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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Os ensinamentos do pensamento Gonzalo



O que é o pensamento Gonzalo? O que o constitui? Muitos camaradas interessados na guerra popular e em temas tocantes ao maoísmo e à revolução proletária nos dias atuais nos perguntam isso. Pois bem, o Partido Comunista do Peru, forjado no marxismo-leninismo-maoísmo pensamento Gonzalo ao longo de muitos anos, especialmente após o ILA-80, lançou diversos artigos sintetizando sua linha de ideologia e ação tomando sempre como base o marxismo-leninismo-maoísmo (antigamente pensamento Mao Tsé-tung). Porém, este interessantíssimo artigo publicado pelo Partido Comunista Marxista-Leninista-Maoísta da França nos expõe de maneira simples e curta os pontos chave da luz guiadora da revolução peruana, que convida a todas as organizações revolucionárias do mundo a desenvolverem seu próprio pensamento. O seguinte artigo, datado do ano de 2012 foi retirado do blog espanhol "Odio de Classe", na época em que ainda estavam sob a toda poderosa luz ideológica do maoísmo. Aproveitem o texto. ESTUDE, APLIQUE, DIVULGUE.


1. Gonzalo e o otimismo revolucionário

Quando uma classe se move na direção da tomada do poder, é necessário construir fortes possibilidades em todos os campos, e por e claro que está mais certo do que nunca no curso da classe operária, deve ter um sistema todo poderoso cultural e ideológico, o que permita compreender todos os aspectos da sociedade para revolucioná-la.

Gonzalo jogou um papel histórico ao permitir entender isto. Enfatizou que os revolucionários devem defender o otimismo absoluto, no documento “ILA-80” que explica o início da luta armada no Peru em 1980. Ele explica:

“Necessitamos de um grande otimismo e há uma razão para isto. Somos os criadores da manhã, somos guias, a guarnição do triunfo invencível da classe. É por isso que somos otimistas.

Estamos entusiasmados por natureza. Estamos alimentados pela ideologia da classe: o marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé-tung. Vivemos a vida da classe. Participamos em seus feitos históricos. O sangue de nosso povo arde e ferve em nós.

Somos sangue poderoso e palpitante. Tomemos esse ferro e aço indobrável que é a classe e agreguemos-lhes a luz imutável do marxismo-leninismo-pensamento Mao Tsé-tung”.

2. Cada classe revolucionária chama para a luta épica

Quando a revolução burguesa francesa se estendeu no final do século XVIII, houve a necessidade histórica de uma mobilização épica das massas. A burguesia mergulhou no passado, em busca de algo que poderia aparecer tão próximo o possível de suas necessidades e levou o poderia ser um desenho para galvanizar a luta: a república romana.

Napoleão, passando da figura de um general romano à um César imperial, era o brinquedo de um processo histórico que liderou mudanças internacionais que a burguesia francesa necessitava para se desenvolver plenamente na conquista do poder.

Karl Marx e Friedrich Engels explicaram esta questão ideológica, a eliminação das névoas ideológicas e pretensões burguesas de fazer a última e total revolução. Porém não integram esta questão ideológico-cultural no socialismo científico, porque neste momento não havia nova democracia/revolução socialista no mundo.

3. Pensamentos como expressão do movimento da matéria


Com a revolução socialista na Rússia em outubro de 1917 e a revolução chinesa de nova democracia na China triunfando em 1949, o materialismo dialético formulou cientificamente a questão da vanguarda, do partido revolucionário.

A ideologia revolucionária dirige o processo revolucionário; no próprio partido revolucionário, lutas entre duas linhas surgem no processo: a vida do Partido Comunista obedece também às normas do desenvolvimento dialético.

A ideologia revolucionária dirige o processo revolucionário; no próprio partido revolucionário, lutas entre duas linhas surgem no processo; a vida do Partido Comunista  obedece também às normas do desenvolvimento dialético.

E também fazem os pensamentos, já que são o reflexo do mundo, da matéria em movimento dialético, na dimensão do mesmo universo.

No documento “A vida, da matéria, o universo, parte 7: O que é um pensamento?” Promovido pelo PCMLM [França], se explica:

“O pensamento consiste em movimentos moleculares e químicos do cérebro, movimentos que são a matéria e que são conseqüência do movimento da matéria fora do corpo – o movimento exterior se percebe.

Neste movimento de percepção, a matéria cinza se desenvolve – se trata da compreensão sintética do movimento dialético da matéria. “Então, se volta abertamente uma expressão da matéria em movimento”.

