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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

De Kruschev a Putin


Muitos camaradas estão agora iludidos com Putin e a posição da Rússia no cenário mundial. Surgem muitos odes à Vladmir Putin e à “Nova Rússia” por bater de frente com o imperialismo inglês e norte-americano. Seria Putin um antiimperialista ou um estaria ele reerguendo a Rússia como potência imperialista?

A história parece repetir-se como nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, em que fatores como a tensão entre os países da Entente e da Tríplice Aliança, a ausência de um país baluarte da revolução proletária mundial, e a forte influência da social-democracia fez com que muitos camaradas e organizações políticas de esquerda se posicionassem para alguma das alianças imperialistas.

E hoje isto se repete e sempre repetirá ainda que com “outra roupagem”, enquanto houver imperialismo. Vemos a Rússia voltando a afrontar o imperialismo estadunidense como nos anos 60, fomentando grupos pseudo-revolucionários ou pseudo-socialistas  para servirem apenas aos interesses do Kremlim, igual aos golpes militares financiados pelos soviéticos na Ásia e na África como meio de combater o “radicalismo chinês”, ou melhor a luta popular de libertação nacional sob a luz do marxismo-leninismo-maoísmo,  nos anos 60 e 70.

Tomando como bandeira vermelha marxista-leninista-maoísta da luta contra o revisionismo moderno, pode-se concluir que nem a URSS após o XX Congresso do PCUS realizado em 1956, e nem a Federação Russa da atualidade defendem a revolução proletária mundial, mas apenas grupos que possam ser influenciados pela competição da Rússia no campo imperialista.

Há quem diga que o apoio da Rússia aos separatistas da região de Donetsk e a possibilidade de uma invasãorussa na Ucrânia liderada pelos fascistas seja um avanço na luta de classes, na luta pelo Novo Poder, o que não passa de uma ilusão de caráter pequeno-burguês.  Isto é um claro sinal da falta de compreensão do marxismo-leninismo-maoísmo, e até mesmo do marxismo-leninismo em seu estágio inicial. Infelizmente tem muita gente que ”se alimenta do marxismo”, mas não o digere, vomita em forma de apoio a repúblicas burguesas, a regimes fundamentalistas, e a qualquer um que desperte medo nos norte-americanos e na União Européia.

Para quem possui o mínimo de compreensão no marxismo-leninismo-maoísmo, entende que a mudança de governo na Ucrânia (um suposto governo democrático para um governo proto fascista) é mera consequência da mudança de sistema, indo do revisionismo kruschovista ao desmantelamento completo da URSS em 1991 até culminar com o atual governo ucraniano.

A Rússia atual como nos tempos a URSS kruschovista tenta consertar os problemas nos países que estão alinhados aos seus interesses, como em 1956 na invasão da Hungria, em 1968 na invasão da Tchecoslováquia e em 1979 na invasão ao Afeganistão, aliás, as invasões de 1956 e 1968 foram condenas pelos partidos comunistas de todo o mundo que não haviam aderido ao revisionismo kruschovista. Qualquer semelhança com o social-imperialismo não é mera coincidência.

Putin nos tempos da KGB
Fora o fato de Vladmir Putin estar na ponta de lança da Rússia aspirante a imperialista, o presidente russo possui um “belo currículo”  de serviços prestados aos piores governos da URSS e da Federação Russa. Como por exemplo, ter atuado na KGB entre 1975 e 1991, principalmente nos anos 70 e 80, quando a KGB fazia operações contra dissidentes maoístas em toda a URSS. Dá para citar também o fato de Putin ter sido funcionário do governo de Boris Ieltsin, e numa época não muito distante, ter sido primeiro ministro do governo de Dmitri Medevedev.

De 2007 a 2012 o presidente Medevedev deu total apoio e prometeu  levar adiante uma nova onda de “desestalinização”, gastando o dinheiro pública com livros e propagandas anti-Stalin, comprando repórteres para contar mentiras inventadas pelos nazistas e trotskistas acerca do timoneiro Stalin.

É claro que Putin poderia ter ficado fora disto atendo-se somente às suas funções de primeiro ministro do governo de Medevedev, mas ele também mostrou ser um belo anticomunista como todo político democrático-burguês. Dá para citar como exemplo uma de suas viagens à Polônia ele se lamentou pela suposta responsabilidade da URSS no “massacre de Katyn”. Qualquer pessoa bem informada entende que o Massacre de Katyn foi perpetrado pelos nazistas durante a segunda guerra, porém, como parte de uma propaganda anticomunista iniciada pelo ministro da propaganda nazista Joseph Goebbles, a execução de milhares de oficiais poloneses foi atribuída ao exército vermelho. E essa mentira ganhou novo fôlego durante a guerra fria e nos últimos anos como tentativa de frear a luta das massas no leste europeu e sua defesa do legado de Stalin.

Em uma entrevista ainda na época de primeiro-ministro, Putin comparou Stalin como Oliver Cromwell, e falou da Rússia tendo seu ”destino prejudicado pelo totalitarismo”.

Mas o papel desempenhado por Putin na luta de libertação dos povos? Nenhum que seja positivo, aliás, vemos o contrário, a velha disputa entre gigantes com sistemas moribundos utilizando países menores como ringue de luta.

Como se sabe, uma revolução bem sucedida não necessita de respaldo de qualquer potência imperialista e nem deve. O sucesso da guerra popular está nas massas, conforme Mao Tsé-tung nos ensina “Se temos as massas, temos tudo”. A revolução russa de 1917, primeira experiência bem-sucedida da tomada de poder pelo proletariado nos deixa isto bem claro, pois não tiveram apoio de qualquer potência, pelo contrário, foram hostilizados pelas potências imperialistas e seus capangas. O apoio internacional dado aos revolucionários liderados pelo Partido Bolchevique, foi o apoio de algumas organizações proletárias.



E foi com o apio e a força da união operário-camponesa que a Rússia e as demais repúblicas socialistas soviéticas enfrentaram as potências no pós-Grande Guerra e unificaram-se formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas que por quase trinta anos serviu de país baluarte da revolução proletária em nível mundial. Portanto, as forças revolucionárias populares na necessitam de qualquer apadrinhamento por parte de qualquer governo capitalista ou qualquer outro governo, necessitam das poderosa muralha que é as massas de operários, camponeses e de diversas camadas inferiores.


Quanto aos imperialistas nada devemos temer, pois são TIGRES DE PAPEL

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