicionistas que
tentam promovê-los dentro dos marcos da institucionalidade burguesa. Uma
cultura de conformismo e de confiança no aparelho do Estado Burguês acabou se
desenvolvendo. A superação destes limites tornam-se cada vez mais difíceis, ao
mesmo tempo em que as lutas dentro dos marcos da legalidade burguesa tornam-se
cada vez mais obsoletas. Vivemos uma época de guerra comercial internacional. A
burguesia brasileira entra em contradição com o poder dos bancos e do capital
financeiro. Sufocada, já não pode ceder muito aos trabalhadores, e agora vem
investindo na tentativa de eliminar direitos trabalhistas já conquistados com a
finalidade de tornar-se mais competitiva ante o ataque do capital imperialista,
principalmente norte-americano. A luta sindical cada vez mais vem se
burocratizando e os avanços são mínimos, quando não praticamente nulos. Os
trabalhadores já não confiam nos sindicatos, e a expressa maioria mostra sérias
desconfianças face a sindicalização. As forças da esquerda ainda põem fé na
mudança pela via parlamentar. Porém, torna-se cada vez mais evidente que sem
alianças vergonhosas com os antigos poderes que dominam o Estado Burguês,
absolutamente nada é conquistado para os trabalhadores. Vivemos a esmolar
favores de nossos velhos usurpadores. A situação é desanimadora. Diante disto,
temos duas alternativas: analisar dialeticamente o capitalismo brasileiro,
entendendo seus pontos fracos e atuar sobre eles ou render-se aos interesses da
burocracia oportunista que hoje prega a desesperança, o ceticismo e políticas
de conciliação com os velhos inimigos.
A
segunda alternativa, se analisarmos os diversos exemplos no Brasil e no mundo,
tem demonstrado não ser um caminho adequado para preparar as forças de
vanguarda para assumir a liderança. Acostumados as mesmas práticas
institucionais, não são capazes de se reinventar e, mesmo em momentos de graves
crises, certamente não serão capazes de liderar qualquer movimento
insurrecional. O povo se revoltará e tomará as ruas, mas com uma vanguarda
despreparada e sem contar com um exército popular, cairá sob o fogo da reação e
sob concessões fraudulentas da classe dominante. É nesse momento, que devemos
resgatar com toda impetuosidade e ousadia, o legado revolucionário de um dos
maiores combatentes de nosso povo: Manoel Lisboa de Moura.
Em sua
Carta de 12 pontos, o camarada Lisboa adverte , dentre outras coisas, para o
espaço que de fato é o ponto nodal dos embates entre o povo e a burguesia: o
campo. Sua atualidade permanece impressionante. O Brasil é um país que, sem uma
revolução democrático-burguesa, vem ascendendo entre as economias capitalistas
com base na velha forma colonial: uma economia agro-exportadora baseada no
latifúndio, e na venda para o mercado externo de gêneros primários. Esta
situação permanece a mesma, e tem se agravado, na medida em que o capitalismo
nacional se torna cada vez mais dependente do agro-negócio. As forças de
esquerda, concentradas nas cidades, não conhecem a realidade do campo, onde é
diária (quase caindo na banalidade) a violência brutal contra os agricultores,
o desrespeito aos direitos humanos, a escravidão (literalmente) e a compra de
terras de pequenos produtores por latifundiários a preços irrisórios. O avanço
do latifúndio (sancionado pelos forças oportunistas hoje no poder) garante a
continuidade de um condição secular nas relações de propriedade que, no campo,
ainda não conheceu um avanço democrático em qualquer sentido. Cada vez mais
torna-se evidente, que não se pode resolver o problema da terra no país dentro
dos marcos da legalidade burguesa. O que quer dizer que os camponeses
constituem preciosa reserva para a concretização da política revolucionária em
nosso país. É preciso que acordemos para esta verdade, superando os velhos
debates e discussões bizantinas que constantemente entretém a intelectualidade
progressista brasileira. As condições para a revolução EXISTEM em nosso país,
no entanto, é preciso que a vanguarda consciente para os trabalhadores
DESPERTEM para estas condições, dissipando a névoa oportunista que cobre seus
olhos.
Sem a
concretização de uma aliança proletário-camponesa, não haverá qualquer
revolução em um país com as características do nosso. É preciso que a bandeira
reformista da Reforma Agrária, seja transformada na bandeira da Revolução
Agrária; é preciso que, de fato, os proletários liderem as massas camponesas, e
que uma política proletária surja no campo. É isto, companheiros, ou não será
NADA. Esta verdade, embora soe dura para ouvidos acostumados e conformados ao
status quo desta existência miserável, é a única verdade realmente libertadora.
Torna-se evidente a cada dia que passa. Companheiros proletários, nossa luta
deve é possível, assumamos nossa tarefa histórica, um fardo pesado, mas que é
nosso DEVER. REVOLUÇÃO AGRÁRIA JÁ! GUERRA
POPULAR PROLONGADA PELA ELIMINAÇÃO DO LATIFÚNDIO SEM INDENIZAÇÃO!
NOSSO
MAIOR INIMIGO ESTÁ DENTRO DE NÓS: CHAMA-SE MEDO.
Quebremos nossos grilhões! Façamos o que a nós nos diz respeito! Despertemos! |
Camarada,
ResponderExcluirApós um terrível atraso finalmente consegui responder teu e-mail. Perdao pela demora.
Saudacoes Vermelhas.