4. Individuos não pensam

No século XIII, a reação francesa teve que lutar contra as teses materialistas na Universidade de Paris. Estas teses foram conclusões lógicas do pensamento de Averroes (1126-1198), o grande pensador da Falsafa, a filosofia árabe-persa.

A igreja proibiu 13 teses em 1270, e entre elas: “A proposta: ‘homem pensa’ é falso ou incorreto”,”O livre arbítrio é uma potência passiva, não ativa, que é impulsionado pela necessidade do desejo”, “Vontade humana quer e elege por necessidade”, “Não houve nunca um primeiro homem”, “O mundo é eterno”, “Há um só intelecto numericamente idêntico para todos os homens”.

Estas teses são corretas e são uma expressão de materialismo.

Quando se fala de um pensamento, não se fala sobre o pensamento individual, incluindo se um indivíduo o expressar. As pessoas não pensam. A humanidade é matéria em movimento, o pensamento não é mais do que um reflexo do movimento. Não pode haver pensamento individual, o que os indivíduos pensam é a expressão de desejo e necessidade.

5. Pensamento como arma cultural-ideológica para a revolução em cada país

Gonzalo não só chama ao otimismo revolucionário porque havia a necessidade de lutas épicas. Isto seria subjetivo e não se ajusta à ideologia comunista, que tende ir ao futuro e não ao passado.



Assim, ao longo da convocatória de entusiasmo, formulou a  ideia de que em cada país se desenvolve um pensamento revolucionário, sintetizando a sociedade, e afirmando a forma correta de resolver as contradições sociais.

História em movimento produz entusiasmo e a correta compreensão da realidade no pensamento das massas, da vanguarda, da direção revolucionária.

No documento “O pensamento Gonzalo” do Partido Comunista do Peru, se explica:

“As revoluções dão lugar a um pensamento que as guia, que é resultado da aplicação da verdade universal da ideologia do proletariado internacional nas condições concretas de cada revolução, um pensamento guia indispensável para alcançar a vitória e conquistar o poder político e por outra parte, para continuar a revolução e manter o rumo sempre até a única meta, grande: o comunismo”.

6. Pensamento como síntese de uma sociedade

Cada sociedade nacional tem contradições, que o pensamento comunista analisa, produzindo a síntese revolucionária que consiste no programa revolucionário e os métodos para realizá-lo.

Na Rússia, e China, Lenin e Mao Tsé-tung conheciam não só a situação política, como também, precisamente, a situação econômica e os aspectos culturais-ideológicos. Eles frequentemente citam obras literárias e fazem referência a sua própria cultura, da situação cultural-ideológica das massas (por exemplo, a relação de autoridade no campo, a aparição ou não do capitalismo no campo, etc.)

Em muitos outros casos, os líderes revolucionários produziram um pensamento, uma síntese de sua própria realidade.

No Peru, José Carlos Mariatégui escreveu em 1928 uma análise completa da história do seu país: “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”, que explica a história do processo de colonização, a situação das zonas rurais, dos índios quéchuas, etc.

Na Itália, Antônio Gramsci um dos fundadores do Partido Comunista em 1926, estudou da mesma forma a cultura e a história do seu país, a compreensão da natureza do estado italiano e a contradição história entre o norte e o sul (mezzogiorno) do país.

Alfred Klahr foi o primeiro teórico para explicar que seu país a Áustria era uma nção (“Sobre a questão nacional na Áustria”, 1937) e como o nazismo alemão não só estava sob o controle do capital imperialista, como também dos Junkers.

Ibrahim Kaypakkaya, nascido em 1949 e assassinado pelo estado turco em 1973, realizou um estudo exaustivo da “revolução” feita por Mustafá Kemal e a ideologia kemalista, descobrindo o caminho para uma compreensão correta da natureza econômica, política e cultural ideológica da Turquia.

Ulrike Meinhof estudou a natureza da dependência da Alemanha Ocidental, que estava sob o controle dos Estados Unidos; vendo o processo de recuperação econômica depois de 1945, propôs uma estratégia de longo prazo de Guerra Popular baseada nos elementos mais pobres da juventude e a luta contra a presença imperialista dos Estados Unidos. Foi assassinada no cárcere em 1976.

Outro grande revolucionário que produziu um pensamento foi Siraj Sikder, no leste de Bengala. Nascido em 1944, compreendeu tanto o expansionismo paquistanês como o indiano propondo o caminho da revolução agrária para obter a indepdência nacional. Foi assassinado na prisão em 1975.



7. Guerra popular como produto do pensamento

Depois da lição dialética materialista de Gonzalo, os comunistas tem em cada país a tarefa de  produzir uma síntese de sua própria situação nacional, pois as contradições revolucionárias vão se resolver neste marco.

A Guerra Popular não é um “método” ou um estilo de trabalho, é a reprodução material do pensamento, quer dizer, o confronto revolucionário com o velho Estado e as classes dominantes reacionárias, de acordo com uma estratégia baseada no pensamento, na síntese revolucionária que se fez no estudo prático de um país.



Quando o pensamento revolucionário genuíno se reproduz, busca-se o confronto com a antiga sociedade, em todos os níveis. A Guerra Popular não significa somente a luta armada, mas também a negação cultural-ideológica dos valores da velha sociedade.

Se os revolucionários não tem o nível para dirigir a luta em todos os campos, não serão capazes de fazer triunfar a revolução e lutar contra os intentos de restauração da velha sociedade.

Esta compreensão é a consequência direta dos ensinamentos de Mao Tsé-tung acerca da cultura e da ideologia e da Grande Revolução Cultural Proletária.

8. "Principalmente aplicar"

Gonzalo considera que nossa ideologia não era apenas o marxismo-leninismo-maoísmo, mas o marxismo-leninismo-maoísmo, principalmente maoísmo. Queria mostrar que nossa ideologia é uma síntese e não um conjunto de ensinamentos.

Da mesma maneira, considerou que em cada país, a ideologia era o marxismo-leninismo-maoísmo e o pensamento, principalmente o pensamento (por exemplo no Peru: o marxismo-leninismo-maoísmo  pensamento Gonzalo, principalmente pensamento Gonzalo).



A razão disso era que o pensamento significa a síntese em uma situação concreta, com sua aplicação. Da mesma maneira, um princípio é o de “desenvolver, defender e aplicar, principalmente aplicar”.

O “pensamento” é genuíno e correto, somente se significar um confronto real em todos os aspectos da velha sociedade, o aspecto prático de estar na vanguarda.

9. Pensamento e Guerra Popular não são conceitos independentes

Durante os anos 1990-2000, o Movimento Popular Peru (MPP), organismo gerado pelo Partido Comunista do Peru para o trabalho no estrangeiro, encabeçou um importante trabalho para promover o marxismo-leninismo-maoísmo.

Por desgraça, ao passar para os aspectos práticos nacionais, o MPP apenas chamou para seguir o exemplo do Peru e nunca foi capaz de ajudar aos comunistas para produzir uma síntese de sua própria situação.

O MPP nunca convidou a estudar as realidades nacionais, e em vez disso promoveu um cosmopolitanismo que consiste na reprodução de um estilo de trabalho de uma maneira estereotipada. Ao invés de acompanhar autênticas forças revolucionárias ao marxismo-leninismo-maoísmo, o MPP foi o ponto de apoio dos centristas, já que se reconhecem o maoísmo em palavras.

Este é um exemplo da má interpretação do aspecto principal. O que conta é não assumir a Guerra Popular de maneira abstrata, senão a Guerra Popular baseada no pensamento. O revisionismo no Nepal é um bom exemplo: apesar de assumir a “Guerra Popular”, no que se chama o “caminho Prachanda”, nunca teve um alto nível cultural-ideológico, tanto é que já figuravam numerosos erros sobre os princípios básicos do materialismo dialético.

10. Nosso horizonte: produzir pensamentos e rechaçar o fascismo

 Nosso horizonte é o seguinte: em cada país, um pensamento comunista deve ser produzido, síntese da sociedade, mostrando a forma de resolver as contradições. Os comunistas não podem fazer uma revolução em seu próprio país sem ter um alto nível nos campo cultural-ideológico.

As massas vivem em uma cultura cheia de música, cinema, literatura; os ensinamentos da Grande Revolução Cultural Proletária nos recorda a importância da luta neste campo. Os comunistas do mundo devem intercambiar suas experiências e seus conhecimentos; em muitos campos, possuem as mesmas lutas para liderar.


Se os comunistas não forem capazes de fazer isto, as classes dominantes reacionárias produzirão uma ideologia desenho no passado para “regenerar” a sociedade, um falso “socialismo”, que é o fascismo.

Cada pensamento é de importância histórica; é a base da Guerra Popular. Cada pensamento permite iniciar a Guerra popular, que destrói o velho estado, e quando este processo se generaliza, se converte em Guerra Popular mundial. O pensamento se converte então na síntese da sociedade mundial que emerge dos escombros do imperialismo, descobrindo o caminho para a construção de uma sociedade comunista mundial.


Partido Comunista Marxista-Leninista-Maoísta (França).

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